16 abril 2013

Duas últimas

Hoje, por impossibilidade do meu querido amigo fq, cabe-me postar de novo. Como sempre faltaram-me as ideias e, ao navegar sem jeito nem critério no youtube, vim parar ao Acalanto, interpretado por dois Caymmis - pai e filha. Recuo várias dezenas de anos até chegar ao meu primeiro contacto com este autor e intérprete brasileiro: um disco que o meu Pai trouxera, provavelmente do Brasil, que eu fui ouvindo e ouvindo. Quando passei a ter discografia própria comprei um disco feito pelos três filhos do velho Dorival para celebrar os seus 80 anos, penso. Um disco magnífico!

Ouvir o Acalanto não é uma romagem ao meu passado enquanto ouvinte de um disco que havia em casa. Ouvir o Acalanto é voltar à minha condição de pai com filhos bebés, regressar a um tempo que tem uma dimensão de felicidade incomparável, porque nada iguala a emoção de cuidar de um bebé que tem o nosso nome, os nossos genes, a nossa entrega - e requer a nossa protecção. Fala-se da condição de avô, mas essa realidade é-me desconhecida ainda...

Este blogue está pejado de nostalgias - começando pelo título e pelo sub-título. Foi assim que nasceu e, apesar de já me terem sugerido fazer um novo, com um nome diferente, será com este blogue que um dia terminarei as minhas actividades cibernéticas. Até lá escreverei com alegria sobre o presente, com esperança sobre o futuro e com saudade sobre algum passado, iniciando, volta e meia, viagens que começam ontem e acabam muitos anos antes.

Ontem, num blogue que costumo frequentar, alguém postava uma música e lhe juntava um texto que mencionava expressões como slow e pedido de namoro. Daí à música de embalar foi um tiro. Quem me conhece sabe que as nostalgias são fenómenos nem sempre discernidos na minha mente. Gosto muito do agora, mas tenho conversa de velho: no meu tempo...  E o meu tempo ainda não sei bem qual é ele, porque são tantos: são os treze anos, os anos do slow, os da minha condição de recém pai, o tempo do mistério da praia do Macuti...
   


Os tempos são de crise. Que este espaço seja de alguma generosidade, pelo que vai uma alegria para gente como eu: ouvir Dorival Caymmi.


JdB

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