15 junho 2022

Moleskine

Aeroporto de Lisboa (I)

Tem causado furor e indignação as horas de espera a que os turistas de fora da Europa são submetidos no Aeroporto de Lisboa. As fotografias são explicativas. Sim, é indigno, como me parece indigno ouvir um governante dizer que não há solução. Como também me parece indigno alguém responsável dizer que a situação se deve a um pico de chegadas. Vou imaginar que há uma série de aviões que chegam inesperadamente, sem que ninguém saiba, perante o espanto dos controladores áereos de voo - olha mais um! e olha outro ali... ena pá, tantos!  

Aeroporto de Lisboa (II)

No espaço de três ou quatro semanas embarquei numa low cost para Viena de Áustria - Terminal 2, portanto.  O espectáculo é de vergonha: uma sala apinhada de gente que não se consegue mexer, uma sanduíche a custar os olhos da cara e, para terminar, uma casa de banho cujo cheiro me fez lembrar a tasca mais tasca de província há 40 anos. O cheiro era - e perdoem-me o grafismo - a mijo. Que imagem damos de Portugal?

TAP

Querer viajar na TAP é como ir a Toronto e querer comer um pastel de nata - é uma decisão sem grande racionalidade por detrás. Vim na TAP de Viena para Lisboa: o voo atrasado, como é costume nestes voos de fim de dia; monitores na sala de embarque a informarem a obrigatoriedade de um procedimento que já não é obrigatório há mais de um mês; por fim, uma assistente de terra que, à pergunta se aquele procedimento era para cumprir, respondeu secamente: não sei. À chegada a Lisboa, o avião a estacionar - como de costume - no ponto mais afastado do edifício; 15 minutos de espera dentro de um autocarro porque um outro autocarro que embarcava passageiros em trânsito para o Funchal não se desviou 5 metros. Respondi a um questionário habitual: fui demolidor.

Frase ouvida por aí

"o turismo vai matar o turismo".

O que somos depois de mortos

O Sr. Verde, como foi conhecido, viveu uns escassos 31 anos, tendo morrido de tuberculose pulmonar. Na sua adultez dedicou-se a algumas actividades comerciais herdadas de um pai, pessoa abastada. Era conhecido, repito, por Sr. Verde. Quando morreu passou a ser conhecido como Cesário Verde. Tiraram-lhe o título de senhor, colaram-lhe o apelido que já tinha e nascia o poeta. Embora a mesma pessoa, o Sr. Verde não era o Cesário Verde. São dele, de Cesário Verde, e não do Sr. Verde, os versos seguintes. 

Merina

Rosto comprido, airosa, angelical, macia,
Por vezes, a alemã que eu sigo e que me agrada,
Mais alva que o luar de inverno que me esfria,
Nas ruas a que o gás dá noites de balada;

Sob os abafos bons que o Norte escolheria,
Com seu passinho curto e em suas lãs forrada,
Recorda-me a elegância, a graça, a galhardia
De uma ovelhinha branca, ingénua e delicada.

JdB  

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