Diferentes gerações e técnicas artísticas diversificadas, desde o suporte tradicional de pintura, à fotografia, escultura, vídeo, cerâmica e instalação, compõem as 33 obras presentes na exposição "Do sagrado na arte - Evangelhos comentados por artistas", que decorre em Lisboa até 30 de agosto.
Dividida por três espaços da capital, a exposição organizada por Carlota Mantero e José Sousa Machado, também responsável pelo comissariado, conta com obras de Ana Pérez Quiroga, André Gomes, Ângela Dias, António Marques, António Poppe, Albuquerque Mendes, Bela Silva, Eurico Lino do Vale, Fernando Brizio, Francisca Couceiro da Costa, Gil Heitor Cortesão, Graça Costa Cabral e Graça Pereira Coutinho.
O elenco prossegue com Inês Teixeira, João Onofre, Jorge Nesbitt, Julião Sarmento, Manuel Costa Cabral, Manuel Gantes, Marta Wengorovious, Michael Biberstein, Miguel Branco, Nuno Afonso, Paulo Brighenti, Pedro Calapez, Pedro Casqueiro, Pedro Chorão, Rosa Carvalho, Rui Chafes, Rui Sanches, Teresa Pavão, Tomás Colaço e Vasco Araújo.
«Esta exposição não propõe nenhuma narrativa sequencial coerente; ela é um arco-íris, formado por 33 fragmentos artístico-espirituais muito diferentes entre si, mas convergentes nas indagações que suscitam», refere o comissário.
A mostra é apresentada em duas páginas do suplemento "Atual" do semanário "Expresso" de 13 de junho: A exposição «não tem a ambição ciclópica de refazer uma relação outrora umbilical [entre arte e religião] que se encontra em muito mau estado de conservação. Nem sequer a sua vocação é interpretativa em relação aos evangelhos, mas tão-só de colocar a arte contemporânea perante a contaminação da "palavra sagrada", fundadora de toda uma civilização».
Pedro Calapez, Sozinho para o monte. 2014 (João 6, 41-51)
Celso Martins explica que «perto da esmagadora maioria das obras está reproduzido o versículo dos evangelhos que serviu de ponte de partida ou ligação entre a obra e uma ideia de transcendência ou espiritualidade. Não se esperem, porém, processos ilustrativos. Cada obra funda com o trecho bíblico escolhido pelo artista um território de sentido mas não é nunca uma sua qualquer materalização».
«Na maioria dos casos são trabalhos de pequenas dimensões que tendem a convocar a proximidade do espetador e às grandes declarações sobre a fé os artistas preferiram quase sempre a expressão de uma inquietação», acrescenta o crítico.
Bela Silva, No meio das agulhas, 2014 (Marcos 10, 17-30)
Cada artista exprime «uma relação com um mistério e ao mesmo tempo com a existência literária de um texto milenar», fazendo da exposição «um périplo interessante onde transcendência, história e inquietação contemporânea podem, em conjunto, afluir e confluir», conclui Celso Martins.
A exposição, inaugurada a 30 de maio pelo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, está patente até 30 de agosto no mosteiro de S. Vicente de Fora, com 28 peças (terça a domingo, das 10h00 às 17h30, entrada paga: 5,00 €, estudantes e seniores: 2,50 €), na igreja de Santa Catarina, com quatro intervenções (Calçada do Combro, de segunda a sexta, das 10h00 às 17h30, entrada: 3,00 €) e Livraria Sá da Costa, na Rua Garrett, ao Chiado, com a maior das peças (entrada livre).
Gil Heitor Cortesão, O palácio abre às cinco, 2012
Eurico Lino do Vale, [sem título], 2013 (Marcos 8, 27-35)
André Gomes, Efatah - Abre-te, 2014 (Marcos 7, 31-37)
Manuel Costa Cabral, De divina proportione, 1992-2014 (Mateus 28, 16-20)
Vasco Araújo, O percurso (vídeo), 2009 (Mateus 1, 12-15)
António Poppe, Livro, 2000-2014
Albuquerque Mendes, Passagem, 2012 (João 6, 51-58)
Vale a pena ver a exposição e, com isso, visitar S. Vicente de Fora, com tudo o que se passa lá dentro.
Que óptima dica, JdB. Obrigadíssima. MZ
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