“Quando não quero que falem comigo digo que sou escorpião”
O sol entrou
em Escorpião a 23 de Outubro e aí permanecerá até 22 de Novembro. É um dos meus
signos favoritos, e estou contra corrente nesta escolha, porque a maior parte
das pessoas tem uma reacção de retraimento, de desconfiança, de cautela, ao
ouvir falar dos nativos de Escorpião.
A palavra evoca
imagens do animal propriamente dito, feio, negro, escondido debaixo das pedras,
movimentando-se sub-repticiamente e cuja mordidela é perigosa ou mortal. Essas
imagens constroem o estereótipo do signo de Escorpião, e são tão fortes que
mesmo os astrólogos, que deviam saber a diferença entre arquétipo e estereótipo,
reagem dessa maneira. Digo isto porque já testei. Nas conferências astrológicas
é costume escrever no “badge”, além do nome, os signos do Sol e da Lua. Eu
tenho uma dupla dose de Gémeos, o mais comunicativo do Zodíaco, e astrólogos desconhecidos
dirigem-se naturalmente a mim para trocar impressões. Um dia experimentei mudar
de signo para o Escorpião. Ninguém sorriu, ninguém me dirigiu a palavra. Assim, quando quero que me deixem em paz, afirmo-me como Escorpião.
Mas essa
imagem do animal predatório faz parte do arquétipo ou não? Quando falo de arquétipo
refiro-me não só às pessoas que têm o Sol e/ou vários planetas em Escorpião,
como às que têm o planeta regente Plutão em posição de destaque ou uma casa 8 repleta.
No campo da
literatura, a resposta é sim. Mary Shelley, criadora de Frankenstein, tem Plutão
em destaque no meio do céu, Bram Stoker escreveu “Drácula”, tendo o Sol e Lua em Escorpião, e Anne
Rice, autora das “Vampire Chronicles” tem Vénus e Mercúrio nesse signo.
O significado astrológico
de Escorpião não se limita à noção de monstro. TRANSFORMACAO é a palavra-chave,
isto é, em termos metafóricos, o ciclo da morte e ressurreição. Psicologicamente
só acontece quando confrontamos e integramos o nosso monstro pessoal, o que sucede
normalmente em tempos de crise. Para
muitos que já passaram por épocas assim sabem que é como descer aos infernos.
Plutão na mitologia grega era Hades, senhor das trevas e do mundo subterrâneo,
dono de tudo o que está escondido.
Depois da transformação,
tal como a fénix que renasce das cinzas, tornamo-nos mais íntegros, mais autênticos, e ganhamos força. Podemos voar mais alto não estando presos por inibições, complexos,
medos; deitámos fora o que já não serve. O poder da regeneração permite-nos ter
outra visão do mundo e de nos próprios. Por isso, antigamente, a constelação de escorpião
era representada por uma águia, animal com uma visão aguda e mais alargada.
O símbolo da águia
aparece noutros contextos. Na carta “Le Monde” do Tarot estão representados os
quatros signos fixos do zodíaco: Touro, Leão, Aquário e Escorpião como águia. Na
catedral de Orvieto em Itália estes quatro símbolos estão presentes na fachada
frontal.
Escorpião é um
signo fixo e, como tal, pretende impor a sua vontade aos outros o que lhe dá uma reputação
de manipulador e controlador. Por outro lado têm uma persistência e lealdade a
toda a prova e estão no seu melhor quando conseguem transformar a vida dos
outros.
Escorpião é um signo de água e, portanto, ligado ao mundo das emoções. É muito mais intenso do que os outros signos de água Caranguejo e Peixes. As emoções mais intensas da nossa vida estão ligadas a processos de morte e renascimento, de crise e de paixão, e todas estas situações caiem dentro do arquétipo escorpionico. Incluo também o erotismo e sexo; de uma forma positiva temos o sexo orgásmico, a fantástica união entre duas pessoas que se amam intensamente (não é por acaso que se diz “fazer amor”) mas, numa expressão negativa, temos a pornografia e as perversões.
O cinema adora este arquétipo, sobretudo no género “Atracção Fatal”, mas o personagem escorpionico mais famoso não tem nada a ver com sexo. Darth Vader, do Star Wars, inicia a sua vida como Jedi, mas entregou-se ao mundo das trevas por não ter sido capaz de integrar desgostos e perdas. Tornou-se péssimo mas, no fim da vida, dá-se uma transformação, ao sacrificar-se pelo seu filho Luke Skywalker. Antes de morrer renasce como Anakin, o Jedi bom, e retira a sua mascara.
Mas a melhor forma de intuir as características de Escorpião é através da música. Aqui ficam três sugestões:
O final dramático da ópera “Tristão e Isolda” de Wagner “Liebestod” (AmorMorte).
Escorpião é um signo de água e, portanto, ligado ao mundo das emoções. É muito mais intenso do que os outros signos de água Caranguejo e Peixes. As emoções mais intensas da nossa vida estão ligadas a processos de morte e renascimento, de crise e de paixão, e todas estas situações caiem dentro do arquétipo escorpionico. Incluo também o erotismo e sexo; de uma forma positiva temos o sexo orgásmico, a fantástica união entre duas pessoas que se amam intensamente (não é por acaso que se diz “fazer amor”) mas, numa expressão negativa, temos a pornografia e as perversões.
O cinema adora este arquétipo, sobretudo no género “Atracção Fatal”, mas o personagem escorpionico mais famoso não tem nada a ver com sexo. Darth Vader, do Star Wars, inicia a sua vida como Jedi, mas entregou-se ao mundo das trevas por não ter sido capaz de integrar desgostos e perdas. Tornou-se péssimo mas, no fim da vida, dá-se uma transformação, ao sacrificar-se pelo seu filho Luke Skywalker. Antes de morrer renasce como Anakin, o Jedi bom, e retira a sua mascara.
Mas a melhor forma de intuir as características de Escorpião é através da música. Aqui ficam três sugestões:
O final dramático da ópera “Tristão e Isolda” de Wagner “Liebestod” (AmorMorte).
O ballet Romeu e Julieta, de Prokofiev, que retrata os Montagues e os Capuletos num confronto implacavelmente negro antevendo o drama que todos conhecemos.
“El amor brujo”, de Manuel de Falla, onde sedução, perigo, mistério se confundem.
Luiza Azancot
Bom dia LA
ResponderEliminarBelíssima explicação. Tenho alguns na família directa e, engraçado por razões que só tu entenderás, fiquei mais sossegada.
Quem é o próximo?
Mas que texto mais interessante e completo. Espectacularmente bem escrito e dissecado. pcp
ResponderEliminarhihiihhii intimamente vaidosa por ser do signo Escorpião, mesmo quando outros me dizem com olhar horrorizado: "que horror!!! és escorpiona !"
ResponderEliminarObrigada Luisa, por esta excelente explicação do meu "inner self".
Maf