Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de católico.
Coube-me em sorte, nesta divisão quinzenal com a minha amiga MAF (que ela vence como se eu fosse um indigente destas coisinhas da religião...), um dos evangelhos de que mais gosto, e que talvez oiçamos com particular atenção por alturas da Páscoa. É um trecho que, além de me comover, tem um efeito que talvez outros sintam, mas que tenho dificuldade em explicar por palavras - o reforço da minha Fé.
Para muitos, este evangelho é um mistério - no que a expressão tem de mais corriqueiro. Então basta o arrependimento no último instante e já está? Paraíso connosco? E a justiça com os que se portaram bem a vida toda? Basta um último esforçozinho e é a porta grande que nos garante a eternidade, ao lado dos impolutos de sempre? Onde está, então, a equidade?
Abraçar este texto é abraçar a certeza de que a justiça divina não se rege pelos nossos critérios humanos de recompensas / castigos.
Abraçar este texto é abraçar a certeza de uma verdade reconfortante, que se radica em algo em que não vemos mas em que acreditamos. Em algo que veremos, porque acreditamos.
Abraçar este texto é abraçar a certeza de que ambos os ladrões são filhos de um Deus que olha para eles por igual.
Abraçar este texto é abraçar a certeza de que o Céu somos nós que o construímos, que o inferno só existe nos nossos corações.
Abraçar este texto é abraçar a certeza de um Deus que não é senão Amor.
Bom Domingo para quem me lê.
JdB
EVANGELHO – Lc 23,35-43
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
os chefes dos judeus zombavam de Jesus, dizendo:
«Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo,
se é o Messias de Deus, o Eleito».
Também os soldados troçavam d’Ele;
aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam:
«Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo».
Por cima d’Ele havia um letreiro:
«Este é o Rei dos judeus».
Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados
insultava-O, dizendo:
«Não és Tu o Messias?
Salva-Te a Ti mesmo e a nós também».
Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o:
«Não temes a Deus,
tu que sofres o mesmo suplício?
Quanto a nós, fez-se justiça,
pois recebemos o castigo das nossas más acções.
Mas Ele nada praticou de condenável».
E acrescentou:
«Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza».
Jesus respondeu-lhe:
«Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
João,
ResponderEliminarTambém gosto muito deste Evangelho.
Excelente o teu comentário.
Um abraço,
fq
Bom dia João, (aqui não há vencedores nem vencidos !):-). De facto, à primeira vista este Evangelho parece-nos muito injusto. Do nosso ponto de vista, custa-nos entender porque razão os que se empenham ao longo da sua vida não têm uma melhor compensação, relativamente áqueles que nunca se esforçaram sequer! Tal como você (e muito bem!) comenta, este evangelho, vem mais uma vez, dizer-nos que o amor de Deus é ilimitado, incondicionável. Apesar de um amor assim estar para lá do racionalmente compreensível, a única comparação que talvez se aplique é o caso de uma Mãe, que consegue amar igualmente o filho 'todo certinho' e o seu outro filho que anda desaparecido, metido na droga. Qual a Mãe (ou Pai) dos nossos tempos que se recusa receber esse filho, no dia em que ele lhes venha bater à porta para, sinceramente, pedir desculpa? Aprendi que para compreender os Evangelhos, temos que os ler com olhos e coração de Mãe.
ResponderEliminarBom domingo
Maf
Acabada de chegar de um retiro, posso talvez contribuir com um comentário a este evangelho, porque precisamente o ouvi, em primeira mão, há cerca de 4 horas: não são verdadeiramente os nossos pecados que nos condenam, são as nossas obras, feitas por Amor, que nos salvam. Assim, sendo os dois ladrões pecadores, um há que amou mais. E porque amou mais, talvez até ao longo da sua vida e não só nos instantes finais, teve a sua recompensa. Acho esta perspectiva fantástica. Há partida, segundo "aprendi" agora, estamos todos salvos. Deus quer que todos sem excepção se salvem. Mas a nossa salvação é feita por nós. Não importa tanto se temos um génio pavoroso (o meu caso), se somos horrivelmente impacientes (moi outra vez), se somos orgulhosos, altivos ou interesseiros ... isso não é bom (nada bom!), mas enfim .... Se, no entanto, e apesar de tudo, tivermos amado os nossos irmãos, feito bem aos pobrezinhos da esquina, nos tivermos esquecido de nós quando a nossa família, amigos ou conhecidos precisavam de nós (não vou enumerar todas as boas acções que se podem fazer!!), então AMÁMOS MUITO. E, portanto, circularemos na Via Verde que conduz ao outro mundo. Enfim, é mais ou menos esta a ideia....Bjs. pcp
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