Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de Católico…
Portugal empatava ontem a zero com a Suécia (presumo que fosse o segundo objectivo, nesta hierarquização de propósitos) e eu encetava uma conversa interessante com quem me fazia companhia numa noite de sábado outonal – a gestão da nossa consciência. O título da cavaqueira é meu, mas parece-me que resume, pouco mais ou menos, o que foram aquelas horas de um debate pacífico, sossegado - e esclarecedor, tanto quanto era possível.
Parece-me que há alguma tendência nos dias de hoje (e estou a fazer uma avaliação por baixo) para um excesso de individualismo. Com os meus pedidos de desculpa prévios pelos que se sentirem injustamente atingidos, estou convicto de que a generalidade das recomendações para a recuperação de infelicidades, neurastenias, depressões, tristezas profundas ou nostalgias passam por atitudes individuais de demanda da satisfação: tem de se preocupar consigo, a sua alegria é que importa verdadeiramente, olhe primeiro para si próprio. Se tudo isto funciona em determinados casos – não sou fundamentalista ao ponto de dizer que não -, noutros há em que perverte a escala de valores em que alguns de nós se revêem, e abre portas para o primeiro eu, depois os outros, esquecendo que a felicidade está, tantas vezes, no dar-se.
Quando a nossas opções conflituam com o conforto de terceiros as decisões e os impactos são mais claros, ainda que não mais fáceis. A dificuldade residirá, provavelmente quando as nossas escolhas não prejudicam ninguém, não entram em rota de colisão com quem quer que seja, não se revestem de uma roupagem que diminui a vida de quem nos rodeia. Em todas as alturas poderemos pensar que a escolha de um certo caminho vai prejudicar os interesses de A ou B, ou é intrinsecamente errada à luz de uma cultura que é transversal a quase todos, de um quadro legal em que vivemos. Talvez sigamos essa via, mas no outro prato da balança está um próximo, um outro que poderá sofrer com isso.
Mas, e com este raciocínio termino, quando as escolhas conflituam apenas com os nossos próprios princípios, quando estamos certos de que ninguém sairá prejudicado (tantas e tantas vezes antes pelo contrário), diminuído ou apoucado – a não ser a nossa consciência ou aquilo em que acreditamos – como fazemos esta gestão? Como fazemos uma escolha entre um quadro de valores de que somos herdeiros (e no qual de alguma forma acreditamos) e uma opção que não afecta directa nem indirectamente terceiros? Como vivemos com o escrúpulo e com o merecimento, com a tranquilidade do corpo e o incómodo do espírito, com o sorriso na boca e a ferida na alma?
O facto de termos um blogue dá-nos este direito invejável: publicar o que nos apetece – dentro dos limites da civilização e do respeito – sem termos de nos preocupar sobre se as nossas palavras são precisas, politicamente correctas, cientificamente provadas. Talvez termine o post de hoje em vírgula. O tempo de que disponho não é muito – e não fará mal se cada um dos leitores resistentes interpretar este texto à luz de uma realidade própria.
A propósito, lembro-me que já lhe mandei este texto anónimo:
ResponderEliminar"Amar é uma decisão"
"Um sábio recebeu a visita de um homem que dizia já não amar a sua mulher e pensava separar-se.
O sábio ouviu… Olhou-o nos olhos, disse apenas uma palavra e calou-se.
- Ame-a.
Mas eu já disse: - Não sinto nada por ela!
- Ame-a! – Disse novamente o sábio.
Percebendo o desconforto do homem, depois de um breve silêncio, o Sábio explicou:
- Amar é uma decisão, não um sentimento: amar é dedicação e entrega. Amar é um verbo e o fruto dessa acção é o amor.
O amor é um exercício de jardinagem: arranque o que faz mal, prepare o terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide.
Esteja preparado porque haverá pragas, secas ou excesso de chuvas, mas nem por isso abandone o seu jardim.
Ame o seu par, ou seja, aceite-o, valorize-o, respeite-o, dê-lhe afecto e ternura, admire-o e compreenda-o.
É tudo. Ame!"