Sabemos quanto esta mensagem acaba
por ser recorrente, ao longo da história, embora com tónicas distintas. A
novidade, na nossa época, reside na relevância reconhecida ao grupo, quando
antes se tendia a atribuir o mérito maior à chefia, considerada decisiva para a
convocação individual e subsequente orquestração dos contributos pessoais.
Seria, por isso, a grande força geradora de um colectivo devidamente articulado
e capaz dos maiores feitos. Aliás, é dos talentos mais exaltados no Santo
Condestável ou no grande Vice-Rei da Índia – D.Afonso de Albuquerque, ou no
Príncipe Perfeito – D.João II, tudo figuras ímpares. Ninguém duvida de que
fizeram a diferença.
Ainda assim, em quantos episódios do
passado não ficou ofuscado o papel crucial dos chefiados? A Segunda Guerra, situada num passado mais recente e
muitíssimo documentado, é pródiga em exemplos destes, logo a começar pela
resistência intrépida do povo russo, assim como na combatividade dos japoneses,
na eficiência bélica dos alemães, ou na coragem e no ânimo da Grã-Bretanha, de
que Churchill e a Rainha Mãe(1) foram apenas as faces visíveis.
Aproximando-se da mentalidade actual,
a Microsoft lançou um spot sugestivo, a mostrar enorme respeito pelos seus
colaboradores e oferecendo-lhes um ambiente de fácil entendimento e
complementariedade, numa ousada proposta de felicidade: «Happy is a finely tuned business». Sim, há um líder, sob a forma de
maestro, porque tudo é musical e incrivelmente agradável. Mas cabe-lhe, acima
de tudo, gerir os talentos insubstituíveis dos trabalhadores.
Significativamente, são os utensílios do coffee-break os instrumentos da banda
Microsoft, que se diverte num open space paradisíaco. Dão-nos a ideia de que
profissionalismo e realização pessoal são duas faces da mesma moeda, muito para
lá da mera satisfação do chefe. A empregada, que passa no corredor, confirma a
qualidade de uma actuação maravilhosamente sincronizada. Percebe-se que todos
saboreiam o gozo de funcionarem primorosamente,
em conjunto:
Num sentido diverso, sem apelos indirectos à produtividade laboral (seja no mundo empresarial, seja para fins militares), um par de curta-metragens belgas pretende convencer os cidadãos a preferir os transportes públicos. A persuasão baseia-se nos benefícios do grupo, em detrimento de quem actua isoladamente, ainda que parta de uma situação de vantagem explícita. Uma reflexão muito útil para contrapor a onda de individualismo que grassa no ocidente rico. A expressividade e o humor destes desenhos animados falam por si, sob o slogan: «It’s smarter to travel in groups».
3 Trailers diferentes:
Curiosamente,
nem sempre o que é smarter é o mais
apetecível. Além disso, há fases e circunstâncias bem díspares, ao longo da vida,
havendo uma hora para privilegiar o grupo, outra para seguir um trilho pessoal,
a sós. Importa, assim, discernir os diferentes tempos e, na hora de sermos
muitos, garantir a boa sincronia. Nada óbvio, embora o resultado parece
compensar o esforço, sobretudo se for a opção que nos leva mais longe.
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2
semanas)
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(1) Significativamente, Hitler considerava-a a mulher mais perigosa da Europa,
pela sua imperturbável bravura nas visitas aos escombros deixados pelas bombas
da Luftwaffe, no acompanhamento regular às vítimas da guerra, no apoio ao
Primeiro-Ministro em todas as mensagens de ânimo dirigidas aos militares nas
frentes de batalha, além da recusa liminar para deixar Londres, apesar dos
ataques contínuos com as temíveis “bombas voadoras” (V- flying bombs) alemãs.
Que post mais criativo, combinando texto, imagem, humor, História, personalidades, desenhos animados, solidão, grupos, discernimento... well done, MZ. Bjs. pcp
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