As armas de Jesus são essa penúria,
E essa carne expostas à intempérie,
E os cães devoradores e a matilha boquiaberta;
As armas de Jesus são a cruz de Deus,
Ser um vagabundo que se deita sem fogo e sem lugar,
E as três cruzes levantadas e a sua ao meio.
As armas de Jesus são essa pilhagem
Do seu pobre rebanho, essa lotaria
Do seu pobre enxoval às mãos dum soldado;
As armas de Jesus são essa frágil cana,
E o sangue que corre do seu lado como um rio,
E o antigo lictor e o antigo feixe;
As armas de Jesus são esse escárnio
Aos pés da cruz, são esse zombar
Aos pés da cruz e a brusquidão
Do algoz, da tropa e do governo,
São o frio do sepulcro e o enterro,
As armas de Jesus são o desarmamento,
A injúria e a afronta, eis o seu engenho,
A cinza e as pedras, eis o seu minifúndio
E os seus aposentos e o seu ducado;
As armas de Jesus são o tenro arbusto
Entrançado sobre a sua bela fronte como uma frágil rede,
Selando a sua realeza com um selo de paródia;
Os discípulos covardes, eis a sua confraria,
Pedro e o canto do galo, eis a sua senhoria,
Eis a sua tenência e capitania.
Charles Péguy, Oitavo dia de La Tapisserie de sainte Geneviève et de Jeanne d’Arc, 20 de novembro de 1912
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