27 junho 2016

Vai um gin do Peter’s?

Nas franjas pitorescas da Baixa Pombalina há um palacete mourisco, datado do século XVII, que começou por ser propriedade dos Viscondes de Alverca (família Paes do Amaral). Depois de servir diferentes propósitos, veio a albergar a Casa do Alentejo (1), conhecida pelo seu sumptuoso restaurante de cozinha regional, preparado para grupos e festas privadas. 


Encrustada na rua pedonal das Portas de Santo Antão (nº 58) junto à ruela onde fica a pequena Igreja de S.Luís dos Franceses, a actual Casa do Alentejo  já teve outras designações como Palácio Alverca ou Antigo Palácio de São Luís, precisamente pela vizinhança.

Considerado Monumento de Interesse Público, sofreu várias intervenções arquitectónicas significativas, até pelas variadas utilidades do edifício, pois ali funcionou também um liceu, um armazém de mobiliário, a partir de 1919, um dos casinos de Lisboa – o «Magestic Club», em 1932, o Grémio Alentejano e, a partir de 1981, a Casa do Alentejo.

As obras de adaptação ao casino enriqueceram sobremaneira a decoração interior, em estilo exótico e revivalista, explorando o efeito cénico da sua estrutura quadrangular com 3 pátios interiores, sendo que um foi posteriormente fechado para completar as salas de refeição. A remodelação, concluída em 1919, esteve a cargo do arquitecto António Rodrigues da Silva Júnior e contou com a colaboração de uma equipa de artistas e artesãos de qualidade, como Benvindo Ceia, Domingos Costa responsável pelos painéis de pintura romântica, José Ferreira Bazalisa e Jorge Colaço autor dos azulejos novecentistas.

A árvore de Natal cheia de luzinhas alinha no tom festivo de toda a Casa
Assim, atravessar a Casa causa suspense e sensação, mergulhando-se de imediato no ambiente festivo plasmado na sua arquitectura. A porta da rua é insignificante. Só depois de subir o primeiro lance de escadas se descobre um pátio árabe ricamente decorado. Percorrido o primeiro pátio, surge outro, com claustro, fonte no centro e vasos de vegetação tropical. 


Segue-se a escadaria de acesso aos salões superiores, onde estão as salas contíguas do restaurante. No interior superabundam as superfícies vidradas da azulejaria, dos mosaicos e dos ladrilhos coloridos, numa profusão policromada e exuberante: 


O seu recheio inclui peças decorativas neo-góticas, neo-árabes, neo-renascentistas, neo-rococós e de Arte Nova, assim como elementos do barroco. Nem as grandes pinturas murais faltam, com os lustres e os dourados.


Pátio fechado que veio a ser a Sala “Velez Conchinhas” 
No seu ar sóbrio e algo informal, Lisboa é uma cidade linda e misteriosa, que não se deixa descobrir às primeiras. Cheia de recantos e monumentos menos conhecidos, merece ser desbravada com tempo e tranquilidade. As férias, já à porta, são uma época óptima para redescobrir a cidade do Tejo. 


Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)  
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(1)  http://www.casadoalentejo.com.pt/

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