09 novembro 2014

Dedicação da Basílica de Latrão

Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados às bancas. Fez então um chicote de cordas
e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas; e disse aos que vendiam pombas: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio». Os discípulos recordaram-se do que estava escrito: «Devora-me o zelo pela tua casa». Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?». Jesus respondeu-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei». Disseram os judeus: «Foram precisos quarenta e seis anos para construir este templo e Tu vais levantá-lo em três dias?». Jesus, porém, falava do templo do seu Corpo. «Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus.

A Igreja de pedras vivas e o sacrifício espiritual

A liturgia da dedicação da basílica de Latrão, primeira catedral da cristandade, sugere a extensão a todos os templos cristãos em todas as dioceses do mundo, as “igrejas particulares”, nas quais está presente a Igreja universal a serviço da qual está posto o bispo de Roma, o Papa.
Ora, ao se observar bem, a liturgia não realça os templos de pedra, os edifícios góticos, barrocos…realça o novo templo “espiritual” que é Cristo Ressuscitado e a comunidade, templo de “pedras vivas”, alicerçada nele (pelo trabalho do apóstolo). E a própria actuação do cristão é o “sacrifício espiritual” do novo culto (2ª leitura, evangelho).
”Espiritual”, nesse contexto, não quer dizer o oposto de material. Quer dizer que é suscitado pelo Espírito de Deus (ou talvez: interpretado à luz do Espírito de Deus). Ora, os frutos do Espírito são coisas bem concretas: amor fraterno, alegria, paz, etc. (Gl 5, 22). O sacrifício espiritual (1Pd 2, 5; Rm 12, 1) implica em coisas bem concretas e materiais: é a própria vida quotidiana do cristão, vivida em amor fraterno eficaz. São esses os sacrifícios oferecidos no templo que somos nós.


Johan Konings, s.j. (2009), Liturgia Dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis. Rio de Janeiro: Vozes ed., 506

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