Se necessitas de virgens, Senhor,
se necessitas de valentes sob o teu estandarte
aí estão Clara, Teresa, Domingos, Francisco, Inácio…,
aí estão Lourenço, Cecília…
Mas se, por acaso, alguma vez precisares de um preguiçoso
e de um medíocre, de um ou outro ignorante, de um orgulhoso,
de um cobarde, de um ingrato e de um impuro,
de um homem cujo coração esteve fechado e cujo rosto foi duro…,
aqui estou eu.
Quando te faltarem os outros, a mim sempre me terás.
(Charles Péguy)
***
Talvez nada irrite tanto uma espécie de incréus do que esta aparente humildade dos crentes ou, para usar uma expressão felizmente fora de moda, os tementes a Deus. Esta humildade surge-lhes como falsa, hipócrita, ridícula porque, no fundo no fundo, vão todos à missa mas são todos pecadores...
Ora, esta humildade não é um exercício vão, mas a definição muito exacta do que na realidade somos: medíocres porque nos falta a ambição de voar mais alto; orgulhosos porque não cedemos em nome de vitórias sem interesse, cobardes porque nos amedrontamos perante o desafio da santidade.
A consciência do (pouco) que somos é a oportunidade para recebermos. Se já somos muito, o que nos falta ter ainda? Sabermo-nos pouco é tornarmo-nos pequenos, não é diminuirmo-nos. E como essa pequenez aspirarmos a tudo, ao mundo inteiro.
Falarmos com Deus e afirmarmo-nos tudo aquilo que Péguy se afirmou é o mesmo que falarmos com o próximo e afirmarmo-nos pouco. O nosso próximo é o Deus terreno, do quotidiano, a quem falhamos constantemente.
JdB
Aguardo ansiosamente pela publicação desta nagnifica oração em versão mnemotécnica
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