A Igreja Católica assinala hoje a memória de S. Francisco de Sales, bispo
e doutor da Igreja de origem francesa, patrono dos jornalistas, autores,
escritores e surdos-mudos. Curiosamente - até porque não me lembrava da efeméride - hoje era o dia que escolhera para ler, pela última vez, o meu ensaio para a pós-graduação, ao qual dera o título de A Santidade, ou a Perfeição das Vidas Quotidianas. Li o texto abaixo e voltei a acreditar no filósofo que falava das coincidências significativas...
JdB
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Na criação Deus ordenou
às plantas que produzissem os seus frutos, cada qual segundo a sua espécie; do
mesmo modo ordena Ele aos cristãos, que são as plantas vivas da sua Igreja, que
produzam frutos de devoção, cada qual segundo a sua qualidade, o seu estado e a
sua vocação.
A devoção deve ser
exercida de maneira diferente pelo fidalgo e pelo operário, pelo criado e pelo
príncipe, pela viúva, a solteira ou a mulher casada; e não somente isto: é
necessário acomodar o exercício da devoção às forças, aos trabalhos e aos
deveres de cada pessoa em particular.
Pergunto-vos, Filoteu,
se estaria certo que um bispo quisesse viver na solidão como os Cartuxos; que
os casados não quisessem amealhar mais que os Capuchinhos; que o operário
passasse o dia na Igreja como o religioso; e que o religioso estivesse sempre
sujeito a toda a espécie de encontros para serviço do próximo como o bispo. Não
seria ridícula, desordenada e inadmissível tal devoção?
Contudo este erro
acontece frequentemente. E no entanto, Filoteu, a devoção não prejudica ninguém
quando é verdadeira, antes tudo aperfeiçoa e consuma; e quando se torna
contrária à legítima ocupação de alguém, é sem dúvida falsa.
A abelha extrai o mel
das flores sem lhes fazer mal, deixando-as intactas e frescas como as
encontrou; todavia, a verdadeira devoção age melhor ainda, porque não somente
não prejudica qualquer espécie de vocação ou de tarefa, como ainda as
engrandece e embeleza.
Todas as variedades de
joias lançadas no mel se tornam mais brilhantes, cada qual segundo a sua cor;
assim também cada um se torna mais agradável e perfeito na sua vocação se esta
for conjugada com a devoção: a atenção à família torna-se mais paciente, o amor
entre marido e mulher mais sincero, mais fiel o serviço que se presta ao
príncipe, e mais suave e agradável o desempenho de todas as ocupações.
É um erro, se não mesmo
uma heresia, querer banir a vida devota do regimento dos soldados, da oficina
dos operários, da corte dos príncipes, do lar das pessoas casadas. É certo,
Filoteu, que a devoção puramente contemplativa, monástica e religiosa não pode
exercer-se em tais ocupações; mas para além destas três espécies de devoção,
existem muitas outras próprias para o aperfeiçoamento daqueles que vivem nos
estados seculares.
Onde quer que estejamos,
podemos e devemos aspirar à vida perfeita.
S. Francisco de Sales, texto retirado daqui
Sábio texto!
ResponderEliminarAbr
fq
Copio fq,
ResponderEliminarSábio texto.
Toca num tecla que me incomoda com frequência que é a da devoção desordenada e ridícula.
Afinal há um tempo para tudo, até para a perfeição.
Bom dia JdB
Interessante, este texto.
ResponderEliminarbjs
Bendito serendipismo! Condimenta as nossas vidas...
ResponderEliminarBeijinhos