(Portugal - I)
Da mão o Destino lhes escapou
e, feito nau, caiu ao mar
traçando no azul um rumo
que não puderam recusar.
(Portugal – II)
Dormia com o sol enrolado nos cabelos
e a areia de dentro de si escorria pela mão.
O mar o penetrou
e ao sair
as ervas medraram aí
como em bom chão.
Saíram então da terra
coisas tidas por secretas:
das cinzas criou um barco
das ganas
fez rotas certas.
Depois de parar um instante,
El -Rei D. João Segundo,
meteu a mão na cartola,
do vazio tirou o Mundo.
(Portugal – III)
Criando-se Pátria
aos homens se provou.
E fez-se depois ao mar
como quem um touro cita
para a si mesmo se provar.
(Portugal – IV)
Fim da Europa o criou
tranquilo e regular
e de proibido
só lá pôs o mar.
Da árvore tentação
o mar colheu
e, errante pelo mundo,
se perdeu.
(Portugal – V)
Heróis do Mar
nobre Povo
lúcido Ícaro.
As fontes do teu jardim
jorravam tédio e mel.
Partiste à grandeza.
Destino antigo,
profundamente mergulhaste o vento.
Profanando a Lei,
tocaste, ao de leve, o Sol.
Ferido,
soletraste a dor
e olhaste, coroado de lume,
a luz insuportável.
Só paraste de morrer
quando a terra arrefeceu
e recomeçou das cinzas a nascer,
rente, a erva.
JCN
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