É a terceira semana que falo de Natal. Tenho escrito com especial ênfase sobre a festa dos que são vítimas de doenças, afastamentos, desaparecimentos, saudades, angústias, rancores mal resolvidos, perdões que não saem. Tenho escrito, em suma, dos e para os que sofrem. Ontem, num texto magnífico – como é seu costume – DaLheGas escrevia sobre as casas vazias, dele(a), ou dos outros.
Quem aterrar neste blogue e pesquisar textos sobre a quadra natalícia ficará aterrado com o tom porventura depressivo e contrastante com as luzes que brilham nas árvores.
Há uns dias, o(a) nosso comentarista habitual a. (a quem agradeço, como aos outros, a mais-valia que têm acrescentado com os seus escritos) falava na hipocrisia da quadra, em resposta a um texto meu (mesmo que eu não tivesse sentido que o comentário se me dirigia).
Talvez a frase mais citada sobre a época em que vivemos seja a de que o Natal é quando um Homem quiser. Talvez seja mesmo mas, se não conseguirmos que seja Natal para os outros ao longo de todo o ano, como seria saudável e verdadeiramente cristão, que se aproveite esta temporada para ajudar quem sofre. É pouco? É, seguramente – mas ao menos fizemos qualquer coisa, e nesse qualquer coisa tocámos a vida do próximo.
Hoje a Igreja celebra o Domingo da alegria e, ao repensar a minha vida, os meus valores, os meus actos, as minhas falhas, dei por mim a reforçar a ideia – sobre a qual já escrevi – de que tudo o verdadeiramente importante na nossa caminhada é uma viagem de longo curso. Em versão olímpica, uma maratona.
O caminho do Bem pode ser árduo, difícil de trilhar, convidativo à desistência. Fazer as pazes com um amigo pode exigir humildade no reconhecimento das nossas falhas, ou demandar um perdão que o nosso orgulho terá dificuldade em aceitar; promover a pacificação numa família pode dar azo a sentirmos que perdemos importância e poder, porque a cedência das nossas prerrogativas não é confortável e porque, tantas vezes, a divisão entre outros pode embriagar-nos de satisfação. A curto prazo – imediato, mesmo – seguir o caminho recto pode ser uma maçada, um desconforto, um enervamento.
Quem aterrar neste blogue e pesquisar textos sobre a quadra natalícia ficará aterrado com o tom porventura depressivo e contrastante com as luzes que brilham nas árvores.
Há uns dias, o(a) nosso comentarista habitual a. (a quem agradeço, como aos outros, a mais-valia que têm acrescentado com os seus escritos) falava na hipocrisia da quadra, em resposta a um texto meu (mesmo que eu não tivesse sentido que o comentário se me dirigia).
Talvez a frase mais citada sobre a época em que vivemos seja a de que o Natal é quando um Homem quiser. Talvez seja mesmo mas, se não conseguirmos que seja Natal para os outros ao longo de todo o ano, como seria saudável e verdadeiramente cristão, que se aproveite esta temporada para ajudar quem sofre. É pouco? É, seguramente – mas ao menos fizemos qualquer coisa, e nesse qualquer coisa tocámos a vida do próximo.
Hoje a Igreja celebra o Domingo da alegria e, ao repensar a minha vida, os meus valores, os meus actos, as minhas falhas, dei por mim a reforçar a ideia – sobre a qual já escrevi – de que tudo o verdadeiramente importante na nossa caminhada é uma viagem de longo curso. Em versão olímpica, uma maratona.
O caminho do Bem pode ser árduo, difícil de trilhar, convidativo à desistência. Fazer as pazes com um amigo pode exigir humildade no reconhecimento das nossas falhas, ou demandar um perdão que o nosso orgulho terá dificuldade em aceitar; promover a pacificação numa família pode dar azo a sentirmos que perdemos importância e poder, porque a cedência das nossas prerrogativas não é confortável e porque, tantas vezes, a divisão entre outros pode embriagar-nos de satisfação. A curto prazo – imediato, mesmo – seguir o caminho recto pode ser uma maçada, um desconforto, um enervamento.
Mas, no limite, é com a nossa consciência que nos deitamos todos os dias e, mais cedo ou mais tarde, iremos ter a recompensa pela regulação da nossa vida. Mesmo que a tal recompensa venho numa forma diferente daquela a que estamos habituados. Mesmo que seja só, e apenas, a satisfação do dever cumprido, um passo mais que demos no caminho da Perfeição.
O Natal tem que ser quando um Homem quiser. Não para receber ou dar presentes que se compram à pressa num Centro Comercial, mas para tocar a vida do próximo, deixar vestígios (mais do que evidências) da nossa passagem pela estrada dos outros. Trocar olhares, mais do que embrulhos.
Tem razão, a., quando diz que o Natal é uma época hipócrita. Se é, os culpados somos nós, que não deixámos que fosse diferente, que não quisemos que fosse o princípio de todas as melhorias. Os culpados somos nós, que não fizemos nada porque achámos que seria pouco. Os culpados somos nós, quando deixámos que o ter vencesse o ser, quando nos esquecemos de que verdadeiramente rico não é o que tudo tem, mas aquele a quem nada falta.
Ser-se Bom é um percurso, não um destino. Porque não começar agora, e manter o desafio de o prolongar até ao Natal que vem?
O Natal tem que ser quando um Homem quiser. Não para receber ou dar presentes que se compram à pressa num Centro Comercial, mas para tocar a vida do próximo, deixar vestígios (mais do que evidências) da nossa passagem pela estrada dos outros. Trocar olhares, mais do que embrulhos.
Tem razão, a., quando diz que o Natal é uma época hipócrita. Se é, os culpados somos nós, que não deixámos que fosse diferente, que não quisemos que fosse o princípio de todas as melhorias. Os culpados somos nós, que não fizemos nada porque achámos que seria pouco. Os culpados somos nós, quando deixámos que o ter vencesse o ser, quando nos esquecemos de que verdadeiramente rico não é o que tudo tem, mas aquele a quem nada falta.
Ser-se Bom é um percurso, não um destino. Porque não começar agora, e manter o desafio de o prolongar até ao Natal que vem?
Obrigado, mais uma vez, por lerem o que escrevi para mim próprio.
JdB
Obrigada por mais este texto! Para mim, o Natal também tem que ser numa época específica, é uma festa que só pode ser celebrada uma vez por ano tal como os nossos aniversários. Só assim damos verdadeiro sentido ao que festejamos, se fosse todos os dias perdia o significado. Mas concordo completamente consigo quando diz:
ResponderEliminar"Se é (hipócrita), os culpados somos nós, que não deixámos que fosse diferente, que não quisemos que fosse o princípio de todas as melhorias."
É verdade que o Natal, para ser real, implica uma grande transformação interior para dar fruto todo o ano. Mas isso sabemos todos que não é fácil - implica o tal caminho de veredas sinuosas...
Beijinhos e um Santo Advento para que seja "o princípio de todas as melhorias".
Excelente análise!
ResponderEliminarfq
Eu faço a minha parte, JdB, cada qual que faça a sua, se quiser.
ResponderEliminarO pouco que faço, faço-o ao longo do ano, e confesso, acho que nesta época me retraio mais...talvez por defesa.
O mundo que temos é sempre o resultado do que somos, como colectivo. O Todo pode melhorar, se a Parte o fizer. Cada dia que passa, cada momento, cada desafio, cada perda,(...) um passo de cada vez, um dia de cada vez. Pequenas, grandes conquistas.
Perdoe-me se passei algum sentimento negativo, ou triste, não era minha intenção, estive apenas a ser eu própria, verdadeira. Foi o meu desabafo.
Agradeço-lhe a si, aos seus amigos e a todos os que por aqui deixam as suas palavras. Agradeço-lhes o que nos tem oferecido, gratuitamente, também de coração.
É bom voltar aqui, todos os dias...
Mas, mesmo sendo, vou ficar uns dias sem voltar, sequer para vos ler.
É tempo de eu fazer algum Silêncio, voltar à minha concha ou casulo, para deixar de estar cheia e demasiado vazia...
Voltarei em Janeiro, renascida, para vos saudar.
Até lá, desejo-Vos o melhor.
Que sejam Paz, sejam Alegria, Fraternidade, (...)sejam o que escolherem de melhor ser e dar a quem vos rodeia. Sejam.
Um grande abraço,
a.
Eu faço a minha parte, JdB, cada qual que faça a sua, se quiser.
ResponderEliminarO pouco que faço, faço-o ao longo do ano, e confesso, acho que nesta época me retraio mais...talvez por defesa.
O mundo que temos é sempre o resultado do que somos, como colectivo. O Todo pode melhorar, se a Parte o fizer. Cada dia que passa, cada momento, cada desafio, cada perda,(...) um passo de cada vez, um dia de cada vez. Pequenas, grandes conquistas.
Perdoe-me se passei algum sentimento negativo, ou triste, não era minha intenção, estive apenas a ser eu própria, verdadeira. Foi o meu desabafo.
Agradeço-lhe a si, aos seus amigos e a todos os que por aqui deixam as suas palavras. Agradeço-lhes o que nos tem oferecido, gratuitamente, também de coração.
É bom voltar aqui, todos os dias...
Mas, mesmo sendo, vou ficar uns dias sem voltar, sequer para vos ler.
É tempo de eu fazer algum Silêncio, voltar à minha concha ou casulo, para deixar de estar cheia e demasiado vazia...
Voltarei em Janeiro, renascida, para vos saudar.
Até lá, desejo-Vos o melhor.
Que sejam Paz, sejam Alegria, Fraternidade, (...)sejam o que escolherem de melhor ser e dar a quem vos rodeia. Sejam.
Um grande abraço,
a.