31 dezembro 2014

Diário de uma astróloga – [94] – 31 de Dezembro de 2014

Resoluções  da astróloga para o ano novo:
1. Usar a energia do Sol para ser generosa e não pretensiosa
2. Usar a energia da Lua para ouvir com o coração e não para ficar ofendida
3. Usar a energia de Mercúrio para comunicar amor e não para mexericos
4. Usar a energia de Vénus para desfrutar da vida e não ser invejosa
5. Usar a energia de Marte para me afirmar quando vale a pena e não para ser agressiva
6. Usar a energia de Júpiter para distinguir o bem do mal e não para ser dogmática
7. Usar a energia de Saturno para ser disciplinada e não severa
8. Usar a energia de Úrano para estar aberta a novas ideia e não ser só excêntrica
9. Usar a energia de Neptuno para ter compaixão por quem sofre e não para comiserar sobre os meus problemas 
10. Usar a energia de Plutão para transformar a vida do próximo e não para ser manipuladora

Desejo a todos um 2015 cheio de energias planetárias positivas …. 


Luiza Azancot

30 dezembro 2014

Duas Últimas

Domingo foi dia da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. Como o Natal calhou este ano a uma 5ª feira, a festividade caiu muito em cima do fim do que alguém terá chamado a festa do tubo gástrico. Na missa que frequento normalmente, o padre de serviço, pessoa de quem me considero amigo e com quem gosto muito de conversar, falou na enorme força da fragilidade da vida humana. Não garanto a fidelidade absoluta à frase proferida, mas o espírito seria este, sendo que vida humana tinha, neste caso, a dimensão das relações familiares. 

Numa entrevista ao jornal Público, D. Manuel Clemente afirma a páginas tantas: numa situação de pobreza, de desprovimento, acrescida e para tanta gente, encontrar uma criaturinha tão frágil, como uma criança acabada de nascer - mas pode ser uma pessoa idosa, prestes a morrer - e eu acreditar que a realidade absoluta a que chamamos Deus se revela assim, não me sai da cabeça.

Gostei do pensamento do nosso Patriarca, mas a frase que retive da homilia tem, para mim, um encanto especial. Talvez porque não seja óbvia, talvez porque possa constituir um desafio a olhar-se mais além, por um ângulo diferente, como se olhássemos para um quadro começando pelo verso da tela. Talvez ainda porque nos devamos lembrar que da fragilidade das coisas o espaço para crescer e tornar-se forte é imenso, é todo. Enquanto que a inversa não é forçosamente verdadeira.

Deixo-vos com o Et Incarnatus Est, da Missa em C Menor de Mozart. Um tema muito bonito, deprimente para alguns, enriquecedor para outros. Para ouvir alto, em podendo e querendo, porque o tempo é de recomposição de excessos de alimentos e palavras. E talvez a beleza do trecho nos consiga explicar porque motivo a fragilidade da vida humana tem tanta força.

JdB

29 dezembro 2014

Vai um gin do Peter’s?

Recentemente, o Papa Francisco lançou uma mensagem que tem estado a circular, intensamente na net, por ser tão vitamínica, mesmo a calhar para o início de um Novo Ano. Simultaneamente, é de uma simplicidade e despojamento que também tem se enquadra neste período de Festas. Uma amiga, a quem a tinha enviado por email, teve uma reacção divertida e pragmática para o seu dia-a-dia, cheio de stress profissional. Cito-a, porque pode ser um bom antídoto para se lidar com as miudezas irritantes que, às vezes, temos de apanhar pela frente: «imprimi-a a cores, recortei-a e coloquei-a aqui bem à minha frente: tenho de ler (esta) minha “cábula”…, vai ser o meu mantra.»



O olhar positivo a que o Papa nos convida, foi também sugerido por Fernando Pessoa, a quem a personalidade taciturna não terá turvado a visão da realidade. Em poema, oferece-nos a sua perspectiva, primeiro sobre a existência, depois sobre o que nos faltará para ousarmos ser mais felizes, num diagnóstico simples mas exigente:

  « Não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo...
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. (…)

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. (…)
cid:6983BF5C91EF437D8DC91D78E9342CA9@JFernandesPC

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...»
                                                                               Fernando Pessoa (1888-1935)


Naturalmente que soará irónico falar em felicidade em tempo de crise e para lá da faceta benigna que o conceito “crise” possa ter na língua chinesa. Mas talvez seja bem mais irónico considerarmo-nos infelizes, quando comparamos o que gostaríamos de ter com tudo o que nos foi dado, a começar pelo dom da vida, que não é pouco! Até as pedradas, pelos reveses e injustiças, o poeta nos convida a virar a nosso favor! Que dizer sobre as nossas frustrações e desilusões a um Deus que escolheu nascer na pobreza e ser forçado a emigrar, em risco de vida? Ele que nos deixou (e se mantém) a mensagem salvadora da Humanidade – o Amor?

Pessoa esclarece o que considera faltar, quando não temos coragem para ser felizes, apesar de tudo: «Eu sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura

Que o Novo Ano nos anime a construir aquele castelo fabuloso que pode ser a nossa vida, se deixarmos, começando por desanuviar o olhar sobre a realidade.


Com a festa dos Reis a aproximar-se, relembra-se a perspectiva facebook da história do presépio:



Continuação de BOAS-FESTAS, desejando um ÓPTIMO 2015 a todos,

Maria Zarco

(a  preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

28 dezembro 2014

Sagrada Família de Jesus, Maria e José

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 2, 22-40)

Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés,
Maria e José levaram Jesus a Jerusalém,
para O apresentarem ao Senhor,
como está escrito na Lei do Senhor:
«Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor»,
e para oferecerem em sacrifício
um par de rolas ou duas pombinhas,
como se diz na Lei do Senhor.
Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão,
homem justo e piedoso,
que esperava a consolação de Israel;
e o Espírito Santo estava nele.
O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria
antes de ver o Messias do Senhor;
e veio ao templo, movido pelo Espírito.
Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino,
para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito,
Simeão recebeu-O em seus braços
e bendisse a Deus, exclamando:
«Agora, Senhor, segundo a vossa palavra,
deixareis ir em paz o vosso servo,
porque os meus olhos viram a vossa salvação,
que pusestes ao alcance de todos os povos:
luz para se revelar às nações
e glória de Israel, vosso povo».
O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados
com o que d’Ele se dizia.
Simeão abençoou-os
e disse a Maria, sua Mãe:
«Este Menino foi estabelecido
para que muitos caiam ou se levantem em Israel
e para ser sinal de contradição;
– e uma espada trespassará a tua alma –
assim se revelarão os pensamentos de todos os corações».sagrada família 91
Havia também uma profetisa,
Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser.
Era de idade muito avançada
e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela
e viúva até aos oitenta e quatro.
Não se afastava do templo,
servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações.
Estando presente na mesma ocasião,
começou também a louvar a Deus
e a falar acerca do Menino
a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor,
voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré.
Entretanto, o Menino crescia,
tornava-Se robusto e enchia-Se de sabedoria.
E a graça de Deus estava com Ele.
Palavra da salvação.

***

Famílias sagradas

As famílias cristãs que nascem do sacramento do Matrimónio, que nascem portanto da graça de Deus, também têm como destino serem “sagradas famílias”, porque já o são: nasceram de um sacramento e, neste sentido, mais sagradas não podem ser. Agora, é preciso que realizem essa mesma consagração. Isto significa que a família cristã, além do amor natural que atrai um homem e uma mulher para constituírem família, pressupõe a graça divina que em Jesus Cristo recebe de Deus: é essa graça que faz com que, nela, tudo seja vivido e convivido a partir de Deus… não a partir somente dos afectos espontâneos, que são muito bons e que foram postos por Deus nos corações dos homens e das mulheres, mas a partir de Deus. E, como os esposos cristãos sabem, porque o ouviram na celebração do seu Matrimónio, para que eles se amem como Deus nos ama, para que eles se amem como o próprio Cristo nos ama e ama a sua Igreja: com um amor que signifique dar a vida, que signifique uma partilha da existência, uma partilha em termos de doação. 


D. Manuel Clemente (2014), O Evangelho e a Vida. Conversas na rádio no Dia do Senhor. Ano B. Cascais: Lucerna, 40

27 dezembro 2014

Pensamentos Impensados

Outros RH
As minhocas não se assustam; mantêm o sangue frio.
 
Para desenfastiar?
Quem roi as unhas será um unhas de fome, ou fome de unhas?
 
Todos diferentes, todos iguais
Seja impar; não pare.
 
Mais vale à tarde que nunca (frase não minha e para outro contexto)
Nunca é tarde para prender.
 
Matrimónios ou patrimónios?
Elton John renovou os votos com o companheiro. É de homem!
 
Calores
O Diabo, como o invejo! É velho, relho, e não tem frio.
 
Charadas
Alguém sabe qual é o contrário de vice-versa?
 
Publicidade não enganosa
Aconselho uma visita ao blog lazybeggers.com.
Quem são estes tipo? São uns patuscos que estão na Rua do Carmo em Lisboa. Estão deitados, visto serem preguiçosos, bem dispostos e têm em frente umas caixinhas para quem quiser deitar umas moedas, que agradecem com um sorriso. O insólito é que as caixinhas têm letreiros que dizem CERVEJA, VINHO, WHISKEY. E uma até diz RESSACA. Não enganam ninguém, o que nos tempos que correm é obra.

SdB (I)

26 dezembro 2014

Poesias dos tempos que correm*

Não te desejo um presente qualquer,
 Desejo-te somente aquilo que a maioria não tem.
 Tempo, para te divertires e para sorrir;
 Tempo para que os obstáculos sejam sempre superados
 E muitos sucessos comemorados.
 Desejo-te tempo, para planear e realizar,
 Não só para ti mesmo, mas também para doá-lo aos outros.
 Desejo-te tempo, não para ter pressa e correr,
 Mas tempo para encontrares a ti mesmo,
 Desejo-te tempo, não só para passar ou para vê-lo no relógio,
 Desejo-te tempo, para que fiques;
 Tempo para te encantares e tempo para confiar em alguém.
 Desejo-te tempo para tocar as estrelas, 
 E tempo para crescer, para amadurecer.
 Desejo-te tempo para aprender e acertar,
 Tempo para recomeçar, se fracassar.
 Desejo-te tempo também para poder voltar atrás e perdoar. 
 Para ter novas esperanças e para amar.
 Não faz mais sentido protelar.
 Desejo-te tempo para ser feliz.
 Para viver cada dia, cada hora como um presente.
 Desejo-te tempo, tempo para a vida.
 Desejo-te tempo. Tempo. Muito tempo!”

 Elli Michler

* enviado por mão amiga

25 dezembro 2014

Natal do Senhor

EVANGELHO – Jo 1,1-18

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

No princípio era o Verbo
e o Verbo estava com Deus
e o Verbo era Deus.
No princípio, Ele estava com Deus.
Tudo se fez por meio d’Ele
e sem Ele nada foi feito.
N’Ele estava a vida
e a vida era a luz dos homens.
A luz brilha nas trevas
e as trevas não a receberam.
Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João.
Veio como testemunha,
para dar testemunho da luz,
a fim de que todos acreditassem por meio dele.
Ele não era a luz,
mas veio para dar testemunho da luz.
O Verbo era a luz verdadeira,
que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem.
Estava no mundo
e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu.
Veio para o que era seu
e os seus não O receberam.
Mas, àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome,
deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram do sangue,
nem da vontade da carne, nem da vontade do homem,
mas de Deus.
E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós.
Nós vimos a sua glória,
glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito,
cheio de graça e de verdade.
João dá testemunho d’Ele, exclamando:
«Era deste que eu dizia:
‘O que vem depois de mim passou à minha frente,
porque existia antes de mim’».
Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos
graça sobre graça.
Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés,
a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
A Deus, nunca ninguém O viu.
O Filho Unigénito, que está no seio do Pai,
é que O deu a conhecer.

24 dezembro 2014

Votos dos tempos que correm

Giovanni Battista Tiepolo, 1732
O editor e dono do estabelecimento deseja um Santo Natal a todos os que por aqui passam, seja para colaborar, seja para visitar. Apesar de todos os perigos e sobressaltos, ausências e saudades, reconstruções e rupturas, saibamos manter os olhos no Presépio, lugar geométrico de todo o Amor e de toda a Esperança.

Não resisto a citar um querido Amigo que enviava ontem um texto a um grupo restrito de destinatários: No fundo, é sempre possível do pouco fazer algo; e do algo fazer muito; e do muito fazer tudo. É sempre possível, contra tudo e contra todos e contra o mundo e contra nós, fazer deste um Natal feliz.

JdB     

23 dezembro 2014

Duas Últimas

O Natal aproxima-se a passos largos e reconheço que, se por um lado devo e quero valorizar o muito que representa, o que me pode trazer de bom para o espírito (que para o corpo….) e o que me compele a levar de bom aos outros (dois pontos que dependem sobretudo de mim), por outro não me é de todo estranho o sentimento de “não passar pela casa da partida” a que JdB aqui se referiu há uns dias.

No meu caso particular atribuo isso sobretudo a hábitos rotineiros demasiado arreigados, para quem o Natal representa perigo e sobressalto. Que são claramente manifestações clássicas de egoísmo. “Largos dias têm 100 anos”, diria por certo com a-propósito Pinto da Costa, o eterno Presidente do FCP (não confundir com “Longos dias têm 100 anos”, de Agustina).

Não esqueço todavia que no Natal as nossas memórias mais tristes se tornam especialmente vivas e presentes. Mas acho sinceramente que não há época mais propícia para bem lidar com elas do que o Natal, tempo por excelência de amor, esperança e agradecimento.

Trago-vos para final de ano 2 músicas portuguesas. A 1ª, actual, integrando um álbum com nome de uma rua que me é familiar, e estamos em tempo de festejar as famílias. A 2ª, já com uns anitos, porque há muito a queria apresentar neste blogue, que também há muito me vem suportando…

Um Santo Natal, com muita paz e alegria para todos.

fq






22 dezembro 2014

Das teorias sobre os amigos

Gostava de elaborar uma teoria. O que mo impede? A certeza, à partida, de que a teoria só por mero acaso estará certa: o interesse que manifestamos pelas vidas dos nossos amigos está directamente relacionado, através de um algoritmo por descobrir, com o interesse que temos pela infinitude de aspectos da vida. Isto é, que os amigos são, de uma forma que não se pretende diminuidora, tão importantes como a história da I Guerra Mundial, a física quântica, a pintura flamenga do século XVIII, a realpolitik ou as belezas do lundum.

Imaginemos que eu me interesso por pintura casaque, cinema turco dos anos 70, ensaios de Montaigne. O que faço com este interesse? Leio, pesquiso, indago, pergunto, debato. É assim que manifesto a minha vontade de saber mais destes temas tão fundamentais para a salvação das almas. Ao meu lado, um manuel qualquer pretende cultivar-se sobre a influência dos raios gama no comportamento das margaridas, sobre a vantagem das energias alternativas ou sobre a genealogia de Florence Nightingale - lê, pesquisa, indaga, pergunta, debate. Poupo-me a exemplos semelhantes que se replicariam até à eternidade.

Ora, interessamo-nos por tudo - da alimentação do homem primitivo ao bosão de Higgs - e sobre esse tudo fazemos perguntas. Nenhum destes temas, no entanto, reage ao nosso interesse. São temas mortos, genericamente impessoais, não relacionados com ninguém vivo que se compraza com a curiosidade que lhe devotamos. E se ninguém se interessar pela origem do chorinho ou pelo confessionalismo no fado, não há mortal que lamente esse desinteresse.  

Acontece que pelas várias facetas da vida dos nossos próximos não familiares nos interessamos bastante menos. Impressiona-me sempre ver que, numa roda de amigos, há gente que não faz uma única pergunta sobre a vida da pessoa que está ao seu lado, que sobre a entrada de uma pessoa num círculo social novo muito pouca gente manifeste curiosidade continuada. Curiosamente, como se o acolhimento e a amizade militada fossem bem menos interessantes do que evolução da inflação na Islândia dos anos 90, ou a origem das lojas maçónicas a norte do paralelo 16.

Gostava de inventar um algoritmo que ligasse o desinteresse pela vida ao desinteresse pelos outros. Não há, seguramente, muito embora isso facilitasse as relações entre as pessoas. Fulano não se interessa por mim? É uma meia verdade... Em bom rigor ele não tem muitos interesses na vida. Não é  assim, contudo. Há o medo de perguntar mas, acima de tudo, há um desinteresse humano grande, um olhar desatento sobre o próximo, uma vontade seguramente diminuta de ter mais informação num mundo que nos invade com imagens e notícias. 

Os meus lanches de fim de tarde e almoços regulares com interlocutores certos são bálsamos que acrescem a outras manifestações que me enriquecem. Sou um privilegiado, que valho tanto com o resíduo industrial ou como basileia ii. Quem me lê sabe do que falo - e percebe a metáfora.

JdB


21 dezembro 2014

IV Domingo do Advento

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 

Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que era descendente de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».

Ser crente

“Porque a Deus nada é impossível”Com esta afirmação, o anjo revela o que é o amor criador e recriador de Deus: um amor omnipotente que tudo tira do nada e agora tira a salvação do mundo, mas quer tirá-la também do consentimento daquela jovem de Nazaré da Galileia. Ser crente é dizer sim a Deus; é exactamente isto que é viver e permitir que aconteça o Advento de Deus no mundo e possibilitar que exista Natal, na continuação do Natal de Jesus Cristo, desde logo na nossa vida também.
Neste domingo, para lá e apesar das nossas resistências e desistências, vamos ouvir neste Evangelho da Anunciação sobretudo a resposta da fé de Maria. Vamos pedir a Deus que o seu Espírito faça em nós aquilo que a nossa vontade nunca conseguiria fazer e que, por intercessão de Maria, pela sua ajuda e pelo seu estímulo, a nossa vida seja de total disponibilidade como a dela, para que aconteça o que Deus quiser. Ter a convicção da fé, ser crente é tudo o que é preciso da nossa parte para que Deus faça tudo aquilo que tem para fazer e quer fazer à nossa volta e através de nós.

D. Manuel Clemente (2014), O Evangelho e a Vida. Conversas na rádio no Dia do Senhor. Ano B. Cascais: Lucerna, 25-27.

20 dezembro 2014

Pensamentos impensados

Desemprego
boy Ápis não tinha job

Quasi-mudo
O criador da palavra anticonstitucionalmente era homem de poucas palavras.
Limitou-se a juntar 10 monossílabos.

Força vs. jeito
Escalar um robalo não é o mesmo que escalar o Everest.

Combates
Em princípio as guerras são militares; exceptuam-se as guerras civis.

Paternidades
O Pai Natal e a Mary Christmas tiveram uma filha a que puseram o nome de SE-RENA.

...nidades
Como se chama o teu pai?
Valter Hugo Mãe.

Poder da vírgula
A fazenda, não abunda.
A fazenda não, a bunda.


Não lhe fica bem 
Na Luz, era suposto estar iluminado; foi eliminado.

SdB (I)

19 dezembro 2014

Dos planos de Deus

“Olho para a minha vida nos últimos meses e realizo que não passou de um puzzle (...)”

***


Um dia, alguém com quem converso amiúde afirmou-me:  “disseram-me que mais cedo ou mais tarde eu perceberia o plano que Deus tem para mim.” Mais do que a frase, o conceito foi motivo de uma conversa posterior, já sem a presença de nenhum dos outros intervenientes. Surgiram então três perguntas que, num olhar mais distraído, poderão não ter relação com o tema em apreço:

1) a quem rezamos, a Deus ou a Jesus Cristo?
2) o que pode fazer a fé por nós?
3) o que é o plano de Deus para cada um de nós?

Deus é totalmente intangível, enquanto Jesus Cristo andou por cá, fez-se ouvir na primeira pessoa, deixou-nos um código de boas práticas. Talvez por isso a um peça a intangibilidade: a força, a sabedoria, o discernimento, a paz, o amor. Ao outro pedirei a intangibilidade transformada em actos: como aceitar, como perdoar, como ter força, como transformar a solidariedade em actos.

Ter fé significa, em boa verdade, o quê? Acreditar, pura e simplesmente, na existência de Deus como criador de todas as coisas? E isso, repito, significa o quê? O que faz essa crença por nós, em que nos ajuda, em que medida nos transforma em pessoas melhores, mais serenas, mais pacificadas com a vida ou mais atentas ao próximo? A espiritualidade – que me é indissociável da fé – fez muito por mim. Talvez a resposta da pergunta 2 esteja na resposta da pergunta 1...

A nossa vida é um conjunto de acontecimentos dissociados ou esses acontecimentos fazem parte de algo maior? Isto é, são apeadeiros lógicos de uma mesma viagem, ou são reflexos de um percurso onde só o cálculo de probabilidades vinga? A nossa vida é um jogo de sorte e azar, ponto final parágrafo? Não estou certo de que Deus tenha um plano individual para cada um de nós, porque isso equivaleria a dizer que há uma decisão divina sobre a fortuna e a pobreza de cada um, sobre as vidas fagueiras e as vidas sofridas de cada um. Talvez o plano de Deus seja levar-nos a olhar para as nossas vidas – cheias de facilidades ou tristezas, cheias de perdas e alegrias, ou com um misto de tudo – e perceber que com uma perda vem uma oportunidade, com uma promoção vem uma obrigação, com uma tristeza vem um desafio. Talvez o plano de Deus seja levar-nos à serenidade, à confiança de que fala, também, a parábola dos lírios do campo.

A frase que encima o post é tirada do livro Deus pregou-me uma partida, que co-escrevi com a Rita Jonet. A frase é simples, muito simples. Mas reflecte uma verdade: a nossa vida é um puzzle. Quando percebermos que tudo se encaixa - os acontecimentos dolorosos, as lutas, o despojamento dos prazeres, os livros com que nos cruzamos, as pessoas que atravessam a nossa vida, o que ganhamos com o que perdemos - a vida tem nexo, e damos um sentido às coisas.

O que faz por nós a fé? Talvez, muito simplesmente, nos faça perceber o plano que Deus tem para cada um dos seus filhos.


JdB  

18 dezembro 2014

Textos dos dias que correm *



O Natal és tu, quando decides nascer de novo cada dia e deixar que Deus entre na tua alma
A árvore de Natal és tu, quando resistes, vigoroso e forte aos ventos e dificuldades da vida
A decoração de Natal és tu, quando as tuas virtudes são cores que alegram a tua vida
O sino de Natal és tu, quando chamas, congregas e procuras unir
És também a luz de Natal, quando com a tua vida iluminas o caminho dos outros e o enches de bondade, paciência, alegria e generosidade
Os anjos de Natal estão em ti, quando cantas ao mundo uma mensagem de paz, de justiça e de amor
A estrela de Natal és tu, quando conduzes alguém ao encontro do Senhor
Também és os Reis Magos, quando dás o melhor que tens sem importar a quem
A música de Natal és tu, quando conquistas a harmonia dentro de ti
O presente de Natal é tu, quando és verdadeiramente amigo e irmão de todo o ser humano
O postal de Natal és tu, quando a bondade está escrita nas tuas mãos
A saudação de Boas Festas és tu, quando perdoas e restabeleces a paz, ainda que sofras
A ceia de Natal és tu, quando sacias de pão e de esperança o pobre que está a teu lado
Tu és, também, a Noite de Natal, quando humilde e consciente recebes no silêncio da noite o Salvador do mundo: tu és o sorriso de confiança e ternura, na paz interior de um Natal perene que estabelece o Reino dentro de ti. 

(* enviado por mão amiga, agradece-se identificação do autor)

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