15 junho 2014

Domingo da Santíssima Trindade

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 3, 16-18)

Naquele tempo,
disse Jesus a Nicodemos:
«Deus amou tanto o mundo
que entregou o seu Filho Unigénito,
para que todo o homem que acredita n’Ele
não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo
para condenar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo por Ele.
Quem acredita n'Ele não é condenado,
mas quem não acredita n’Ele já está condenado,
porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus».

***
  
A Santíssima Trindade

A maneira mais cristã de compreender o que Deus é consiste em ater-se à maneira como Deus age…É à luz de Jesus Cristo – à luz das palavras de Jesus e da maneira como Ele se identificava a Si mesmo como Aquele que o Pai enviou, como a comunicação do Pai, contemplando tudo o que Jesus disse e fez – que entrevemos mais e melhor quem é Deus, através dos sentimentos que Ele tem a nosso respeito.
“Deus”, diz Jesus a Nicodemos, amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito”: “Deus-Pai”, “Deus-origem” criou um mundo que ama; a criação de algum modo transborda dessa vida divina que Deus quer partilhar … por isso cria! “Deus amou de tal modo o mundo que entregou o seu Filho Unigénito para que todo o homem que acredita n’Ele [em Jesus] não pereça, mas tenha a vida eterna”: Jesus aparece como aquele que o Pai oferece e em quem Se oferece ao mundo, para que o mundo, que brota do seu amor criador, não pereça, não se desfaça porque lhe falta essa presença divina. Então temos um Deus que cria o mundo e que sustenta o mundo, porque vem ao encontro desse mesmo mundo; entrega-se em Jesus ao mundo, para que o mundo permaneça consistente, ou volte a ganhar consistência… afastado de Deus, o mundo secaria como o rio cortado da nascente; isto significa que é o Amor de Deus, o seu Espírito, que sustenta o mundo!
Há aqui um Deus que é circulação de vida, que é Pai, que é fonte, mas depois também comunicação, Deus-connosco, que é um dos nomes de Jesus… Ele é o Emanuel! Descobrimo-nos assim envoltos no amor que Deus nos tem, descobrimos o amor que O leva a tudo fazer para nos recuperar, para evitar que qualquer um de nós se perca d’Ele… Esse amor é o próprio amor que circula entre Jesus e o Pai, é o Espírito Santo!


D. Manuel Clemente (2013), O Evangelho e a vida. Conversas na rádio no dia do Senhor. Cascais: Lucerna, 308-309.

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