Naquele último ano em Angola eu tinha feito uma exemplar 1ª classe. Lia todos os reclames da cidade com destreza, contava dinheiro sem dúvidas e inaugurava-me nos caminhos da Liberdade. Vagueava pelas ruas, juntava-me a uns quantos como eu, e a praia Morena era toda nossa. Eu já estava lançada e a minha família habituada, quando vossemecê apareceu todo badalado. Foi vir e ver: só desgraça, só confusão. A bem dizer, tramaste-me a vida. E não foi pouco. Estava tudo muitíssimo bem encaminhado lá em Benguela. Tudo sobre rodas 25! A minha Liberdade acabou quando a tua começou. Isso não gostei. Não gostei mesmo ó 25.
DaLheGas
lembro-me bem dessa manhã, grande alvoroço, muitas questões, a telefonia aos gritos, os pais com um olhar estranho, não nos deixavam sair, "hoje não há aulas" diziam, as escolas estão fechadas, há uma revolução, uma quê ?? uma revolução ? que é isso, perguntávamo-nos uns aos outros. Na memória, fica a frustação e a raiva de não me deixarem ir ao Largo do Carmo porque, imaginem, era menina e as meninas nessa época não se metiam em politiquices !! Vi os meus irmãos mais velhos desalvorarem de casa, depois de acesa discussão entre o meu pai e a minha mãe, ela não queria, ele condescendia, mas quando chegou a minha vez, ele, meu Pai, lançou as garras de fora e rugiu como um leão: a menina, NÃO ! Et voilá, assim vivi o meu primeiro dia de revolução .... :-) :-) outros tempos !
ResponderEliminarQue maneira mais original de descrever uma revolução política e a transição duma época para outra. Que curiosa a descrição do deslumbramento de uma liberdade individual que se avizinha no horizonte e que, num dia 25, é subitamente cerceada por uma liberdade colectiva.
ResponderEliminartenho de transmitir este pensamento ao meu partido.:)!
pcp
Et voilá, Maf, o País filho da Revolução, nas mãos de quem gritou Liberdade, mas esqueceu as frases com que sujou as paredes: "os ricos que paguem a crise", "a terra é de quem a trabalha", "o povo é quem mais ordena". Olhai agora camaradas no poder, a curva evolutiva do PIB nacional da última trintena, admirai a lindeza dos campos agrícolas, apreciai a azáfama da actividade portuária e o frenesim do tecido industrial. Vejo que vos deslumbram certamente as maravilhas deste nosso amado deserto. Quando eu regressar à horta vinde também, que eu terei todo o gosto em partilhar a enchada.
ResponderEliminarERRATA
ResponderEliminarO dono deste estabelecimento forneceu-me a password para que na sua ausência eu pudesse postar a minha missiva. Dessa invasão, no comentário supra, o sistema assumiu-me como JB. O sistema é cego e eu, DaLheGas, ignorante. Peço desculpa.
enXada, pois!
ResponderEliminarSuperLOL pcp :))
ResponderEliminarDaLheGas,
ResponderEliminarA minha Liberdade acaba quando começa a dos outros, pois no dia 25de Abril, os capitães de Abril, colidiram com a minha, com a dos Portugueses que viviam nas Colónias e com os proprios africanos, pois de repente foram abandonados à sua sorte e agora passam mesmo mal, na mão de alguns poderosos.
Tiraram a Honrra dos nossos jovens mortos sob a nossa Bandeira e em nome deste Portugal.
Liberdade sim, mas esta duvido...
Parabéns.
Obrigada Cris. Assunto controverso - sofria-se muito, a democracia é perniciosa, os homens vulneráveis... :(
ResponderEliminarExcelente perspectiva do 25/4!
ResponderEliminarfq