23 novembro 2018

Duas Últimas

Foi por causa de Tony Bennet que conheci K. D. Lang. Musicalmente falando, o grande crooner norte-americano apresentou-me a cantora para uma espécie de one night stand,  no decurso da qual a ouvi com gosto mas sem perspectivas de futuro, ao contrário de Tony Bennet, que oiço com gosto, como se o mundo fosse um desejo daquela voz quente, geneticamente italiana, cheia de uma espessura latina que não esmorece.

Não mais ouvi k. d. lang, não mais a procurei, nem sequer através de interposta pessoa. O que ouvi estava ouvido - não me orgulho da falta de vontade para procurar, porque a existência também é feita de preguiças e faltas de curiosidade. Voltei a encontrá-la aqui ontem, não por um acaso do destino, mas porque o espaço é local de visita regular. Já não há Tony Bennet mas, em compensação, há Coimbra, o Mondego, e aquele género de fado que alguém caracterizou, com graça, como nostálgico-impertinente. Cantar o Fado Hilário não é para todos, não sei sequer se deve ser para k. d. lang. Não sei se ela sabe português, se decifra o que canta.

Pode cantar-se o fado não se sabendo o que canta? Tenho dúvidas. E se não pode cantar-se, falamos então de um número circense, como encantar focas ou dar piruetas perigosas.

JdB  


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