Hoje é o 3º Domingo do Advento, e eu não esqueço a minha condição de católico.
Vim ontem ao fim da tarde do Porto, onde se realizou a festa de Natal da Acreditar. Na véspera tinha estado em Ovar, na fábrica da Salvador Caetano, para receber uma carrinha Toyota Hiace, oferta do Grupo, e que facilitará algumas das nossas actividades.
No auditório da Universidade Católica, uma imensidão de crianças a quem damos apoio (dizem-me que mais de cem), acompanhadas de outros tantos irmãos e pais, todas pertencentes aos núcleos do Porto, Coimbra e Lisboa gozaram algumas horas de um espectáculo divertido e variado, para além do lanche e da entrega de presentes.
É, para todos, uma festa especial. Na imprevisibilidade da vida desta miudagem, para uns será mais uma festa, para outros poderá ser uma das últimas. A nós, Acreditar, resta-nos fazer o melhor possível com o entusiasmo e alegria de sempre, nesta esperança que todos temos de fechar um dia as portas, porque não haverá mais crianças a sofrer de cancro. Ninguém sabe quando, mas todos gostaríamos de estar cá para assistir.
O post de hoje é dedicado, por isso, a todas as crianças que passaram pela Acreditar, às que estão agora connosco e às que aparecerão no futuro, vítimas de uma vida nem sempre justa.
Fica também uma palavra aos voluntários e à estrutura profissional da Associação pelo trabalho magnífico de todos os dias, feito com competência e dedicação e, sabemos todos, tantas e tantas vezes com um nó na garganta.
Por último, um abraço aos Pais, para quem o Natal assume contornos de milagre ou de sufoco, que acreditam até ao fim no desfecho que os deixe voltar a sorrir.
Quem passou épocas festivas num luto ou numa luta sabe que este é um tempo de contrastes, de sensações díspares e tantas vezes antagónicas. Que consigam encontrar todos a força e o ânimo, a vontade de lutar e de aceitar, a resignação de quem não se revolta com a vida, o segundo olhar para encontrar um sentido para o seu sofrimento.
Não consigo nem vislumbrar o que será a dor de perder um filho fora do tempo, mas sei bem, porque o vivi, o que significa o contraste dos sentimentos e novas emoções que desconhecia haver dentro de mim quando, há 3 anos atrás, o meu pai escolheu o dia 24/12 para ir para a sua outra morada. Ninguém me convence do contrário - foi ele que escolheu a data, sim - e escolheu-a porque, exactamente, é um dia de festa, um dia de glória e louvor. A noite do 24/12 passou a ser uma noite duplamente especial, uma noite em que o sentimento prevalecente só pode ser a alegria; e é com essa alegria, e por essa alegria, que, desde há 3 anos, passo a consoada nas ruas desertas e tristes da nossa cidade, tentando levar alguma esperança aos nossos Sem-Abrigos lisboetas. Quem sabe, este ano, passarei por um tal de Largo da Boa Hora ?
ResponderEliminarMaranathá, Bom Natal.
Formidável, o trabalho da Acreditar. Ainda mais neste tempo..
ResponderEliminarGrande abraço de muita admiração.
fq
Bem-Hajam !!
ResponderEliminarmaf, JB, Acreditar, (...)
por acreditarem ser possível,
por darem de vós e fazerem por isso.