Com o tempo de Verão a arrastar-se Setembro adentro, os programas de praia ainda apetecem, embora possam ganhar em originalidade e dar lugar a paisagens invulgares para a maioria dos portugueses, mais familiarizados com a beira-mar salgada.
As enseadas lindas junto a rios e afluentes formam praias pomposamente chamadas de fluviais, que vale a pena experimentar, até porque muitas ainda são pouco frequentadas. Com águas menos agitadas, costumam ter variedades náuticas, a começar pelas simples gaivotas, o remo, a canoagem e mesmo modalidades mais radicais.
Aqui vão 10 sugestões, que excluem as barragens mais badaladas. Seguem em sequência geográfica, de Sul para Norte, começando no Algarve:
PRAIA DO PEGO FUNDO, num desvio do Guadiana, mais exactamente na margem da ribeira de Cadavais, já a chegar a Alcoutim. Além de bonita, a temperatura da água é especialmente quente, acima dos 25º C.
PRAIA DO PEGO DAS PIAS, em Odemira na fantástica costa vicentina, com acesso restrito a quem esteja disposto a percorrer 3 km a pé ou de bicicleta para chegar às lagoas naturais formadas pela sinuosa ribeira do Torgal. As quedas de água entremeiam com o relvado fresco e grupos de rochas escarpadas. A paisagem mantém um ar selvagem e quase virgem.
PRAIA DO GAMEIRO, no rio Raia junto a Mora, em ambiente alentejano, a praia pertence ao Parque Ecológico do Gameiro.
PRAIA DO ALAMAL, num recorte do rio Tejo mesmo à vista do bonito Castelo de Belver, no Gavião. Tem um passadiço de 2 km, que permite aproveitar a vegetação frondosa da zona.
PRAIA DO AGROAL, na nascente do rio Nabão junto a Ourém, são atribuídas propriedades medicinais à sua água, como uma terma em céu aberto.
PRAIA DO MALHADAL, numa zona mais ampla de um afluente do rio Zêzere – a Ribeira de Isna – nas imediações de Proença-a-Nova. A ponte do século XVI contracena com a ponte flutuante mais recente, para divertir os banhistas.
PRAIA DE LORIGA, perto da Serra da Estrela, em Seia, está situada num vale glaciar, que mantém a água cristalina, embora compreensivelmente fria e com o acesso menos fácil.
PRAIA DO ADAÚFE, a vinte minutos de Braga, no rio Cávado, inclui percurso pedonal, pequenas cascatas e núcleos rochosos.
© Imagem de Cláudio Abdo |
PRAIA DA CONGIDA, ainda em Trás-os-Montes, com vista para Espanha, na povoação que quase todos conhecemos como metáfora de lugares recônditos: Freixo de Espada a Cinta. Corresponde à albufeira criada pela barragem de Saucelle no rio Douro.
© Imagem de Jorge Ribeiro |
PRAIA DO AZIBO, numa albufeira do rio Azibo, em Macedo de Cavaleiros - Nordeste transmontano. É considerada uma das Sete Maravilhas naturais de Portugal, além de ser das mais prestigiadas da Europa a nível de praias de água de doce.
Albufeira do rio Azibo |
Neste elenco aplica-se à letra o dito de que os últimos podem acabar por ser os primeiros, porque o areal do Azibo também foi eleito a praia fluvial do ano. Acrescenta assim mais uma atracção a Trás-os-Montes, que era a província portuguesa onde Miguel Torga se sentia em casa, rodeado por aquela natureza agreste e monumental, em simultâneo. Que o digam as arribas de pedra e os socalcos nas margens do Douro ou o Gerês ou o Parque Natural de Montesinho ou a vegetação que circunda a barragem do Rabagão ou o recorte do rio Côa ou as suas cidades de ecos antiquíssimos ou... No fundo, Portugal tem tanto para explorar, entre continente e ilhas, que o difícil é escolher.
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)
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É um aborrecimento, um contratempo, uma chatice, um senão, quando se rubrica um escrito periódico com alguns erros. Um só, habitualmente, chega e sobra.
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