04 junho 2021

Da música triste

 


Esta ária, da ópera Les pêcheurs de perles, de Bizet, acompanha grande parte do filme O Pai, que tem como actor principal - e vencedor de um Oscar - Anthony Hopkins. Não é exactamente do filme que quero falar, embora valha muito a pena ver.

Um dia ouvi um jesuíta a dizer qualquer coisa parecida com isto: quem não é para viver sozinho não é para casar.  Um dia li num livro qualquer que a vida de um monge cartuxo não era a mais desejável para quem gosta de viver em silêncio. Não sei se as frases estão relacionadas ou se as relaciono eu, porque isso faz parte da minha leve compulsão em encontrar relações entre tudo e mais alguma coisa. 

O que nos dizem ambos os pensamentos? Talvez que estejamos de estar preparados para tudo e o seu contrário, e que o voto de silêncio e o casamento não são caminhos naturais para quem tem muito gosto pela vida em conjunto ou pela vida em silêncio. Isto é, ambas as opções são projectos de vida, não saídas profissionais para gente que tem jeito para isto ou para aquilo. 

Ouvir Je crois entendre é assumir o confronto como uma música triste, apesar de muito bonita. Talvez, seguindo o raciocínio aplicado ao casamento e à vida cartuxa, possamos afirmar que a música triste não é para gente triste. Significa isso que eu, muito adepto de música triste porque muito adepto de música bonita, não sou um homem triste. E que as pessoas que odeiam música triste não são pessoas alegres. 

O meu mundo ficou estranho.

JdB   

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