Quem já viveu a despedida irreversível, o adeus definitivo, a partida sem regresso, sabe que nesses tempos de cisão, de separação, de perda, irrompem impetuosamente e coexistem múltiplos sentimentos, pensamentos e memórias, formando, o seu conjunto, um intricado e complexo acervo que caracteriza e individualiza a passagem pessoal de cada um por esses acontecimentos.
Confrontando a minha experiência com a de outros que comigo partilharam situações de perda, reconheço e identifico alguns sentimentos que são comuns a todos e que predominaram no durante e, sobretudo, no depois dos acontecimentos.
De entre esses denominadores comuns destaco o remorso, em especial aquele gerado por silêncios e omissões, e não tanto por acções ou afirmações.
Efectivamente, sente-se culpa e arrependimento pelo que não se fez ou não se disse, em surpreendente preponderância sobre a contrição por actos praticados ou ditos proferidos.
Na verdade, não é o mal que se fez que corrói, mas o bem que se omitiu que consome. Porque efectivamente, na maioria dos casos, as pessoas não exercem a maldade, o que sucede é que omitem a bondade.
Na ocasião do fim da estrada, em que os peregrinos se perdem e se separam para sempre, num ápice de recordação e culpabilidade dolorosa, vem o amargo das palavras que foram caladas, dos olhares opacos, dos abraços adiados, dos beijos reprimidos, dos afagos preteridos, dos acenos esquecidos. Em suma, do amor aprisionado numa interioridade teimosa e orgulhosamente não declarada, oferecida e partilhada.
O que me importa neste texto não é propriamente dissecar o luto da perda, mas antes, a partir de uma constatação da sua essência - o remorso – apelar a uma vivência anterior que evite, ou pelo menos mitigue, que o arrependimento seja par no cortejo de dor e infortúnio que segue o adeus.
Vejamos pois.
A perda de entes queridos sobrevém, ou pela morte física, ou porque deixaram de ser queridos para nós, ou porque nós deixámos de ser queridos para eles.
A morte, essa, é inelutável e imprevisível, escapando por definição ao domínio da vontade humana.
Sobre o epílogo da vida nada podemos fazer, e para este texto este fim importa, porque sendo condição extrema de separação, é a ocasião de remorso em que a generalidade das pessoas incorre, e em cuja teia é justamente apanhada.
A morte surpreende-nos sempre, surge abruptamente, vem sempre na véspera do justo tempo.
Este desfasamento entre o tempo da realidade e o tempo conceptualizado decorre da nossa repulsa ao efémero, radicada na irracional crença da perenidade do que é, portanto, na imortalidade.
Ilusão de perenidade que nos leva ao adiamento do ser, do dizer e do fazer.
Concedemo-nos prazos e amanhãs como se fossemos divindades, e com essa concessão somos surpreendidos pela chegada da hora, com a mesma infantilidade e inconsciência da criança preguiçosa, espantada pela chegada do exame, após ter gasto o tempo de estudo em folguedo.
Prudente e sábio é aquele que não confia em amanhãs e rompe hoje, com toda a urgência, o muro de silêncios e o deserto de omissões que povoam a sua relação com o outro, desconfiando sempre que adiar pode tornar tudo tarde de mais.
Admito, aliás, que no chamado leito de morte se possa obter, em derradeira instância, o perdão por actos praticados, se consiga a generosa e pacificadora absolvição de quem parte pelo mal que foi feito, mas já não estou tão certo que esse perdão possa recair sobre uma vida que, não tendo sido vivida, condenou outra a também não o ser, tantos foram os silêncios e omissões que as preencheram. Apagar “instantaneamente” um erro é possível, mas reconstruir décadas de “nada” será, provavelmente, uma ficção impossível, mesmo para o mais bondoso.
Deixando a morte, abordemos os actos entre vivos
O silêncio e a omissão corrompem, minam e destroem os alicerces de qualquer relação.
A ausência e vazio entre presentes fisicamente é mais destruidora e arrasadora do que a distância real que se possa interpor entre duas pessoas.
A mera justaposição, as rotinas do estar e acontecer, o conformismo de uma realidade estagnada como água de lago camarário abandonado, são as causas reais da deterioração da relação.
O fim do princípio sucede quando nos surpreendemos - mas passamos a aceitar - o automatismo da vivência, o quando e como nos tornámos para o outro em peça de uma engrenagem comprometida a um funcionamento mecânico de sobrevivência e subsistência, incluindo de imagem e figurino.
O princípio do fim ocorre quando um dos dois, em inoportuna lucidez, conclui que tudo se resume a um continuar por continuar, a um caminhar, passo após passo, sem felicidade, prazer, desfrute, ideal ou esperança nesse roteiro.
E estes desencontros, estas dissonâncias, estes distanciamentos, pior e no limite, estas (des)intimidades, estas (des)cumplicidades, este estranhamento do outro são, regra geral, resultado do silêncio e da omissão que passou a ser dominante.
Na verdade, a essência dos protagonistas não se alterou. Porém, as palavras de amor, de ternura, de confiança, de compreensão, de sonho, de confissão, de esperança, de medo, de valorização, de exaltação, de importância, de ansiedade, de desafio de... e de… que unem, cimentam e criam a verdadeira e permanente aliança, passaram a ser omitidas, deixaram, pura e simplesmente, de ser ditas.
Quando se queriam permanentes, actuais, constantes, oportunas, em cada fase e momento da vida, porque cada quotidiano reclama o compromisso de partilha plena de tudo o que nos vai na alma, para não sobrarem destroços que, em se acumulando em solidão, acabam por formar uma açude, uma barreira, um muro, que obstrui, reduz e acaba por eliminar a fluidez indispensável para a mesma seiva alimentar a mesma planta, sendo que é este o compromisso do amor, que assim vai sendo negado e que acaba por soçobrar.
Estes silêncios não são gerados pelo desamor ou desencanto, ou grandes desencontros. São gerados porque a desconfiança, o medo, a preguiça, o excesso de confiança os recomendam ou consentem, e a vergonha, o pudor, o temor do ridículo, da revelação da verdade, da frustração perante a vida acabam por os impor.
Do mesmo modo, e no mesmo sentido, sucedem as omissões de actos. Falo de manifestações e expressões físicas que corporizem as palavras que deviam ser ditas e que as securitizariam, complementariam e demonstrariam, cuja ausência deixa um vazio de gestos, impossível de suportar, compreender e aceitar.
Ora, este silêncios e omissões minam e corroem os alicerces, expondo-nos à vulnerabilidade de qualquer agressão externa, que funciona apenas como detonador para a pólvora que essas lacunas constituem.
Nada nem ninguém destrói uma relação, apenas detona o explosivo em que ela se converteu, e sucede a implosão. Um “amo-te”, um “preciso-te”, um “quero-te”, um olhar, um sorriso, um carinho, um abraço, um beijo, acontecidos no tempo e modo do outro, e de nós próprios, tornariam esse detonador em mero estalido de carnaval…
E o melhor é que a minha fé, neste sentido, não exige heróis, nem vencedores, nem estrelas, apenas homens e mulheres sensíveis, atentos e conscientes de que o amor não é um título, uma qualidade, um direito, uma propriedade, mas um estado de graça, que, pela palavra e pela acção, tem de ser vivificado e fortalecido permanentemente. Acredito na dinâmica e sei que a estática liquida.
P.S.: Tudo o que vem dito é para mim válido para qualquer amor, seja ele conjugal, parental, filial e para qualquer afecto, como a amizade ou o companheirismo.
Confrontando a minha experiência com a de outros que comigo partilharam situações de perda, reconheço e identifico alguns sentimentos que são comuns a todos e que predominaram no durante e, sobretudo, no depois dos acontecimentos.
De entre esses denominadores comuns destaco o remorso, em especial aquele gerado por silêncios e omissões, e não tanto por acções ou afirmações.
Efectivamente, sente-se culpa e arrependimento pelo que não se fez ou não se disse, em surpreendente preponderância sobre a contrição por actos praticados ou ditos proferidos.
Na verdade, não é o mal que se fez que corrói, mas o bem que se omitiu que consome. Porque efectivamente, na maioria dos casos, as pessoas não exercem a maldade, o que sucede é que omitem a bondade.
Na ocasião do fim da estrada, em que os peregrinos se perdem e se separam para sempre, num ápice de recordação e culpabilidade dolorosa, vem o amargo das palavras que foram caladas, dos olhares opacos, dos abraços adiados, dos beijos reprimidos, dos afagos preteridos, dos acenos esquecidos. Em suma, do amor aprisionado numa interioridade teimosa e orgulhosamente não declarada, oferecida e partilhada.
O que me importa neste texto não é propriamente dissecar o luto da perda, mas antes, a partir de uma constatação da sua essência - o remorso – apelar a uma vivência anterior que evite, ou pelo menos mitigue, que o arrependimento seja par no cortejo de dor e infortúnio que segue o adeus.
Vejamos pois.
A perda de entes queridos sobrevém, ou pela morte física, ou porque deixaram de ser queridos para nós, ou porque nós deixámos de ser queridos para eles.
A morte, essa, é inelutável e imprevisível, escapando por definição ao domínio da vontade humana.
Sobre o epílogo da vida nada podemos fazer, e para este texto este fim importa, porque sendo condição extrema de separação, é a ocasião de remorso em que a generalidade das pessoas incorre, e em cuja teia é justamente apanhada.
A morte surpreende-nos sempre, surge abruptamente, vem sempre na véspera do justo tempo.
Este desfasamento entre o tempo da realidade e o tempo conceptualizado decorre da nossa repulsa ao efémero, radicada na irracional crença da perenidade do que é, portanto, na imortalidade.
Ilusão de perenidade que nos leva ao adiamento do ser, do dizer e do fazer.
Concedemo-nos prazos e amanhãs como se fossemos divindades, e com essa concessão somos surpreendidos pela chegada da hora, com a mesma infantilidade e inconsciência da criança preguiçosa, espantada pela chegada do exame, após ter gasto o tempo de estudo em folguedo.
Prudente e sábio é aquele que não confia em amanhãs e rompe hoje, com toda a urgência, o muro de silêncios e o deserto de omissões que povoam a sua relação com o outro, desconfiando sempre que adiar pode tornar tudo tarde de mais.
Admito, aliás, que no chamado leito de morte se possa obter, em derradeira instância, o perdão por actos praticados, se consiga a generosa e pacificadora absolvição de quem parte pelo mal que foi feito, mas já não estou tão certo que esse perdão possa recair sobre uma vida que, não tendo sido vivida, condenou outra a também não o ser, tantos foram os silêncios e omissões que as preencheram. Apagar “instantaneamente” um erro é possível, mas reconstruir décadas de “nada” será, provavelmente, uma ficção impossível, mesmo para o mais bondoso.
Deixando a morte, abordemos os actos entre vivos
O silêncio e a omissão corrompem, minam e destroem os alicerces de qualquer relação.
A ausência e vazio entre presentes fisicamente é mais destruidora e arrasadora do que a distância real que se possa interpor entre duas pessoas.
A mera justaposição, as rotinas do estar e acontecer, o conformismo de uma realidade estagnada como água de lago camarário abandonado, são as causas reais da deterioração da relação.
O fim do princípio sucede quando nos surpreendemos - mas passamos a aceitar - o automatismo da vivência, o quando e como nos tornámos para o outro em peça de uma engrenagem comprometida a um funcionamento mecânico de sobrevivência e subsistência, incluindo de imagem e figurino.
O princípio do fim ocorre quando um dos dois, em inoportuna lucidez, conclui que tudo se resume a um continuar por continuar, a um caminhar, passo após passo, sem felicidade, prazer, desfrute, ideal ou esperança nesse roteiro.
E estes desencontros, estas dissonâncias, estes distanciamentos, pior e no limite, estas (des)intimidades, estas (des)cumplicidades, este estranhamento do outro são, regra geral, resultado do silêncio e da omissão que passou a ser dominante.
Na verdade, a essência dos protagonistas não se alterou. Porém, as palavras de amor, de ternura, de confiança, de compreensão, de sonho, de confissão, de esperança, de medo, de valorização, de exaltação, de importância, de ansiedade, de desafio de... e de… que unem, cimentam e criam a verdadeira e permanente aliança, passaram a ser omitidas, deixaram, pura e simplesmente, de ser ditas.
Quando se queriam permanentes, actuais, constantes, oportunas, em cada fase e momento da vida, porque cada quotidiano reclama o compromisso de partilha plena de tudo o que nos vai na alma, para não sobrarem destroços que, em se acumulando em solidão, acabam por formar uma açude, uma barreira, um muro, que obstrui, reduz e acaba por eliminar a fluidez indispensável para a mesma seiva alimentar a mesma planta, sendo que é este o compromisso do amor, que assim vai sendo negado e que acaba por soçobrar.
Estes silêncios não são gerados pelo desamor ou desencanto, ou grandes desencontros. São gerados porque a desconfiança, o medo, a preguiça, o excesso de confiança os recomendam ou consentem, e a vergonha, o pudor, o temor do ridículo, da revelação da verdade, da frustração perante a vida acabam por os impor.
Do mesmo modo, e no mesmo sentido, sucedem as omissões de actos. Falo de manifestações e expressões físicas que corporizem as palavras que deviam ser ditas e que as securitizariam, complementariam e demonstrariam, cuja ausência deixa um vazio de gestos, impossível de suportar, compreender e aceitar.
Ora, este silêncios e omissões minam e corroem os alicerces, expondo-nos à vulnerabilidade de qualquer agressão externa, que funciona apenas como detonador para a pólvora que essas lacunas constituem.
Nada nem ninguém destrói uma relação, apenas detona o explosivo em que ela se converteu, e sucede a implosão. Um “amo-te”, um “preciso-te”, um “quero-te”, um olhar, um sorriso, um carinho, um abraço, um beijo, acontecidos no tempo e modo do outro, e de nós próprios, tornariam esse detonador em mero estalido de carnaval…
E o melhor é que a minha fé, neste sentido, não exige heróis, nem vencedores, nem estrelas, apenas homens e mulheres sensíveis, atentos e conscientes de que o amor não é um título, uma qualidade, um direito, uma propriedade, mas um estado de graça, que, pela palavra e pela acção, tem de ser vivificado e fortalecido permanentemente. Acredito na dinâmica e sei que a estática liquida.
P.S.: Tudo o que vem dito é para mim válido para qualquer amor, seja ele conjugal, parental, filial e para qualquer afecto, como a amizade ou o companheirismo.
ATM
Não tendo por hábito - questão de feitio - comentar os 'posts' das minhas companheiras e companheiros de jornada, aqui no 'adeus, até ao meu regresso', vejo-me confrontado com a absoluta justeza e, infelizmente para mim, com o sentido de oportunidade destas suas palavras.
ResponderEliminarMuito obrigado por dar corpo de letra a coisas nem sempre articuláveis, principalmente quando estamos 'no centro do furacão'. E todos estamos. Ou estivemos. Ou estaremos..
flores,
gi.
Ganda ATM.
ResponderEliminarA perda tem isso mesmo. O peso do remorso do que não foi dito, vivido e assumido. É um angústia que se instala, amordaçada por um sentimento de culpa tão grande, que podemos estar dias , meses, anos, a imaginar como poderíamos ter feito o outro mais feliz.
Mas sabe ATM, nós somos, por vezes tão teimosos, rotinados, formatados e aparvalhados, que a vida continua e nós tendemos a persistir nos mesmos erros.Continuamos, com os que ficam, a cometer o mesmo desamor, o mesmo afastamento, a desviar gestos e carícias, a consolidar a ausência de partilha.
Porquê, pergunto eu?
A vida é tão curta, e quase ninguem entende que é pelo amor, com amor e abusando das manifestações de amor, que somos felizes e fazemos os outros felizes.
Fabuloso percurso pelo mundo dos afectos. A simplicidade e acertividade dos conceitos choca com o facto de observarmos, ciclica e repeditamente nas nossas vidas, ou nas dos que nos são próximos, as mesmas omissões e as mesmas consequências.
ResponderEliminarÉ bom parar, pensar e, pelo menos, tentar evitar a próxima. Porque "tentar é falhar com honra"...
ATM, parabéns e um enorme obrigada por estes momentos.
moc
ATM,
ResponderEliminarEstou consigo, nesta análise.
Mas, vem sempre o mas...
Temos que pôr um ponto final no sentimento de culpa e remorso, no início doss nossos lutos.
Quando amamos realmente, basta por vezes, um olhar e estamos a dizer amo-te, quero-te, adoro-te.
Já perdi pessoas MUITO importantes na minha vida, e o melhor que posso fazer neste momento, é falar.
Falar, falar muito dessas pessoas, mesmo que os nossos amigos e alguns familiares, já não suportam ouvir, este tipo de memórias.
Um dia num Funeral, quando tentava começar a iniciar o meu luto, e estava a confortar, a pessoa mais chegada`ao Falecido, a maior lição de vida que recebi foi:
"Entre nós não ficou nada por dizer, tivemos tempo de dizer tudo um ao outro."
Quando "enterramos" pessoas que estão vivas, é para nossa defesa, porque, são pessoas que nos fazem mal, que por vezes se tornam caúticas.
Ora uma pessoa sã, não tem por princípio auto flagelar-se, portanto, retira essas pessoas das suas vidas e até das suas Orações.
O que mais me assusta nestas grandes perdas, ao contário do que se diz,"que o tempo mata todas as dores", é a capacidade que o ser humano de arrumar nas prateleiras do cérebro, as lembranças reais, isto é o sabor da voz, a profundidade de um olhar, um maneirismo, uma gargalhada, a falta de lhe fazermos o seu prato favorito, o cheiro do perfume na pele, (que só naquela pessoa resulta aquele aroma especial).
Isto sim, assusta-me pois eu sei que eles estão sentados no Paraíso a olhar por nós todos, mas o luto começa quando perdemos estes sabores.
As lágrimas essas, nunca secam...
Parabéns mais uma vez.
Até para a semana, no seu banco.
ATM, palavras tão profundas, estas do seu Largo, e ressonâncias tão sentidas, estas de quem comenta ! Já perdi, pela morte, pessoas muito, muito próximas de mim e aprendi, por mim, a despedir-me delas em vida. Concordo em absoluto consigo que a grande mágoa advém do que não se fez, do que não se disse. Por isso, aprendi que o importante é agir hoje, porque o amanhã pode não vir. Na minha familia, nunca houve o "culto do toque". Éramos muito chegados, mas não tinhamos o hábito de dar beijos ou abraços uns aos outros. Dois ou três meses antes do meu Pai morrer, literalmente obriguei-me a ultrapassar esse muro; em boa-hora o fiz, porque na hora da sua morte pude estar de mão dada com ele e fazer-lhe festas na careca :-) Este é somente um pequeno exemplo, bem sei, mas penso que ilustra o que você escreveu no seu Post de hoje. São muitas vezes pequenos nadas que constroem grandes vidas.
ResponderEliminarAté para a semana, no seu Largo.
Concordo com a sua reflexão e com os ecos pessoais por aqui deixados.
ResponderEliminarE se de facto nada poderemos fazer em relação às pessoas que perdemos pela morte, do que tentarmos não repetir esses mesmos medos, erros, e omissões, o mesmo já não se passa com as pessoas que ainda estão vivas.
Estamos sempre a tempo de desfazer esses mesmos medos, erros e omissões- basta querer, perdoar, amar incondicionalmente, ousar.
Estamos sempre a tempo de falar, exprimir, afectos, sentimentos, seja pela palavra, pelo toque, pelo carinho, da maneira que nos for possível ou melhor da maneira que julgaríamos para nós impossível.
Superarmo-nos também nessa situação, sair dos nossos limites (auto-impostos) confortáveis. Prefiro perder por excesso e não ser compreendida, do que nem sequer ter tentado...do que assumir a perda, mesmo sem ela existir.
Assumir simplesmente o que achamos que o outro pensa, sabe, quer, é destituir-lhe essa capacidade individual de ser, de pensar, de querer. É entrar nesse tal reino obscuro e profundo de silêncios e omissões, onde tudo cabe, que tudo abarca, todas as suposições, todos os mal-entendidos, tudo.
Uma vez falava com uma amiga sobre ter agradecido ao ex-marido a vivência em comum, e ela respondeu-me que ele sabia, eu insisti, mas disseste-lhe?, não não disse, não era preciso...
Pois eu acho que é preciso, tal como o Amo-te, o Obrigada, e o Desculpa, são palavras omitidas, proscritas, que nunca deviam sair da nossa boca. ( ainda que possam ser outras com o mesmo significado)
Mesmo quando a quem são ditas não as entenda, não as respeite, ou não as aceite. Esse já não é problema nosso, se foram sentidas é bom que sejam ditas. Esperar que o outro saiba, é muito vago, muito pouco, não chega.
Isto enquanto há vida .
Os afectos, os relacionamentos, alimentam-se e precisam de 'pão' e sustento, tal como o corpo, diriam que precisam ainda de mais pão..
Até á sua volta, fique bem, bem amado e bem querido. obrigada por mais este dia.
a.
years fly. moments last forever.
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