Nasceste hoje, mas há dezanove anos.
Vivemos sinais contraditórios, ou talvez isso não seja mais do que a Beleza proporcionada pelo desentendimento da vida. Foste um mistério nas nossas vidas, mas hoje és uma certeza. De tantos indícios cujo alcance nem sempre entendemos, tornaste-te numa coisa física que não era deste mundo. Um pouco como se a solução de uma equação nos fosse dada pela infinitude de incógnitas que se alinham de forma aparentemente incerta.
Deixaste desenhos, sossegos, sorrisos, saudades, manias. Deixaste um rasto - deixaste vestígios, algo infinitamente mais importante do que provas. Só esses vestígios nos permitem sonhar, imaginar o que serias hoje, de que ririas, o que gostarias de fazer, para onde se voltariam uns olhos que poderiam ser peregrinos ou umas mãos que comporiam objectos estéticos. Quem serias hoje, mas passados dezanove anos?
Repetimos tudo isto ano após ano, não como quem se inflige uma dor castigadora, mas como quem quer repetir as coisas, fazer memória, guardar recordações. Repetimos tudo isto, não para que doa, mas para que a vida sorria, nesta eterna interrogação que é o caminho para a eternidade. Repetimos tudo isto, não para sofrer, mas para que nunca nos esqueçamos de quem fomos e do que continuamos a ser.
Hoje, mas há dezanove anos, entrava-nos um anjo em casa. Durante sete anos aforrou o pó do amor, e agora derrama-o sobre nós com a paz de que só os predestinados são capazes.
JdB
JdB
Querido João, é mesmo verdadeira a sua meditação, não posso concordar mais com o que escreve, sublinho à laia de conclusão: "Repetimos tudo isto, não para sofrer, mas para que nunca nos esqueçamos de quem fomos e do que continuamos a ser."
ResponderEliminarBeijinhos especiais
Grande beijinho, João. Só hoje vim ao seu blogue, mas lembro-me ainda ao que refere esta data. Lindo, como sempre, o que escreveu sobre o seu anjinho. pcp
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