Realizaram-se neste fim-de-semana que passou, como já é hábito há alguns anos, os dias da música no CCB. Quem olha para o que é proposto acha que esta é a forma encontrada pelo CCB para conseguir entrar para o livro do Guinness. São dois dias (não conto com o primeiro, que tem só o de abertura) ‘apinhados’ de concertos. O programa não tem um único furo. Não há cá pausas para o café. É tudo seguido, desde as onze da manhã até à meia-noite, com muitas sobreposições pelo meio.
É o segundo ano que vou. E, pelas duas experiências, parece-me que é o segundo de muitos. O ano passado os dias tiveram como tema Bach. Tive o prazer de assistir (juntamente com o dono deste estaminé) a um excelente concerto.
Este ano o tema foi ‘As Paixões da Alma’. Quem espreitou o programa percebia que as paixões da alma englobam de tudo. Desde recitais de piano a peças para coro e orquestra passando por tango, acabando num homem que fazia música com copos de cristal. Agradava a gregos e a troianos.
Depois de analisar o programa escolhi três concertos. Uma maratona entre as seis da tarde e a meia noite. O primeiro era o de um pianista turco conhecido principalmente pelas suas interpretações características de peças clássicas e não só. Mas, como se sabe, os turcos são pessoas que adoecem com muita facilidade. Deve ser da brisa fria que sopra ali à beira-mar. E por motivo de doença do pianista o concerto ficou sem efeito.
O CCB tratou de arranjar um substituo. Tenho o maior respeito pelo Sr. Jorge Moyano (que tem enormes parecenças físicas com o Avô Cantigas) mas, sinceramente, não era quem eu queria ver tocar. Ainda assim assisti ao concerto, porque sempre se ouve qualquer coisa nova. As peças eram todas de Schumann. Não conhecia nada dele e, no fim, acabei com pouca vontade de conhecer mais. Não tenho uma dúvida de que é por falta de cultura musical minha, mas tudo o que ouvi me disse pouco.
O segundo concerto foi de um cantor norte-americano chamado Corey Harris. Blues puros. Guitarra, voz e um pé a bater no chão para marcar o passo. Foi um excelente concerto. Não lhe dou 10/10 porque houve ali três ou quatro músicas a puxar para o reggae, que não beneficiaram ninguém. Nem a mim, porque acho que é sempre a mesma coisa, nem a ele, que não conseguia explorar todo o potencial voz / guitarra.
Acabado este, foi correr para o grande auditório para o último concerto da maratona. E este sim, foi uma verdadeira paixão da alma. Um coro Gospel, com a ajuda de um piano, de um baixo e de uma bateria. É um cliché dizer que transmitem uma alegria contagiante a cantar, mas acho que essa é a única justificação para, em algumas músicas do concerto, o grande auditório - à pinha - estar de pé a cantar, a dançar e a bater palmas.
Ainda mais espantoso é perceber que este público não é propriamente do género de acompanhar o que se passa em palco com dança e cantoria. Mas a verdade é que vi pessoas de oitenta anos a abanar as ancas como se não houvesse amanhã. Fica abaixo um cheirinho do que se passou, e recomendo que não percam o espectáculo quando eles cá voltarem.
SdB (III)
Que espectáculo de descrição, SdB (I). Gostei imenso. Só me apeteceu ter estado também na tal maratona sem pausas! Não há como a música, de facto, para contagiar a alma. Escreva mais sobre música... pcp
ResponderEliminarCom esta partilha de música fantástica ainda me faz mais pena ter falhado, este ano, os Dias da Música... Mas obrigadíssima pelo excelente testemunho.
ResponderEliminarM.Z.
Não escolheria este programa, decididamente, e por culpa da minha ignorância.Ficarei atenta para a próxima edição. SdB, adorei a sua experiência.
ResponderEliminarQue belo cheirinho que aqui nos deixou!
ResponderEliminarObrigada Muna e continue a desbravar a música.
Beijinhos
Caro Muna,
ResponderEliminar3 registos diferentes, sempre óptima música.
É caso para dizer que "quem sai aos seus não é de genebra"!
Um abraço,
fq
Obrigado pelos comentários.
ResponderEliminarE reforço aqui a ideia: se o London Gospel Choir voltar a Portugal, recomendo que ninguém perca. Mesmo para quem o Gospel não esteja no top5, garanto que não sai desiludido.
SdB (III)