03 dezembro 2012

Vai um gin do Peter’s?

Como aperitivo de um próximo gin sobre a exposição de pintura na Gulbenkian, dedicada aos oceanos (As Idades do Mar), dois filmes bem diferentes correspondem ao elo vital que os portugueses mantêm com o azul do Atlântico, que banha a sua costa. Não por acaso, o tema da Expo’98 (Lisboa) foi a água em todas as versões, da paisagem marítima aos recursos hídricos, em geral. Lançou-se assim um diálogo internacional para explorar uma temática que nos é tão familiar e querida e, simultaneamente, universal, embora marcada por experiências bem diversas, conforme a geografia específica de cada um dos variadíssimos países participantes.

Como desabafava Sophia de Mello Breyner Andresen:
«Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez. (…)»

Ainda outro poema lindo de Sophia, a confirmar quanto o mar marca o horizonte interior da portugalidade:
«Quando eu morrer, voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto ao mar


O HUMOR DA ARISTON(1)      

Através do olhar espantado e espantoso de uma criança – numa idade onde quase tudo está ainda por estrear e quase tudo fascina – partilhamos a aventura sugerida pelos movimentos intensos que o óculo da máquina de lavar vai desvendando:



VIAGEM A OUTRO PLANETA, NAS PROFUNDEZAS DA TERRA

Se há experiência que se assemelha a uma viagem a outro planeta é a descida ao mundo subaquático, povoado por uma fauna e uma flora diferentes das terrestres, como uma variante Avatar.

Toda a beleza inebriante e tão escondida daquele universo amplia a impressão de estranheza da presença humana num habitat que não lhe pertence. Ali vagueia com a dificuldade e as enormes limitações de um ser alheio àquele espaço. Só à custa de equipamento especialíssimo pode penetrá-lo, reconhecendo-se diminuído e até desarmado em termos de percepção natural. Os cinco sentidos ficam notoriamente afectados, embora a visão e o tacto em menor grau.    

Claro que a viagem virtual aqui postada não consegue transmitir em pleno esta sensação inédita que o scuba diving ou o simples snorkling proporcionam. Ainda assim, a riqueza de cor e de formas que pululam nos fundos marinhos dos  recifes do hemisfério Sul deixam antever, ao de leve, o alcance maior da descoberta de um mundo incrivelmente desconhecido, no seio da terra. Como é possível haver uma paisagem longínqua aqui tão perto(2):


Talvez resulte numa combinação inusitada fazer mergulho, nesta altura do ano… embora só no ecrã, junto a um aquecedor ou a uma lareira, enquanto lá fora caem bátegas de água pesadas. Mas nada como um mergulho para depois saborear melhor um duche quente e o aconchego das casas aquecidas, ou ganhar balanço para continuar a explorar o mar nas telas lindas das salas de exposição da Gulbenkian, iluminadas num lusco-fusco onde só os quadros merecem holofotes. Fica para outro gin…

Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

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(1) Filme publicitário premiado em Cannes.
(2) Filmado no Dakuwaqa’s Garden – recife das ilhas Fiji, realizado por Nick Hope.

2 comentários:

  1. Como bem sabes, se há coisa que abomino é scuba diving, snorkling, etc. Demasiada estranheza para meu gosto. Mas gosto imenso de ver tudo isso na televisão, bem sequinha e confortável no meu sofá. Todo o teu texto me fez pensar em azul ... como é óbvio, claro. Mas parece que a cor azul saiu do écran e invadiu o espaço à minha volta... o que foi óptimo! Bjs. pcp

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  2. Lovely video, nice music. I tried scuba diving one day in Australia, on a terrible grey day with rough seas. I haven't yet tried again! Thanks, PO

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