Sobre mim disse o meu querido amigo fq, frequentador e, numa dada altura, contribuinte para este estabelecimento:
"... um homem nostálgico que vive por vezes do passado..."
Também disse outras coisas, mas estas são as que interessam para agora.
Num telefonema que lhe fiz ontem ao fim da tarde confirmou-me a efeméride, materializada na data de aniversário de quem já cá não está. Hoje, mas há 45 anos, começávamos uma amizade ininterrupta até aos dias de hoje: 45 anos de algumas viagens, de muita partilha de citações queirozianas ou de músicas, de valores que nos tornam iguais, apesar das diferenças, de almoços no clube de que escolhemos ser sócios em simultâneo, de muita partilha de sucessos e desafios, de muito jogo de cartas onde o vi ser o que é hoje: um misto invejável de risco e segurança.
Este sábado estive no casamento da filha do meu querido amigo ATM, igualmente frequentador e contribuinte deste estabelecimento. À conversa com alguém que conheci ao jantar, informei: tenho pelo ATM uma amizade recente, com 20 anos. A pessoa que me ouviu espantou-se com a junção de 20 anos e de recente. Olho para o ATM e, salvaguardadas todas as diferenças, é uma amizade igualmente partilhada: muita conversa, muito debate, muita confidência. Num certo sentido, 20 anos são 45 anos. As amizades são um produto da antiguidade e da intensidade. Por isso, dizer uma amizade recente, com 20 anos, é apenas uma constatação cronológica, não um juízo de valor. Talvez pudesse dizer dele o que uma amiga escritora dizia de algumas pessoas: é a minha mais recente amizade de infância.
Num perfil que me fizeram para uma revista de fim de semana afirmei que nunca recorrera a psicólogos ou psiquiatras. Não porque tivesse algo contra esta classe médica, mas porque fui fazendo a minha terapia com amigos. Tanto o fq como o ATM se incluem nesse rol. Bons ouvintes, bons interlocutores, inteligentes diferentes mas igualmente notáveis.
Sou, de facto, um homem nostálgico que vive por vezes do passado. As minhas amizades não se medem pelo que ainda vem, mas pelo que já passou. O passado é certo, o futuro não. E só o passado nos permite rir com citações que a mais ninguém dizem nada, porque feitas num momento que só fica na memória dos que fixam tudo, até os pequenos-nadas.
Era Eurico, o gardingo!
JdB
No entanto, realço que nas contribuições para custear o lauto jantar com que terminámos em beleza o ano de king (1976?) quem contribuiu menos foi JdB, pela simples razão de que, segundo as regras instituídas, foi o que menos perdeu no cartear.
ResponderEliminarMas agradeço tuas (benévolas) palavras!
Prossigamos, na fúria da carreira......
Abr, também ao ATM.
fq