Concedei-nos, Senhor,
a serenidade necessária para aceitar as coisas
que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que
podemos e sabedoria para distinguir umas das outras.
Reinhold
Niebuhr
***
Estou certo de que alguns dos meus fiéis leitores (nem que
seja um...) conhecerá a frase acima, também conhecida como a oração da
serenidade. Cruzei-me com ela enquanto
coleccionador de frases alheias, mesmo sabendo que uma boa citação pode não ser
mais do que a defesa do ignorante. Mas fixei-a, e voltei mais tarde a ouvi-la
em conversas que sempre me acrescentam valor. Não pretendo espantar ninguém com
a originalidade da citação, apenas reproduzi-la para eventuais fins de memória
futura.
Os escaparates das livrarias estão cheios de livros de
auto-ajuda: a fé que salva, a esperança que determina, o deus que nos atende os
telefonemas, as dietas do espírito, os alimentos que repõem as energias
perdidas. E no entanto, estou em crer
que bastava esta frase para salvar os destroços em que nos tornamos ou, melhor
ainda, para prevenir os naufrágios que provocamos ou de que somos vítimas. Alguém
disse, não sei quem nem onde nem quando, que a felicidade não era mais do que a
gestão das expectativas. Sim, sim, é verdade. E parece-me que este pensamento
de autoria desconhecida e a frase de Reihold Niebuhr casam bem – como o pastel
de nata e a canela, ou mesmo como o salmão e o endro.
Se alguém acha que dominar os pontos de açúcar é uma
actividade complexa, que requer competências menos corriqueiras, é porque nunca
manteve relações afectivas, quaisquer que sejam elas. É por isso que gostaria
que alguém fizesse chegar aos ouvidos do ministro de educação este meu post. Esqueçam
a divisão de orações d’ Os Lusíadas, actividade que, não só não tem interesse,
como mata a diminuta ligeireza da obra; esqueçam a alteração da ideia de
complemento directo para outra coisa qualquer; esqueçam a educação sexual,
porque um cidadão educado não fala de sexo. Esqueçam tudo e ensinem, à custa de
violência psicológica, subornos na forma de chocolates ou promessas
incumpríveis, que quase tudo o que interessa saber sobre relações afectivas se
resume àquela frase, toda assente em discernimento e força.
Há quem diga para telefonarmos que ele (Ele?) atende. Eu já
tentei e consegui – a resposta que me veio lá de cima foi a frase do Niebuhr.
JdB
garantidamente eu sou o tal que conhece a frase, aprendi-a não para me relacionar com os outros, mas num patamar muito mais básico, "apenas" para me relacionar comigo.
ResponderEliminarp.s.
ResponderEliminarComigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.
sá de miranda
Desculpe o que escrevo mas foi o que aprendi.
ResponderEliminarKurt Vonnegut Jr. — Serenity Prayer
Vonnegut's favourite: God, give us grace to accept with serenity the things that cannot be changed, courage to change the things which should or must be changed, and the wisdom to distinguish the one from the other.
http://en.wikipedia.org/wiki/Kurt_Vonnegut
God, grant me the serenity to accept the things I cannot change,
The courage to change the things I can,
And the wisdom to know the difference.
Living one day at a time,
Enjoying one moment at a time,
Accepting hardship as the pathway to peace.
Taking, as He did, this sinful world as it is, not as I would have it.
Trusting that He will make all things right if I surrender to His will.
That I may be reasonably happy in this life,
And supremely happy with Him forever in the next.
Amen.