02 junho 2013

Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo

Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de Católico. 

A solenidade do Santíssimo Corpo de Cristo é um dia importante na vida dos ministros extraordinários da comunhão, porque, na realidade, é o corpo de Cristo que levamos semanalmente, ou com outra frequência, aos doentes que não se podem deslocar à igreja.

Olho para o meu próprio percurso, quando comecei, há nove anos. Comecei medrosamente num lar onde só uma senhora comungava. O barulho na sala era imenso, e eu encostava-me a um canto a rezar com esta senhora. Pouco a pouco, com a ajuda das visitadoras, começámos a tornar aqueles minutos em que eu lá ia num cerimonial mais sério - e mais geral. De uma pessoa a comungar passámos para dez, talvez. Hoje já lá não vou, a não ser que o ministro a quem foi entregue aquele lar me peça para eu o substituir. Mas gosto de lá voltar e de me sensibilizar com a festa que alguns velhos me fazem. Também me apercebo dos que vão partindo...

Este trabalho ao qual fui chamado, e que um dia acabará, foi importante na minha caminhada de fé. Deu-me a noção do serviço. Nem sempre me apeteceu ir, porque me deitava tarde na véspera, porque chovia ou estava frio. Mas, acima do meu conforto, estava um ou mais idosos que esperavam por mim para comungar. Que me faziam festa, que me agradeciam, que ficavam satisfeitos por aqueles minutos de oração partilhada. Vi gente morrer, vi gente apagar-se porque o cônjuge tinha morrido, vi gente que comungava sem que eu tivesse a certeza de que sabiam o que estavam a fazer, vi um casal a festejar bodas com um deles acamado e imóvel, vi a tristeza que são alguns lares e a tristeza que são algumas vidas. 

Nove anos a dizer o Corpo de Cristo a idosos, doentes, lúcidos, baralhados, esperançados, agradecidos.   Quando acabar levo este lastro que me servirá para manter sempre as prioridades bem definidas.

Bom Domingo para todos,

JdB

***


EVANGELHO – Lc 9, 11b-17

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo,
estava Jesus a falar à multidão sobre o reino de Deus
e a curar aqueles que necessitavam.
O dia começava a declinar.
Então os Doze aproximaram-se e disseram-Lhe:
«Manda embora a multidão
para ir procurar pousada e alimento
às aldeias e casais mais próximos,
pois aqui estamos num local deserto».
Disse-lhes Jesus:
«Dai-lhes vós de comer».
Mas eles responderam:
«Não temos senão cinco pães e dois peixes…
Só se formos nós mesmos
comprar comida para todo este povo».
Eram de facto uns cinco mil homens.
Disse Jesus aos discípulos:
«Mandai-os sentar por grupos de cinquenta».
Assim fizeram e todos se sentaram.
Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes,
ergueu os olhos ao Céu
e pronunciou sobre eles a bênção.
Depois partiu-os e deu-os aos discípulos,
para eles os distribuírem pela multidão.
Todos comeram e ficaram saciados;
e ainda recolheram doze cestos dos pedaços que sobraram.

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