(imagem retirada da net)
Nota prévia:
Fujo do frio como o diabo da cruz. Gosto de calor, de roupas leves, de teses queimadas e de brisas mornas. Vou pois ter a honra de inaugurar uma nova rubrica de listas neste prestigiado blogue com o "top ten" dos maiores calores que apanhei até agora. Foram situações extremas, na maior parte dos casos muito desagradáveis e que só confirmam o adágio popular de que "tudo o que é de mais chateia". A classificação tem mais a ver com o incómodo de que me lembro sentir do que propriamente com a temperatura. Todas as situações aconteceram contudo bem acima dos 40ºC.
Os 10 maiores calores (no sentido literal) que apanhei na minha vida e onde
1º Khyber Pass (fronteira entre o Paquistão e Afeganistão)
Se relativamente à maior parte dos outros casos não me lembro da temperatura
exacta que fazia, neste caso lembro-me bem. Quando saí do automóvel para
participar numa cerimónia oficial ao ar livre o termómetro marcava 49 graus.
A região, terra de esconderijo do Bin Laden, de terrorismo e de todo o tipo
de tráficos, é um lugar de uma beleza rara. Desolado, rude e extremo (no
Inverno as temperaturas descem aos 20 graus negativos), transmite-nos
simultaneamente uma sensação de encanto. Por lá passaram o Alexandre da
Macedónia, o Gengis Khan e outros conquistadores mais modernos. Todos se
deram mal. Se calhar foi por causa do calor.
2º Bombaim (Índia)
Também aqui me lembro da temperatura que apanhei: 47 graus. E o pior é que
às 2 da manhã estavam ainda 37 graus. Acrescente-se uma humidade a rondar os
100% e temos a antecâmara do inferno. Tive ali a sensação de que o calor
pode ser insuportavelmente opressivo. Disseram-me que estive lá na altura
pior. Que depois vêm as monções e que, com elas, vem a libertação. Só pode.
3º Manaus (Brasil)
Que me desculpem os brasileiros, mas Manaus é um buraco infecto, pegajoso e
irrespirável. Tem no entanto um povo muito simpático, um teatro lindíssimo e
umas caboclas de fazer parar o trânsito. Foi importante no curto período em
que teve o monopólio do comércio da borracha e os seus habitantes acham que
vai voltar a sê-lo um dia com base nas riquezas ainda inexploradas da
Amazónia. Tomei banho na piscina do hotel à meia-noite e sequei-me ao ar sem
precisar de uma toalha. Tal era o calor.
4º Tete (Moçambique)
Moçambique não é propriamente um país frio, mas os moçambicanos consideram
Tete o pior que lá há em termos de calor. Passei por Tete algumas vezes a
caminho do Malawi e pude confirmar os relatos dos soldados portugueses que lá estiveram em operações militares. Um autêntico forno, garanto-lhes, com
temperaturas a rondar os 45 graus. Ao que parece, o trabalho nas minas de
carvão da região é considerado um dos mais difíceis do mundo. Dentro das
minas as temperaturas ultrapassam, e bem, os 50 graus.
5º Nicósia (Chipre)
Quando o avião estava para aterrar no aeroporto de Larnaca (que serve a
cidade de Nicósia) o piloto informou que na capital de Chipre estavam àquela
hora 44 graus. Lembro-me do bafo que entrou no avião quando a porta se abriu
e lembro-me também da água da piscina do hotel ser quente ao ponto de não
apetecer tomar banho. Na volta turística que dei pela cidade não houve
igreja na qual não entrasse. Não por nenhum súbito acesso de Fé ortodoxa,
mas porque eram os únicos sítios frescos onde se podia estar.
6º Sevilha (Espanha)
Sevilha é, segundo consta, a cidade da Europa que detém o record da
temperatura mais elevada. Não estive lá no dia do record, mas os dias de
Verão que lá passei deram para perceber que o calor faz parte integrante da
vida daquela cidade. Nas horas mais quentes não se vê ninguém na rua, porque
efectivamente não é humanamente possível andar na rua. É uma espécie de
Sibéria ao contrário. A minha mãe tentou andar 100 metros para apanhar um
táxi e desmaiou.
7º Darwin (Austrália)
Haverá certamente sítios mais quentes no interior da Austrália, mas Darwin é
seguramente a cidade litoral com temperaturas mais altas ao longo de todo o ano. Estive lá num Verão particularmente rigoroso e lembro-me concretamente
do vento escaldante e das enormes dores de cabeça que provocava. A cidade
mais próxima fica a 4 horas de avião. No meio apenas um enorme deserto de
onde sopra o vento. Nos jardins públicos de Darwin vêm-se centenas de
aborígenes alcoolizados à procura de sombras para curar as bebedeiras.
Pudera...
8º Dubai (Emiratos Árabes Unidos)
Dubai tem o típico calor do deserto apenas temperado por uma ténue brisa
marítima. É o Algarve nos piores dias elevado à décima potência. No entanto,
tudo lá é tão climatizado que se consegue estar vários dias sem se dar pelo
calor. O pior é quando se tem que vir à rua durante o dia. Armei-me em
independente e resolvi caminhar do hotel até um centro comercial lá perto.
Pensei que ia ter um treco. Fiquei completamente desidratado e, à chegada ao
centro comercial, devo ter bebido alguns três litros de água.
9º Roma (Itália)
Muita gente já deve ter ido a Roma no Verão e sabe pois o calor que lá se
pode apanhar. Lembro-me concretamente de um dia de Julho em que tinha umas
horas livres entre duas reuniões e resolvi fazer turismo a pé, engravatado.
Acabei por ter que ir a correr ao hotel tomar um duche e mudar de roupa pois
fiquei encharcado em suor. Lembro-me também de ter desligado o ar
condicionado antes de adormecer e de ter acordado no meio da noite como se
estivesse dentro duma sauna.
10º Almodôvar (Portugal)
Que me lembre, foi em Almodôvar que apanhei o maior calor em território
português. Vinha do Algarve para o Alentejo e parei para pôr gasolina. O
termómetro do carro indicava 43 graus.
JdC
* publicado originalmente a 10 de Novembro de 2011

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