11 julho 2024

Poemas dos dias que correm

Amador sem coisa amada

Resolvi andar na rua
com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque com a mão.
 
Quando a angústia embaciar
de tédio os olhos vidrados,
olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.
 
Amador sem coisa amada,
aprendiz colegial.
Sou amador da existência,
não chego a profissional.  
 
antónio gedeão
poemas escolhidos
edições joão sá da costa
1999

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