03 agosto 2008

Tempo de férias

Tal como há uma semana, começo o texto com a frase: hoje é Domingo, e não esqueço a minha condição de católico. Agosto é o mês das férias por excelência. Não vou correr o risco de maçar os meus potenciais leitores com considerações pessoais sobre esta época. Fica, por isso, um texto de Bento XVI (publicado, penso, em 2007) sobre este mesmo tema. Boas férias, para quem as goza, ou está em preparação para.

Os discípulos colocaram a Jesus o problema do stress e do descanso. Os discípulos regressavam da primeira missão, muito entusiasmados com a experiência e com os resultados obtidos. Não paravam de falar sobre os êxitos conseguidos. Com efeito, o movimento era tanto que nem tinham tempo para comer, com muitas pessoas à sua volta. Talvez esperassem ouvir algum elogio por tanto zelo apostólico. Mas Jesus, em vez disso, convida-os a um lugar deserto, para estarem a sós e descansarem um pouco. Creio que nos faz bem observar neste acontecimento a humanidade de Jesus. A sua acção não dizia só palavras de grandeza sublime, nem se afadigava ininterruptamente por atender todos os que vinham ao seu encontro. Consigo imaginar o seu rosto ao pronunciar estas palavras. Enquanto os apóstolos se esforçavam cheios de coragem e importância que até se esqueciam de comer, Jesus tira-os das nuvens. Venham descansar! Sente-se um humor silencioso, uma ironia amigável, com que Jesus os traz para terra firme. Justamente nesta humanidade de Jesus torna-se visível a divindade, torna-se perceptível como Deus é. A agitação de qualquer espécie, mesmo a agitação religiosa não condiz com a visão do homem do Novo Testamento. Sempre que pensamos que somos insubstituíveis; sempre que pensamos que o mundo e a Igreja dependem do nosso fazer, sobrestimamo-nos.Ser capaz de parar é um acto de autêntica humildade e de honradez criativa; reconhecer os nossos limites; dar espaço para respirar e para descansar como é próprio da criatura humana. Não desejo tecer louvores à preguiça, mas contribuir para a revisão do catálogo de virtudes, tal como se desenvolveu no mundo ocidental, onde trabalhar parece ser a única atitude digna. Olhar, contemplar, o recolhimento, o silêncio parecem inadmissíveis, ou pelo menos precisam de uma explicação. Assim se atrofiam algumas faculdades essenciais do ser humano. O nosso frenesim à volta dos tempos livres, mostra que é assim. Muitas vezes isso significa apenas uma mudança de palco. Muitos não se sentiriam bem se não se envolvessem de novo num ambiente massificado e agitado, do qual, supostamente, desejavam fugir. Seria bom para nós, que continuamente vivemos num mundo artificial fabricado por nós, deixar tudo isso e procurarmos o contacto com a natureza em estado puro. Desejaria mencionar um pequeno acontecimento que João Paulo II contou durante o retiro que pregou para Paulo VI, quando ainda era Cardeal. Falou duma conversa que teve com um cientista, um extraordinário investigador e um excelente homem, que lhe dizia: "Do ponto de vista da ciência, sou um ateu...". Mas o mesmo homem escrevia-lhe depois: "Cada vez que me encontro com a majestade da natureza, com as montanhas, sinto que Ele existe". Voltamos a afirmar que no mundo artificial fabricado por nós, Deus não aparece. Por isso, temos necessidade de sair da nossa agitação e procurar o ar da criação, para O podermos contactar e nos encontrarmos a nós mesmos.

5 comentários:

  1. Para mim, JB, acabaram-se as citações. Ninguém mais me ouvirá senão a citar-me. Não porque o que diga seja melhor, mas apenas porque fui eu a achá-lo. Esta será a minha nova vida. Toda a vida fui «agradativa», uma tradução portuguesa para o termo «pleaser», que tanto jeito deu, desde sempre, aos psicólogos. Agora basta. Eu não sei se me quero encontrar comigo. Eu não sei se é através de mim que conseguirei encontrar-me com Deus. Eu já não sei, acredite, o que significa ser católica. Eu estou farta de palavras e, para mal dos meus pecados, estou condenada a viver delas, a prostituir-me, vendendo-as. Agora, JB, eu quero apenas regressar à iletracia e reaprender a ler. É tarde? Não, não é tarde. Não se julgue que é tarde. B mais A, BA. É assim que vou recomeçar. Perdi, com os tempos e a dor, o significado do amor, da alegria, da solidão e de Deus. Quero redescobrir isso tudo para para isso preciso de nascer. A minha mãe é velha e foram-lhe retirados todos os órgãos. Paciência, terei que encontrar outra mãe. E outro pai. E outro amor que os una. E outra primeira noite em que se beijem e se descubram e se amem de preferência na areia e numa noite quente como a de ontem. Preciso que alguém me volte a fecundar e daqui a até morrer espero o que for preciso. Não tenho pressa. Juro-lhe, JB. Deixei de ter pressa.

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  2. Para mim, JB, acabaram-se as citações. Ninguém mais me ouvirá senão a citar-me. Não porque o que diga seja melhor, mas apenas porque fui eu a achá-lo. Esta será a minha nova vida. Toda a vida fui «agradativa», uma tradução portuguesa para o termo «pleaser», que tanto jeito deu, desde sempre, aos psicólogos. Agora basta. Eu não sei se me quero encontrar comigo. Eu não sei se é através de mim que conseguirei encontrar-me com Deus. Eu já não sei, acredite, o que significa ser católica. Eu estou farta de palavras e, para mal dos meus pecados, estou condenada a viver delas, a prostituir-me, vendendo-as. Agora, JB, eu quero apenas regressar à iletracia e reaprender a ler. É tarde? Não, não é tarde. Não se julgue que é tarde. B mais A, BA. É assim que vou recomeçar. Perdi, com os tempos e a dor, o significado do amor, da alegria, da solidão e de Deus. Quero redescobrir isso tudo para para isso preciso de nascer. A minha mãe é velha e foram-lhe retirados todos os órgãos. Paciência, terei que encontrar outra mãe. E outro pai. E outro amor que os una. E outra primeira noite em que se beijem e se descubram e se amem de preferência na areia e numa noite quente como a de ontem. Preciso que alguém me volte a fecundar e daqui a até morrer espero o que for preciso. Não tenho pressa. Juro-lhe, JB. Deixei de ter pressa.

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  3. Bom dia, bom Domingo!
    Conheci hoje este blogue pela mão da Ana Vidal, do «Porta do Vento», e tanto bastou para começar bem o meu.
    Cumprimentos

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  4. Obrigado Cristina Ribeiro pela sua visita. Seria smpre bem-vinda, mais a mais vindo via Porta do Vento. Que bons ventos a tragam. E bom Domingo para si, também.

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  5. Aónimo: não vou responder. Não por desinteresse, má-criação ou outro motivo qualquer. Talvez, e apenas, para que os que me lêem apreciem as suas palavras, os seus pensamentos. O meu comentário daria um texto... Posso citar-lhe uma frase de um colega do meu pai - colega esse que era inteligente, culto, técnica e "geralmente" e que dizia com uma simplicidade enorme: "quem me dera não saber ler".

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