Madeira, 1 de Julho de 2021 |
No espaço de meia dúzia de meses morreram três primos da minha família: o mais velho tinha 70 e muitos poucos anos, os outros andavam pelos 65 a 67, por aí. Dois morreram, se não vítimas do COVID, por complicações derivadas do vírus.
Sendo que todos tinham o mesmo apelido do que eu, poderia dizer que o número de pessoas que usa este nome decresceu assinalavelmente (um amigo diz-me que é uma família que morre muito). Ainda que pertinente, não é isso que me preocupa: tal como escrevi neste estabelecimento relativamente a outro primo, morre mais um bocado de memória. A este primo que morreu há 2 dias unia-me um laço de amizade recente. Mas éramos da mesma família, tínhamos histórias em comum, ele era detentor de conhecimentos que desaparecem com ele, conhecimentos de que eu queria ter usufruído, mas não fui a tempo.
Durante muito tempo ouvi o meu pai dizer que tinha de falar com fulano/a porque essa pessoa tinha conhecimentos relevantes - ou apenas interessantes. Nunca o fez, e as pessoas morreram, levando para a cova um manancial de histórias e informações que mais ninguém tem.
Com a morte deste meu primo morre mais uma fatia importante da memória da família. Já não me resta muita gente - nem sequer sei quem é que me sobra. Talvez me sobre eu, cheio de vontade mas falho de histórias.
JdB
Nota: no espaço de pouco mais de 1 ano morreram duas pessoas cujas iniciais seriam SdB. Em Outubro, recupera-se uma perda. O saldo continua negativo, mas há uma esperança na renovação.
Lamento mais essa morte.
ResponderEliminar"Falho de histórias" não se te aplica, de todo.
Abr
fq