Janto com amigos um destes dias. Fala-se no festival da canção e eu afirmo, com uma certeza que roça a saloiice, que me lembro de (quase) todas as músicas que ganharam o festival da canção nacional até 1974, que as sei cantar (quase) todas de cor. E vou mais além: aplico a mesma certeza da memória ao concurso da Eurovisão. O decorrer da conversa prova o que sei: lembro-me de músicas, de letras, de cantores.
Faço zapping muito ao fim da noite. A RTP1 passa Um Violino no Telhado, um musical lançado em 1971 - há 48 anos, portanto. Vejo um pouco e lembro-me da meia dúzia de músicas que ouvi. Não na íntegra, mas de muito, inclusivamente inflexões de vozes ou cacofonias musicais a imitarem animais de capoeira. Ao contrário de muitos musicais, devo ter visto este umas duas ou três vezes nestes quase 50 anos. Mas ficou (quase) tudo na memória.
A memória tem estas coisas estranhas - ou eu tenho uma memória estranha, porque fixo o que me diverte, não o que é importante. Trabalhei 20 anos numa multinacional e nunca fixei exactamente o volume de facturação. Porém, ainda me lembro de músicas que não oiço há 40 anos, frases de li há 30 anos, versos com que me cruzei há décadas. Não sendo neurologista ou cientista da área, não sei como funciona a memória. A minha é assim que funciona: fixo o que me diverte (e grande parte do que fixo é informação inútil) e não o que poderia parecer importante.
Revejam uma parte de Um Violino no Telhado, se tiverem essa nostalgia.
JdB
Hoje, hão estou virado para a nostalgia. Aliás é raro estar para aí virado.
ResponderEliminarExplicando como funciono, não vivo com as partes 'negras' das minhas memórias. Estas só aparecem se alguém mas fizer lembrar. O que me sossega quanto ao alemão.
Todos temos memórias 'negras'. Mas não fazem parte do meu dia-a-dia.
Porque já morreram, fazem-me falta inúmeras pessoas com quem sempre gostei de trocar ideias e palavras sobre as nossas vidas.
A memória é estranha. Talvez porque vem de nós.
A cada um a sua Vida. A cada um as suas memórias.
Abraço