01 agosto 2024

Moleskine

Machico - Porto da Cruz, Julho de 2024
 Jogos Olímpicos (I)

Oiço, antes dos Jogos Olímpicos começarem, uma entrevista com alguém ligado à nossa comitiva. Diz a uma determinada altura: temos fé em medalhas. Dei por mim a pensar nas medalhas que tenho ou tive: uma de Nossa Senhora do Carmo, outra de Santa Teresa do Menino Jesus, outra de um desgraçado Coração de Jesus. Nessas medalhas pode ter-se fé - talvez mesmo uma fezada; nas outras, nas olímpicas, há que ter confiança. Talvez por isso, por se confundir e confiança, vamos trazendo pouco ouro, prato ou bronze para Portugal, ainda que sejamos os melhores em tudo, segundo o nosso Presidente.

Jogos Olímpicos (II)

Gustavo Ribeiro, o nosso skatista na versão street (não estou certo de uma ou de ambas as palavras em itálico) foi prematuramente afastado, mas olha em frente com esperança - diz que ainda tem dois Jogos Olímpicos pela frente. Isto é fé e confiança em simultâneo. Vai treinar para ser melhor, conta estar vivo. 

Jogos Olímpicos (III)

Pouco tenho contra os neologismo. Na verdade, sou um grande produtor deles, embora mais por ignorância do que por criatividade. Mas nada me irritou tanto nos últimos dias (sou de irritação fácil) do que ler a expressão mesatenista aplicado às nossas representantes já afastadas, ambas com nomes chineses. O que se chamará aos que saltam à vara: saltavaristas? E aos que correm o hectómetro? Hectometristas? 

Expressões criativas

Nos últimos dias fui brindado com expressões novas, mas muito interessantes: Gabriel Alves, essa lenda do comentário futebolístico, falava na volumetria emocional (não afianço o emocional) referindo-se aos adeptos do desporto-rei. Num outro sítio, alguém se referia a alguém como sendo um cristal de energia. Podemos ler muito, mas há expressões que estão para além do poder limitado e vulgar dos humanos. São o fruto de um relâmpago, de uma epifania, de um golpe de asa.

Frase

Já percebi que o que as ilhas têm de mais belo e as completa é a ilha que está em frente – o Corvo, as Flores, Faial, o Pico, o Pico, S. Jorge, S. Jorge, a Terceira e a Graciosa...  (Raul Brandão, in As Ilhas Desconhecidas, e que descobri ao começar a ler Mau Tempo no Canal). A frase é interessante e uma possível metáfora para a vida: afinal, o que cada um de nós tem de mais belo e nos completa é aquele / aquela que está à nossa frente ou ao nosso lado. 

JdB   

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