29 setembro 2014

Da filosofia e de Sherlock Holmes

P'lo céu, fotografia de JMAC, o homem de Azeitão

Wittgenstein, oiço, terá dito algo semelhante a este pensamento: filosofar não é descobrir coisas, mas mostrar o que sempre lá esteve. Não reproduzo seguramente com precisão, embora perceba a ideia subjacente.

Partilho com quem me ouve mais amiúde: a diferença entre Dr. Watson e Sherlock Holmes? Um via coisas, o outro estabelecia (cor)relações. Não cito directamente ninguém, pelo que não tenho problemas de fiabilidade de reprodução. Percebo a ideia subjacente.

Poderia discorrer sobre as várias inteligências: o que são, como se manifestam, quais os tipos. Já aqui escrevi sobre esse tema e não lhe regressarei, pese embora olhar para os meus amigos / próximos de forma diferente, para descortinar quem está mais próximo do médico ou do homem que (nunca) terá dito: elementar meu caro Watson. A toda a minha rede me liga dívidas de amizade / afecto, pelo que há total irrelevância nesta catalogação.

Todos nós vemos coisas, como via o médico de Conan Doyle: a chave inglesa no chão, o cão que não ladra, a mão ligada da governanta, os restos de comida no parapeito de uma janela, o riso nervoso da criada, o olhar triste e melancólico da dona de casa. Sherlock Holmes vai mais longe, e estabelece relações entre o renque de factos descritos. É isso que o distingue do amigo, porque ambos vêem o mesmo.

Diz Cícero que filosofar não é outra coisa senão preparar-se para a morte, afirma Montaigne no seu ensaio sobre aprender a morrer para saber viver... Talvez seja isso.

JdB      


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