19 novembro 2015

MTBF

23 dias. O que são 23 dias? Nada, aparentemente. São mais de três semanas, mas menos de quatro. Mas 23 dias pode ser uma amostra com uma dimensão suficientemente boa para que daí tiremos ilações. Eu explico, não vá alguém achar que falo de esoterismos.

Trabalhei 20 anos na indústria, sendo que essas duas décadas - não me canso de repetir - fizeram de mim o profissional que sou hoje, mesmo que a minha actividade profissional actual já pouco ou nada tenha a ver com o passado mais recente. E foi aí, nessa minha actividade fabril que travei conhecimento com um indicador: MTBF. Uma sigla que significa isto: Mean Time Between Failure. Isto é, traduzido para português, tempo médio entre falhas. 

Olhamos para uma máquina. Ao fim de cinco minutos avaria; é reparada (ou solucionado o que a levou a parar) novo período de cinco minutos e volta a parar. O MTBF é, obviamente de cinco minutos. Analisam-se os factores que levam à paragem sistemática da máquina; corrigem-se. A máquina já não pára ao fim de cinco minutos, mas ao fim de 10, e depois 15 e por aí em diante. Quanto maior for o MTBF, melhor estará a máquina.

Imaginemos agora que a máquina está 23 dias sem parar (por avaria ou outra falha). Significa isto que as condições que estiveram subjacentes a este período de não-paragem são possíveis. O que é preciso? Analisar o que esteve por trás deste aparente sucesso e replicar as condições. Ou, nalguns casos mesmo, repor as condições iniciais da máquina, que quando foi adquirida estava preparada para trabalhar, não parar a cada dia.

Aplique-se este raciocínio a outras realidades. Agarre-se nos 23 dias e repita-se. Um dia - voltando à fábrica - percebemos que basta alguém que, no fim do turno, desligue as luzes, porque a máquina não precisa de ninguém.

Nota: ontem almocei com um grande amigo e falámos sobre isto. Não sendo, nem eu nem ele, mentecaptos, é sinal de que se pode conversar sobre este tema de frente para uma sopa e um copo de vinho.  MTBF: um indicador a fixar.

JdB    

1 comentário:

  1. A minha formação foi menos ilustre, foi na praia. Aí temos o indicador TEP , Tempo Entre Pirulitos, que mede exatamente o tempo que conseguimos estar á tona sem engolir água . Ora, a ambição do veraneante é imitar o banheiro que sabe sempre replicar e prolongar o desfrute sem se precipitar no abismo do afogamento. Este TEP é o mesmo que o seu tecnológico MTBF , o objetivo é o mesmo «não meter água».

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