nunca acumulou fotografias, polaroids, retratos, photomatons.
tinha a secreta esperança de que assim espantaria os espíritos
de tudo o que o despertava alta noite dentro, esse berbequim
obsceno e dilacerante (ocorrem-lhe palavras: cenotáfio, memento,
dor).
rectângulos de papel, cheios de ferrugem e de esquinas dobradas
pelo tempo; quadrados de película, fixando para sempre o que não
existirá outra vez. o que, se calhar, não terá nunca existido, senão
bem dentro da sua delirante cabeça (ocorrem-lhe palavras: estalar,
dor).
dois ódios de estimação o acompanhavam vida fora, desde menino:
estatuetas, daquelas bem vivas; e arquivos, daqueles bem mortos.
(pudesse ao menos apagar as palavras que lhe rebentam os dedos.
e as memórias.)
gi
Bom dia gi.
ResponderEliminarNão conseguimos passar por cá sem deixar um trilho, mas se nos deixarem, seguimos o traçado dos outros. Esta é a natureza humana.
So what? É mais fácil. Odiamos as representações e as memórias que também não nos pertencem.
Espreite o clip. Atente no passeio entre as árvores e o andar sobre as marcas no alcatrão. Somos assim.
Belo texto e Boa semana gi.