06 julho 2018

Carta a um anjo

Nasceste hoje, mas há vinte e quatro anos.

Podíamos repetir tudo o que foi escrito nestes últimos anos; podíamos dizer tudo o que nos foi, vai e irá na alma nestes dias seis do mês de julho que se repetem anualmente. Mesmo que o fizéssemos não repetiríamos tudo, não diríamos tudo, porque o mais importante, talvez, é o que não se diz, o que fica dentro de cada um de nós que te lembra com olhos diferentes, te fala com uma boca diferente, te toca de modo diferentes, porque as mãos são diferentes e os sentimentos que as regem também. 

Lembramos-te por tudo: pela alegria, pela tristeza mas, acima de tudo pela esperança que não desaparece em cada um de nós; a esperança de sermos mais, de sermos melhores, de olharmos para cima e ver o pó do amor que cai sobre cabeças tantas vezes desesperançadas, sofridas, angustiadas com as agruras da vida; mas cabeças também sorridentes, crentes na vida que renasce, se renova, nos julhos e agostos que trazem um olhar novo, um fôlego novo, nomes novos a juntar ao teu, dito alto tantas vezes, murmurado quase sempre, lembrado constantemente.

O mais importante do dia é o que se passa dentro de cada um que escreve este texto: o sossego, o amor, a certeza de um futuro bom, o regaço de uma mãe que aquieta um corpo inquieto, um olhar de pai para um futuro risonho, olhares mútuos para pessoas que aprenderão um dia o teu nome sem saberem quem és a não ser nas histórias e na ternura com que o teu nome é nomeado.  

Hoje não rezaremos por ti, mas rezaremos para que rezes por nós. Rezaremos para que rezes pela gente pequena que chegou agora, ou no ano antes do ano antes. Rezaremos para que rezes por nós, para que saibamos sempre ver a tua luz no meio da bruma. Hoje é dia de te lembrarmos, mesmo que nunca te esqueçamos.

Na sua bondade sem fim
Quis Deus olhar para mim
Dar-me um pouco do que é seu
Deu-me uma estrela pequena
A quem chamou Madalena
Que é uma das santas do Céu

J (em nome de todos os que te lembram)


2 comentários:



  1. Agradeço a partilha do Amor mais Profundo que tudo toca e atinge num doce embelezamento.

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