A fotografia de cima foi tirada nos arredores de Kuching, na Malásia. A fotografia de baixo foi tirada em Batu Cave, a 30 minutos de comboio de Kuala Lumpur, igualmente na Malásia. São diferentes geograficamente - uma é da península (como é referida aquela parte do país) a outra da ilha de Bornéu. Embora não tenha a certeza, estou convicto de que a pessoa da fotografia de cima não seria hindu.
Apesar de todas as diferenças, há algo que as torna iguais. O quê? A presença da modernidade, representada por um telemóvel ou por uma lixadora eléctrica. Quem os empunha veste-se de forma tradicional - um nativo do Bornéu, um hindu da Malásia. Porém, apesar do tradicionalismo da vestes, já nada se faz sem o recurso à tecnologia.
Há 5 anos, talvez, estive no Japão. Entrei num templo onde imperava a madeira, o silêncio e as figuras de -Buda. Nada naquele espaço tinha vestígios de uma modernidade ruidosa; tudo era convidativo de um certo recolhimento. As pessoas, descalças, caminhavam pelo interior do templo sussurrando. Eis senão quando aparece um jovem local com uma t-shirt, uma calças modernas e um boné com a pala virada para trás. Aproxima-se da caixa das "esmolas", abre um saco de plástico e despeja as contribuições num movimento eficaz e de recolha ruidosa da generosidade dos fiéis. Num minuto tinha desaparecido uma certa espiritualidade despojada para abrir espaço a uma mundanidade excessivamente terrena.
Uma lixadora eléctrica, um telemóvel, um saco de plástico. Por mais tradicionais que queiramos parecer, somos sempre traídos pelo conforto da modernidade.
JdB
Com o acordo pleno deste visitante quanto às modas.
ResponderEliminarMas toda a tecnologia muda: melhorando ou desaparecendo.
Podemos e devemos ir contribuindo para essas mudanças.
Abraço