27 dezembro 2008

meu amor vou-te deixar

Tão convincente és no abandono e nunca cumpres. Acabas sempre aqui. Sufocado de saudades, a roer ciúmes, atraiçoado pela voz maldita que reivindica o que é teu. Só teu. A posse é a conquista deste vai e vem.

Tão convincente eu no teu abandono que me vence. Na aceitação com que remato o desespero, na persistência que imprimo à esperança, na culpa sacudida docemente dos teus ombros, dos meus. Voamos outra vez.

Tão convincentes somos neste embalo que a nenhum ocorreu ainda – meu amor, para a alma, cada abandono é sem sentido e o nosso voo perde altura.


DaLheGas

7 comentários:

  1. E eis que se fez poesia.... lindo texto DaLheGas ! Disponha-o, graficamente, em forma de verso e teremos um verdadeiro poema, genuíno grito de alma, belo, profundo e inebriante.

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  2. E eu diria que o deixes estar assim mesmo, sem alterar uma vírgula sequer... é pura prosa poética, um género de que cada vez gosto mais.
    Parabéns, DaLhe.

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  3. Mulheres, mulheres, levei o dia a corar à conta desta posta. Cheguei a agradecer a supressão de parágrafos que meu editor fez. Compacto, talvez se leia pior, e passe despercebido. Mulheres, mulheres, à vossa!

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  4. Soberbo, Dalhe!

    Que faço eu aqui e tu aí?

    Este Mundo está errado.

    RF

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  5. faz o que tens a fazer RF e não resmungues. foi um presente teres gostado :)

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  6. Tão convincente é, na prosa, também poética. Fique.
    O voo ganha altura.

    Á espera de mais, fico.

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