25 novembro 2015

Das emoções

Já fui um espectador relativamente assíduo do Masterchef Australia, que para os outros já não tenho paciência. Gosto de programas de culinária / gastronomia, que sempre tiro ideias ou aprendo alguma coisa. Esta semana, na minha actividade regular de zapping, vi mais dois ou três minutos e observei o que já era habitual: e frémito de emoção que perpassa os olhos de todos os candidatos numa dada altura.

A páginas tantas, porque faz parte da mecânica do concurso, há visitas. Durante alguns segundos há um verdadeiro teaser: um dos jurados começa a falar da visita que vai chegar: levanta uma ponta do véu, depois mais um bocadinho, faz uma referência velada. Nos candidatos, gente intuitiva e perspicaz, observa-se um olhar de satisfação, surpresa quase infantil, anseio febril: será ele? Ela? Não, não pode ser, seria muito bom... A câmara de filmar varre os rostos daqueles que ambicionam ser o melhor chef australiano. Há olhos abertos, bocas escancaradas, mãos no peito, suspensão da respiração. Finalmente chega o convidado mistério: um chef de cozinha. Há pequeninos saltos de contentamento, vislumbres de lágrimas de comoção. É um chef famoso!

Não sei que aura têm os chefs de cozinha na Austrália. É seguramente algo de muito impactante, porque só assim se compreende a emoção tão visível. Replicando para Portugal, quem disfarçaria a verdadeira perturbação pelo facto de conviver tão de perto, sem que o soubesse antecipadamente, a Justa Nobre ou Hélio Loureiro? 

Gosto do programa. E gosto mais ainda, porque nem sempre consigo fixar os ensinamentos ou as ideias criativas, de ver o entusiasmo que suscita quem se atirou aos tachos com pundonor, criatividade e saber. Ser-se chef na Austrália? Vai lá vai...

JdB 

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