18 junho 2025

Vai um gin do Peter’s ? 

 CAMÕES EM NOVA IORQUE 

Graças à Fundação portuguesa «Gaudium Magnum» foi constituída uma parceria artística com o Museu nova-orquino Hispanic Society Museum & Library para divulgar Camões no coração de Manhattan. A iniciativa conta também com o apoio da Embaixada de Portugal em Washington e do Instituto Camões. Começou, logo em Outubro de 2024, com uma conferência internacional sobre o poeta português, a que se seguirá a exposição «The Legacy of Luís de Camões: Portugal’s Greatest Poet | Hispanic Society of America», cuja inauguração decorrerá no próximo dia 26 de Junho terá inaugurada. Ficará patente até 3 de Setembro, no Terraço Audubon daquele museu da Broadway (between 155th and 156th Streets).    


«LUÍS DE CAMÕES: UMA ODISSEIA DE PALAVRAS E MUNDOS
Hispanic Society Museum & Library, Terraço inferior Audubon (Nova Iorque)

Quem és tu, Camões?”  Esta pergunta, feita ao lendário poeta português, convida-nos a reflectir sobre identidade, curiosidade e a busca pelo conhecimento. Para encerrar o programa desenvolvido pela Fundação e pela HSM&L de celebração dos 500 do nascimento de Camões, Isabel Almeida traz-nos uma exposição que investiga a vida, as viagens e o legado literário de Camões, um explorador tanto na poesia quanto na realidade.

O século XVI foi um período de transformações, uma era de Descobrimentos. Enquanto Portugal expandia a sua influência marítima, cartógrafos redesenhavam os mapas do mundo e a ciência florescia. Camões viveu essa época, capturando o espírito deste período em «Os Lusíadas», onde narra a viagem de Vasco da Gama à Índia. Inspirada na literatura clássica, mas profundamente moderna na sua visão, a sua obra épica expressa as tensões entre passado e presente, mito e realidade, exploração e introspecção.

Esta exposição ilustra como o mundo foi re-imaginado: como os continentes evoluíram na sua representação e como a cartografia influenciou as descrições poéticas dos mares de Camões. Quem é o verdadeiro herói de Os Lusíadas? Seria Vasco da Gama, a nação portuguesa ou o próprio Camões? Por meio de uma narrativa envolvente, a exposição examina a sua visão do heroísmo, desde o mítico Adamastor até às suas reflexões sobre destino, justiça e ambição humana.

Trata-se de uma obra que mistura a epopeia clássica com tradições ibéricas e sonetos líricos com uma crítica social afiada. Descubra como a sua poesia entrelaçou influências diversas, para criar um legado intemporal. Os visitantes são convidados a interagir de novas maneiras com as palavras e ideias camonianas, oferecendo uma nova perspectiva sobre o seu legado. 

Junte-se a nós nesta viagem literária—onde as palavras se tornam mapas, a poesia encontra a história e a voz de Camões ecoa através do tempo.» 

Sinopse da exposição no portal da Fundação Gaudium e Magnum

* * * 

«THE LEGACY OF LUÍS DE CAMÕES: PORTUGAL’S GREATEST POET PORTUGAL’S GREATEST POET

At the close of the European Renaissance, when intellectual curiosity and scientific inquiry were flourishing, Luís de Camões, Portugal’s most celebrated poet, lived a life marked by travel and exploration.

To commemorate the 500th anniversary of Camões’ birth, the Gaudium Magnum Foundation and the Hispanic Society Museum and Library are strengthening their partnership through a public program of events. It comprises an exhibition featuring a selection of rare books related to Luís de Camões and a symposium highlighting the major contributions of European humanists and artists to the cultural dynamics of the sixteenth century.

His writings were deeply influenced by his experiences as a navigator for the Portuguese empire. Camões’ most renowned work, the epic poem “Os Lusiadas”, published in 1572, immortalizes Vasco da Gama’s historic discovery of the sea route to India. This seminal text, considered the most important work in Portuguese literature, masterfully recounts the journeys of Vasco da Gama, as well as those of Pero da Covilha and Afonso de Paiva.» 

Sinopse da exposição no portal do Museu 
nova-iorquino – Hispanic Society Museum & Library 

Numa curta-metragem, a curadora da exposição em Nova Iorque antecipa uma visita guiada ao seu conteúdo, maioritariamente constituído por monografias antigas, exibidas num Museu onde os Descobrimentos das duas potências da Península Ibérica merecem lugar de honra: 


Aqui chegados, impõe-se desbravar um pouco da história da Fundação Gaudium Magnum, contada pela cofundadora Maria Cortez de Lobão, que recua à última década do século XX. Hoje, o acervo já abrange mais de uma centena de obras-primas, sobretudo pictóricas e de autores portugueses, que ombreiam com peças de escultura e de mobiliário, tapeçarias, ourivesaria e instalações diversas. O próprio nome da fundação diz muito sobre o espírito que a inspirou e continua a guiar – Grande Alegria (explicado a partir do min. 3:03 do seguinte vídeo) – cunhado na expressão latina «Gaudium Magnum». Trata-se da expressão vaticana, proferida pelo Cardeal Camerlengo, para anunciar a magna notícia da escolha do novo Papa: «Annuntio vobis gaudium magnum! Habemus Papam!”» (anuncio-vos uma grande alegria – temos Papa), como aconteceu há um mês (8 de Maio), quando Leão XIV assumiu a Cátedra de Pedro. Na analogia de M. Cortez de Lobão: corresponde à boa nova, que ecoa nas famílias, quando nasce um bebé:


Se esta aventura de colecionismo começou há perto de 30 anos, a Fundação só foi criada em 2018, com o objectivo de «enaltecer Portugal, a língua portuguesa, a sua cultura e as suas gentes. Pretende ser uma instituição aberta ao mundo, promover o Bem Comum e contribuir para uma sociedade mais justa, à luz dos valores cristãos e da missão de Portugal no mundo. Para isso, aposta em quatro eixos estratégicos: Cultura, Educação, Beneficência e Investigação. No campo cultural e, em particular, na sua coleção de arte, reúne um valioso espólio de peças centradas em Old Masters, com uma forte componente de autores portugueses.» [in https://www.gaudiummagnum.org/].

Em tempo de Santos Populares, onde até os manjericos servem de pedestal verde a versos divertidos e informais, percebe-se como a cultura nacional está eivada de poesia, em todos os formatos e gostos literários. Ainda bem que Portugal teve o privilégio de um dos seus compatriotas ser dos maiores poetas de todos os tempos. Até naqueles pequenos retângulos hasteados na ‘erva dos apaixonados’, típica desta quadra festiva caberiam, na perfeição, excertos de sonetos camonianos: «Busque Amor novas artes, novo engenho,/ Que dias há que n'alma me tem posto /um não sei quê, que nasce não sei onde,/ vem não sei como, e dói não sei porquê.»; «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, /Muda-se o ser, muda-se a confiança; /Todo o mundo é composto de mudança,/ Tomando sempre novas qualidades»; «(Amor) É um não querer mais que bem querer/ É um andar solitário entre a gente /É nunca contentar-se de contente /É um cuidar que se ganha em se perder», já para não falar da célebre abertura do seu soneto mais célebre: «Amor é fogo que arde sem se ver».  


Ainda bem que Amália cantou Camões no maravilhoso fado musicado por Alain Oulman: 


Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

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