30 novembro 2012

Deixa-me rir...

Caros Audiophiles, I have been suffering this past month from "zona". For anyone who has experienced it, you will know that it is very painful and makes concentration and sleep difficult. But two days ago I managed to sleep well the whole night. "At last!", I thought, the pain is beginning to reduce, normal life can begin again...

"At last" leads me, rather clumsily, to this week's featured singer. Etta James. Her career spanned gospel and soul, blues, rhythm & blues and rock & roll, and she recorded several famous songs like I'd Rather Go Blind and I Just Want To Make Love To You, but her signature song, and the title of her first album in 1960, was At Last:



Her powerful soulful voice is really well captured live on stage, here singing with Dr John and accompanied by the great BB King:




A proxima.
PO

29 novembro 2012

Falando do nada

Sejamos humildes...

Quando nos atacam e a nossa razão fica vencida, de um modo geral despoletamos em nós a despropositada couraça do orgulho mal estruturado e continuamos a defender a nossa tese. Estupidamente, entenda-se, porque um homem sem razão comete o espectáculo triste de ser um demente a fingir que tem juízo. Porém, como perder com honra e ganhar com mérito são qualidades raras e muito menos propagandeadas, é comum assistirmos a este defeito numa humanidade empoleirada no seu pedestal de vaidade, que, obviamente, cada um toma à sua medida e gosto.

Aqueles que sabem perder e retiram da “derrota” a lição e a força que os enobrece, são os heróis do mérito e os campeões da honra. Não lutam numa batalha quando a sentem perdida ou que a mesma tenha apenas como fim a destruição do “adversário”. Procuram antes saber como ganhá-la, porque sabem como a perderam.

Tenho para mim, uma verdade claríssima: Nem todo o perder é desonra ou demérito, pois quantas vezes as grandes vitórias começam no ponto exacto onde se sofreram as mais humilhantes derrotas!

Porém, ser sereno e humilde aos olhos de quem nos provoca, torna-se, frequentemente, numa tarefa de dimensões gigantescas. E, também, num carisma raro neste mundo em desordem espiritual …

Porquê? – É uma pergunta que os homens conscientes fazem à sua inteligência  perturbada pelo agitar incessante das bandeiras do “vale tudo” e do anarquismo reinante e prepotente. Como resposta, o mutismo de uma pedra alojada no peito da maioria, quando urgente é que volte a morar a chama quente e serena nesses corações. E, quanto a valores, estamos conversados: Faz o que te eu digo, não faças o que eu faço - é agora o novo mandamento, que tudo explica e tudo desculpa…

Pelo que todo o homem, que consegue sentir a chama ardente desse dom que vem bem lá do Alto a aquecer-lhe a intemperança que o mundo lhe teima em atirar, é um pequeno santo, que vai a caminho da jornada feliz prometida a todos os homens, e que todos devemos tentar aproveitar…

É urgente amar, para viver!

JC

28 novembro 2012

Banco Alimentar


Não acrescentarei muito mais à novela persecutória que certa esquerda moveu contra a Isabel Jonet. Conheço-a há tempo suficiente para me dizer amigo dela sem que com isso me ponha em bicos dos pés. Há uns anos desafiou-me para uma colaboração na Entreajuda mas parece-me que não dei conta do recado, pelo que a instituição ficou a perder. Talvez fosse da minha inépcia, talvez fosse do momento conturbado que vivia. Agradeço-lhe esse desafio.

Somos ambos presidentes de instituições de solidariedade social, muito embora o Banco Alimentar tenha um impacto e uma visibilidade que a Acreditar nunca teve, fruto de características próprias e, sobretudo, do campo de acção significativamente menor. Porque gosto da palavra, e porque não me esqueço da minha condição de católico, ambas as instituições fazem caridade, ambas as instituições chegam, dentro da sua enorme diferença, onde o Estado não consegue chegar. 

Sou o terceiro presidente da Acreditar e não serei o último, não porque deseje qualquer imortalidade, mas porque não é no meu tempo que se vencerá a batalha do cancro infantil. Antes de mim duas pessoas fundaram e levaram a instituição a bom porto. Cada uma delas - eu inclusive - tem as suas características próprias, elegeu áreas onde se sente mais confortável e onde presta um serviço mais eficiente. Tudo em nome da associação, em nome das pessoas a quem servimos e pelas quais existimos. Acima de mim, que não sou mais do que a pessoa escolhida para segurar, metaforicamente, a chave da Acreditar, estão as crianças com cancro. É por isso que, em bom rigor, pouco me interessa a forma e o conteúdo das palavras da Isabel Jonet. Somos ambos, salvaguardadas as diferenças, presidentes forçosamente passageiros de algo que é maior do que nós.

Gostaria eu de ver a Isabel Jonet fora deste cenário? Sim, gostaria, se isso significasse que desapareceria o Banco Alimentar por já não ser preciso. Como gostaria que todas as instituições de solidariedade social - leigas, enquadradas na Igreja Católica ou com inspiração cristã dos seus dirigentes - desaparecessem. Seria sinal de perfeição do mundo ou do Estado, algo que é improvável. Até lá, que todas as isabeis jonets fiquem à frente das suas instituições, apesar de momentos menos felizes ou menos bem entendidos. 

JdB       

27 novembro 2012

Duas últimas

Regressei ontem de manhã do Funchal. Não me lembro de alguma vez ter estado numa localidade sob alerta vermelho, meteorologicamente falando. O facto é que a ilha permaneceu, desde sábado até ontem, parece-me, debaixo de olho da Protecção Civil. Várias pessoas se interessaram, se preocuparam, me recomendaram que não saísse de casa. Sábado à hora de almoço o Pingo Doce estava a abarrotar de gente - talvez estivessem a fazer stock para a tempestade...

No Funchal - ou pelo menos no local onde estive - o alerta vermelho foi um exagero. Talvez apenas uma precaução. No domingo, em resposta à pergunta "e o tempo?", respondi que o clima estava outonal para os nossos standards. Na véspera choveu ininterruptamente durante muito tempo, o que é algo que enerva os madeirenses, talvez lembrados das últimas trágicas cheias. Para nós, continentais sem os riscos dos ilhéus, nada daquilo era muito grave.

A fotografia que postei ontem dá a dimensão do alerta vermelho. Na Fajã dos Padres, próximo do Cabo Girão, não se via vivalma - mas apenas porque chovia. O mar estava cavado, grosso, mas já vi pior na baía de Cascais. Enfim... Não estou a desvalorizar as preocupações, apenas a pensar que o que é vermelho lá não é necessariamente vermelho cá...  

***  

Arredado desde há algum tempo das minhas obrigações de parceiro no Duas Últimas, regresso com fado, desta vez com os irmãos Moutinho. O Camané é presença regular neste blogue, não como visitante, mas como pessoa que se deixa visitar. Os irmãos nunca por cá passaram.

Não sei se as opiniões se dividem quanto a quem é melhor, passe a subjectividade da expressão. Sem desprimor por ninguém, o Camané é o meu fadista (homem) preferido da actualidade. Mas, confesso, não conheço suficientemente bem a discografia dos irmãos para ter uma opinião definida. 

Disponibilizo três fados, para quem os quiser ouvir. Dois deles - o do Pedro e o do Camané - foram escolhidos por causa das letras, embora sejam estilos totalmente diferentes. Do Hélder encontrei pouco, pelo que vai o que me pareceu mais interessante.

JdB






26 novembro 2012

Fotografias dos dias que correm

(Fajã dos Padres, em dia de alerta vermelho)

Fórmula para o caos

Opções políticas para 2013:

PSD: clarificar onde quer cortar os 4 mil milhões da despesa pública.

PS: clarificar que impostos quer aumentar para evitar o corte na despesa.

CDS: clarificar se está, ou não, empenhado na coligação governamental.

BE: clairificar se pretende continuar como um partido de protesto, ou se se coloca em convergência para uma coligação à esquerda com o PS.

PCP: nada há a clarificar. Sabemos que, no mundo, somos todos estúpidos menos os cubanos e norte-coreanos.

Pedro Castelo Branco

25 novembro 2012

Domingo... Se Fores à Missa!

Todos nós, certamente, em algum momento da nossa vida nos perguntámos: “Que vim eu fazer a este mundo? Qual  a minha missão?”

Para Jesus, aparentemente, essa questão não se põe!  Ele sabe claramente a resposta, não tem dúvidas: “Vim a este mundo para dar testemunho da Verdade”.

Também nós, independentemente da missão que cada um possa ter, devemos ser testemunhos da verdade e vivê-la em todas as vertentes da nossa vida.

Mais do que não dizer mentiras, a verdade é viver em coerência; coerentes com o nosso verdadeiro eu, com aquilo em que acreditamos, com os nossos princípios e com os valores que nos incutiram.

Quando deixamos de ser verdadeiros, fingindo ser o que não somos ou aparentando ser diferentes daquilo que realmente somos, o nosso eu interior entra em conflito e, mais cedo ou mais tarde, desmorona-se, entra em colapso. Talvez, até, consiga iludir os outros e a mim própria durante algum tempo, mas não vou conseguir fazê-lo por muito tempo. E o resultado é sentir-me infeliz!

Eu lido muito mal com a mentira, sempre lidei! Sou pouco tolerante e não sei perdoar, principalmente se se tratar de mentira continuada. Custa-me entender as pessoas que vivem em constante mentira e conseguem dormir descansadas, à noite. Dizem que os mentirosos compulsivos, às tantas, já não sabem distinguir a mentira da verdade e acabam por convencer-se, eles próprios, das mentiras que proferem.  Não sei se serão casos patológicos ou se é meramente uma forma de se desresponsabilizarem dos seus actos.

Nós, Cristãos, somos chamados a dar o exemplo e a viver na Verdade. Uma verdade transversal a todas as vertentes da nossa vida, seja na vida pessoal, no trabalho, na família …. Nem sempre é fácil, nem sempre é possível, mas como dizia o poeta, o caminho faz-se caminhando e o caminho da vida não é excepção.

Domingo, Se Fores à Missa ……   sê Verdadeiro!

Maf

Evangelho segundo S. João 18,33b-37.

Naquele tempo, Pilatos entrou de novo no edifício da sede, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és rei dos judeus?»
Respondeu-lhe Jesus: «Tu perguntas isso por ti mesmo, ou porque outros to disseram de mim?»
Pilatos replicou: «Serei eu, porventura, judeu? A tua gente e os sumos sacerdotes é que te entregaram a mim! Que fizeste?»
Jesus respondeu: «A minha realeza não é deste mundo; se a minha realeza fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que Eu não fosse entregue às autoridades judaicas; portanto, o meu reino não é de cá.»
Disse-lhe Pilatos: «Logo, Tu és rei!» Respondeu-lhe Jesus: «É como dizes: Eu sou rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que vive da Verdade escuta a minha voz.»

24 novembro 2012

Lisboa, onde a Europa acontece


Lisboa fora, mais uma vez, capital da Europa; durante 4 dias reuniram-se em Lisboa Chefes de Estado e de Governo para elaborarem mais um tratado; como já havia (ainda que mal aplicado) um tratado de Lisboa, este chamar-se-ia Tratado de Lisboa/Massamá. Para a sua elaboração foram contratados os melhores escritórios de advogados especialistas em parágrafos ambíguos e que só eles, em caso de dúvidas sabem decifrar.(pagando, é claro). Chama-se a esta actividade pareceres. 

Mas eis que chegou o momento mais ansiado: o jantar de gala, que seria num palácio que já fora da Coroa Portuguesa e hoje era pertença dum país sem "coroas" nem para mandar cantar um cego. O Protocolo do Estado, sempre atento, aconselhou o Presidente Cavaco a não comer bolo-rei, e mais não disse por já estar ultrapassado o problema da saliva na comissura dos lábios (fora de Boliqueime diz-se cuspo nos cantos da boca). 

Antes do jantar há um período que é aproveitado para se fazer conversa de "chacha" debitando frases feitas ou ignorâncias. A dado momento, a Rainha de Inglaterra é apanhada por um Fulano que pergunta:

Então Srª D. Rainha, está boazinha? Lá em casa tudo bem? E os seus netinhos quantos aninhos têm? Não me diga! Já foram à tropa, como o tempo passa! E o marido de Vocelência, não veio? Algum achaque. Eu sei que devia trata-la por Madama mas a maneira correcta é difícil de pronunciar; vi uma fita em que ensinavam o seu primeiro ministro a dizer qualquer coisa parecida com mama,mas deve ser engano meu, sou duro de ouvido.

Finalmente, ojantar, com mais conversa de "chacha" para a esquerda e para a direita. 

Até que o insólito acontece. A Rainha Isabel II acaba de meter um osso na boca! O que deve fazer? Mostrar ostensivamente ao anfitrião a "fava"? Desatar aos gritos a dizer atiraram-me um osso? Pôr o osso disfarçadamente na malinha para levar para os cães? Pôr disfarçadamente na prato do conviva que esteja ao lado? Mandar chamar a Paula Bobone e a Lili Caneças para que elas digam a atitude correcta? Chamar a ASAE? Pedir o Livro de Reclamações? Engolir em seco? (É difícil de ir para baixo). Visto ser um ôsso, chamar 7 cães?

O mercúrio desfaz os ossos mas parece que não está previsto em jantares oficiais.

SdB (I)

Crónicas de um universitário tardio

Cumprem-se, por agora, aproximadamente dois meses desde que comecei a pós-graduação. A quem se interessa pelo meu grau de entusiasmo respondo, invariavelmente, que não posso estar a gostar mais. Dada a minha provecta idade, quiçá excessiva para estes devaneios universitários, talvez deixem de indagar. No fundo, é como se tivéssemos um amigo já entradote, loucamente apaixonado por uma brasileira de porto de galinhas com rabo generoso, mão dengosa e idade juvenil a quem já não quiséssemos perguntar nada, por pudor do confronto com a alegria senil.

Devo esta experiência à pcp, que me desafiou, entendendo - e bem! - que seria benéfico para o meu intelecto e para a minha escrita. Devo-o também a quem, mais próximo de mim, me incentivou e me ajudou a atravessar os caminhos de uma linguagem hermética com mão paciente e mente ágil. No outro dia, um amigo seguro, com quem costumo almoçar, elogiava o facto de eu ter querido sair da minha zona de conforto. Do ponto de vista do desafio intelectual, poucas coisas me têm dado tanta satisfação nos últimos tempos. Ficam os agradecimentos a quem de direito.

Esta temporada tem sido fortemente enriquecedora, apesar da confusão que me faz alguma desorganização universitária, as salas de aula acanhadas e os temas que nem sempre domino. Não obstante o nome da pós-graduação - Artes da Escrita - até agora ninguém me ensinou a escrever, partilhou comigo regras da boa sintaxe, acrescentou palavras novas ao meu limitado vocabulário. Como partilhei um destes dias com o meu querido amigo ATM, têm-me ensinado a ler e a pensar. Ao longo destas semanas li autores que nunca lera, autores de cuja existência desconhecia, autores que tentarei conhecer melhor. Ao longo destas semanas travei conhecimento com ensaios sobre temas tão prosaicos como o bife e as batatas fritas (Barthes) ou sobre temas - o Nautilus, de Júlio Verne (também de Barthes) - que acenderam luzes dentro de mim e de outras pessoas. Num repente olhamos para dentro de nós próprios e interpretamos características de forma totalmente diversa. Pelo meio li textos - sobre o rizoma (Deleuze e Guattari), por exemplo - com cujo primeiro parágrafo travei uma luta que perdi.

Até ao final do semestre esperam-me tarefas árduas: a redacção de dois ensaios e a preparação de um trabalho, para a cadeira de Poéticas Contemporâneas, sobre um tema relacionado com o que temos vindo a dar. Durante uma semana a mente esvaziou-se de ideias. Queria algo relacionado com fábricas, área onde tenho uma competência de 20 anos que deveria servir para alguma coisa. Numa conversa de fim de tarde, ao deambular sem roteiro pelas minhas dúvidas, acenaram-me com a materialização do que era vago. Falaram-me do dispositivo panóptico. Não sabem o que é? Também eu não sabia... Agora tenho livros e textos para ler e sobre os quais meditar. Antes da meditação vem a compreensão, que é a actividade mais desafiante. A fábrica do futuro à luz do dispositivo panóptico. Ou coisa assim.

No fundo é isto...

JdB          

21 novembro 2012

Diário de uma astróloga – [39] – 21 de Novembro de 2012

Israel e Palestina

Hoje fazia anos o meu Pai. Ele era judeu praticante mas tinha pouco a ver com Israel, uma vez que a nossa família saiu da Palestina antes do séc. VI, instalou-se no Norte de África, e daí passou para o Algarve. Mas lembro-me que em 1967, durante a Guerra dos 6 Dias, o acompanhei a uma cerimónia, e senti que ele tinha um sentimento de solidariedade para com Israel. Esta recordação fez com que desse mais importância às notícias sobre o reacendimento do conflito entre Israel e a Palestina.

O mundo em geral tem estado distraído com a reeleição do Obama (um alivio), e a eleição do novo presidente chinês Xi Jinping (um enigma). Na Europa, os protestos às medidas de austeridade têm ocupado a atenção dos media. Os astrólogos têm estado ocupados a comentar o eclipse solar do dia 13 de Novembro que só foi visto nos antípodas e, portanto, não chegou ao público do hemisfério Norte. Este eclipse caiu no grau 22 de Escorpião e uma breve olhadela às cartas de Israel e da Palestina despertou a minha curiosidade astrológica.

Toda a zona esteve sob mandato britânico desde 1918 até 1948, quando a Grã-Bretanha, alvo de enormes pressões internacionais, resolve criar os estados de Israel e Palestina a partir das 00:00h de 15 de Maio. A situação era confusa com ataques árabes mas, para afirmar a emancipação do seu país, Ben Gurion, no dia 14 de Maio à tarde, lê a proclamação da independência e às 4:32h pronuncia as palavras “Israel nasceu.”

O estado da Palestina nunca aconteceu, porque foi imediatamente ocupado, quer por Israel quer pela Jordânia e Egipto. Quarenta anos mais tarde, no dia 15 de Novembro de 1988 às 00:40 GMT, Arafat proclamou a independência da Palestina. Passados mais seis anos a autonomia da Palestina veio a concretizar-se no dia 4 de Maio de 1994 às 8:55 GMT depois dos acordos Israel – OLP sob os auspícios de Bill Clinton.

Com estas três cartas precisas, o que nos diz a astrologia e o eclipse do dia 13 de Novembro sobre o reacendimento deste conflito?

Os soberanos da antiguidade tinham o maior medo dos eclipses pois acreditavam que “os poderosos perdiam o poder”, numa metáfora literal ao desaparecimento momentâneo do astro rei. A visão moderna não é tão dramática, mas as energias do grau do eclipse são activadas positiva ou negativamente na carta de um pais e nas cartas pessoais, conforme as acções de cada um e a influência dos outros trânsitos. Mas… horas depois do eclipse o comandante militar máximo do Hamas foi morto durante um ataque aéreo a Gaza.  

O efeito de um eclipse pode demorar meses a manifestar-se e este influencia tanto a Palestina como Israel e o que me perturba mais é Marte, o deus da guerra, activo nas três cartas.






Na carta da Palestina de 1988 o eclipse cai em cima do Sol, enquanto que Plutão (transformação) por trânsito influencia o Fundo do Céu (o território, o sentimento de berço da nacionalidade). Paralelamente, Marte passa no mesmo ponto no dia 28 de Novembro. O Ministro da Defesa de Israel declarou que Gaza deve ser “reformatada”. Esta palavra. normalmente usada no âmbito dos computadores, angustia-me pelo seu conteúdo radical. 

A carta de 1994 ainda me angustia mais: o eclipse cai no nó lunar norte ligado ao destino de um povo. Neptuno por trânsito vai tocar a Lua/Saturno em Peixes em oposição a Quíron (povo confinado, sofredor). Mais sofrimento, mais ilusões e desilusões para os Palestinianos? Assinalado a roxo está também uma quadratura a Vénus que significa os escassos recursos de que dispõem. Nesta carta. Marte entra na casa dos inimigos abertos em Janeiro de 2013. 

Na carta de Israel o eclipse de 13 de Novembro foi oposto ao Sol e conjunto a Quíron, cometa que simboliza sofrimento. Uma oposição implica um confronto, por isso não há duvida de que Israel se sente atacada, não só pelos mísseis, mas também porque o Emir do Qatar com os seus milhões visitou pela primeira vez Gaza no dia 24 de Outubro. Será que os recursos do Palestianos vão ser menos escassos e isso assusta Israel? Nesta carta Marte também está activo, agora por Arco Solar no Ascendente e sabemos que Israel mobilizou o exército e reservistas.




O eclipse de 13 de Novembro foi sincrónico com o reacendimento deste conflito. Os eclipses voltam ao mesmo sítio do zodíaco todos os 19 anos. Em 1993, Yitzhak Rabin e Arafat assinaram o acordo que deu origem à autonomia da Palestina. Esta autonomia não se concretizou com as consequências que conhecemos. Esperemos que também desta vez haja a intervenção benéfica de outras forças presentes no quadro político que estão ausentes do explosivo quadro astrológico aqui analisado.


Luiza Azancot

20 novembro 2012

Duas últimas

Já este mês estive uns dias no Brasil, por razões sobretudo profissionais a que, naturalmente, procurei sempre que possível acrescentar outras mais turísticas e apelativas (o país irmão assim o exige!). O propósito da viagem, analisar in loco possibilidades de estender ao Brasil actividades industriais que já desenvolvemos aqui – internacionalizar, usando o chavão – afigura-se complexo e arriscado, face à escala e dimensão do que temos pela frente. E aliciante, pelas mesmas razões.

Retive desde logo a complexidade da organização do país e das suas várias dimensões: federal, estadual (27 estados) e municipal (mais de 5500 municípios), com alterações significativas das regras e leis, que facilmente podem tramar o incauto. De realçar também a simpatia natural dos brasileiros, por exemplo não há reunião que, na hora do rescaldo, não pareça ter corrido bem. E ainda que o mau e o bom, mesmo o muito mau e o muito bom, ali estão, lado a lado, bem à frente de quem quiser ver, coexistindo de forma mais ou menos pacifica.

Visitei empresas altamente sofisticadas e fiquei com a sensação de que pouco temos para lhes ensinar, em termos de ciência e tecnologia. No entanto, sendo um país enorme e em fase de obra e grandes investimentos, com estádios de desenvolvimento entre regiões muito diferenciados, as oportunidades existem e poderão ser aproveitadas. Com um parceiro local, de preferência, é para aí que apontamos a nossa mira!

Estive em Brasília, cidade “sem esquinas”, na expressão bem observada de um amigo meu, em S.Paulo (cujo nome advém de a 1ª missa celebrada no ermo local em meados do século XVI, pelos jesuítas Manuel da Nóbrega e Anchieta, ter sido no dia da conversão do apóstolo ao cristianismo), em que apesar da confusão e do caos, tudo em doses gigantes, se sente um forte apelo urbano, subi pela rodovia dos bandeirantes até Campinas e Hortolândia (um nome que só poderia ser brasileiro!). Apreciei e senti orgulho no muito que os portugueses fizeram e deixaram neste grande país, e que os brasileiros no fundo admiram e tributam, embora haja sentimentos contraditórios que são compreensíveis.

De duas gerações de nativas de S. Paulo (paulistanas, não confundir com paulistas, naturais do estado), escolhi uma música de cada, na esperança de que gostem. 

fq



19 novembro 2012

Vai um gin do Peter’s?

Aproveitando as boas oportunidades que o acesso à net proporciona a um número galopante de cidadãos no mundo, seguem duas sugestões de links a explorar. Parecem presentes de Natal antecipados, que vale a pena partilhar:

RIJSKS com o melhor site dos museus!

Antes de fechar para obras, o museu de pintura de Amsterdão teve o cuidado de deixar disponível um site fabuloso, onde se podem visualizar as obras-primas do seu valioso património e, melhor ainda, descarregá-las, dar-lhes novas configurações para as adaptar ao desktop, ipad ou a outros suportes tecnológicos do nosso dia-a-dia: https://www.rijksmuseum.nl/en. Com um título apetitoso – «Mergulhe na colecção» (Dive into the collection), abrem-se várias opções: da visita virtual à possibilidade de personalizar e recriar as telas clássicas do Museu (Create your own Masterpiece), ou de explorar a biblioteca.

Segue um artigo delicioso do Miguel Esteves Cardoso (MEC) a anunciar este feito do Rijksmuseum com o humor que lhe conhecemos. Para facilitar, antecipa-se a tela de Rembrandt referida pelo MEC:  

«Auto-Retrato como Apóstolo Paulo», Rembrandt, 1661.

Mas muitos outros quadros nos aguardam neste espaço interactivo do Rijks, onde se esbarra logo com mais Rembrandts (embora a maioria esteja no Ermitage) e Vermeers:

A célebre «Ronda da Noite», Rembrandt, 1642.

LEGENDA DO SITE DO RIJSK: Rembrandt’s largest, most famous canvas was made for the Arquebusiers guild hall. This was one of several halls of Amsterdam’s civic guard, the city’s militia and police.  Rembrandt was the first to paint figures in a group portrait actually doing something. The captain, dressed in black, is telling his lieutenant to start the company marching. The guardsmen are getting into formation. Rembrandt used the light to focus on particular details, like the captain’s gesturing hand and the young girl in the foreground. She was the company mascot.

«A leiteira», Johannes VERMEER, 1660.

LEGENDA DO SITE DO RIJSK: A maid concentrates keenly as she pours milk from a jug. It is a quiet, tranquil scene. The only movement is the flow of milk. Vermeer turned a simple composition of a prosaic subject into an intense work of art. It is in the rendering of light that Vermeer truly excelled, painting tiny dots for highlights, as on the bread and the blue cloth.

«Rebeca e Isaac» ou “Casal judeu», Rembrandt, 1665.


LEGENDA DO SITE DO RIJSK : It seems that Rembrandt painted his subjects as the biblical couple, Isaac and Rebecca. Its popular name, the Jewish Bride, is a later invention.
The portrait is painted with an extraordinarily free hand, as in the sleeve, where the paint is especially thick and shaped to reflect the light.




Miguel Esteves Cardoso

In PúblicoSegunda-feira, 5 de Novembro de 2012

Os olhos em festa




O Rijksmuseum só reabre no dia 13 de Abril. Apetecerá ir a Amsterdão só para ver como ficou e refrescar a vista com os Rembrandts. Mas, enquanto não houver outra maneira de vê-las, o Rijksmuseum acaba de estrear o site mais espectacular dos últimos anos ( https://www.rijksmuseum.nl/en)
Tem todas as obras de arte em alta definição - são cerca de 125 mil - e o motor de busca é exímio. Deixa-nos fazer downloads das pinturas que quisermos.
Encoraja-nos a copiar fragmentos de pinturas para fazer colagens, papel de parede, capas de iPad, tatuagens e outras tolices. Uma delas é adivinhar-nos o gosto, através de cinco escolhas simples (você é mais anjo, dançarino ou eremita?). Depois de respondermos, apresenta-nos uma selecção de obras. Eu fui premiado com muitos bustos do Platão e pinturas de eremitas barbudos.
Gastou-se muito tempo e dinheiro a tornar o museu simpático. Hoje em dia toda a publicidade parece dirigida a adolescentes ignorantes, sem vontade nenhuma de apreciar as artes. Daí empregar-se o estilo "anda daí, meu - deixa o video-jogo e vem curtir uns Vermeers". Dá-se o desconto. Por que não? Contornam-se bem esses desafios a exercer a nossa criatividade retalhando obras-primas com os nossos ratos para chegar às maravilhas desta verdadeiramente magnífica colecção.
O Auto-Retrato como Apóstolo Paulo de Rembrandt já tinha 161 coraçõezinhos quando lá fui mas felizmente, quando se faz o download, desaparecem, juntamente com o desenho da tesourinha vandalinha.

CURTA-METRAGEM memorável e portuguesa!

Na década do revivalismo do mudo, depois do sucesso do filme francês «O ARTISTA» e do português «TABU», é incontornável a curta-metragem de Nuno Rocha, merecidamente premiada, a contar a estória de um sem-abrigo, em flash-back – «MOMENTOS»(1).
A força da imagem dispensa palavras. Comovente o confronto com uma vida que já foi o oposto, pelo menos a nível afectivo, e que talvez ainda tenha possibilidade de ser resgatada… Fica-nos essa vontade, apesar de tudo poder ficar-se apenas pela alucinação onírica em que o protagonista se deixa embalar, arrebatado pelo movimento de pessoas e paisagens sedutoras que disparam, de repente, no grande ecrã de televisão, colado à vitrina da loja onde se abrigara naquela noite.  
Rodado em 2010, o filme pesa também pela crescente actualidade. Sabíamos quanto o risco de empobrecimento rápido era real nos EUA. Mas nem tanto na Europa, até há um par de anos. Ainda assim, o foco de MOMENTOS centra-se no essencial: o que aquele homem é e, afinal, sempre será, independentemente e muito para lá da sua actual circunstância de abandono e marginalidade: 



Se o cenário de reviravolta feliz não passar de uma fantasia que se esfuma em instantes, já é alguma coisa que, ao menos, se possam multiplicar momentos desses num dia-a-dia tão solitário e sofrido. De facto, também o sonho tem o seu papel na vida, enquanto força luminosa ou porto de abrigo – ainda que breve – numa viagem longa e desgastante para muitos, como este sem-abrigo de rosto ossudo, onde ressaltam uns olhos de criança desamparada. Talvez por isso, o sonho seja dos temas recorrentes na poesia portuguesa, tela limpa e inspiradora dos artistas, como acreditam alguns dos nossos poetas:

«Pelo sonho é que vamos
Comovidos e mudos  (…)
Chegamos?  Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
                                                                                (Sebastião da Gama, 1953)

«Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer, (…)
É vinho, é espuma, é fermento,
Que fossa através de tudo,
Num perpétuo movimento. (…)

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre a mãos de uma criança.» 
 («Pedra Filosofal»,  António Gedeão, 1956)

Interpretação de «Pedra Filosofal» por Carlos do Carmo: 



Maria Zarco
(a  preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)
_____________
(1)   Ficha Técnica:

Título original:
MOMENTOS
Realização:
Nuno Rocha
Argumento:
Nuno Rocha e Victor Santos
Produçao:
Filmesdamente
Director de Fotografia:
Pedro Negrão
Som:  
Duarte Ferreira
Banda sonora:
Tokyo Girl
Efeitos Especiais:
Jorge Carvalho
Duração:
7,21 min.
Ano:      
2010
País:
Portugal
        Elenco:

Rui Pena                (sem-abrigo)
Valdemar Santos (2º sem-abrigo)
Ricardo Azevedo  (3º sem-abrigo)
Ana Ferreira         (mulher)
Débora Mineiro   (filha)
Site oficial:

http://nunorocha.net/


Premiado internacionalmente.
Grécia:  Audience Award - Naoussa International Film Festival, 
Cinematic Achievement Award - Thess International Short Film Festival,
França:   Audience Award - Honfleur Film Festival,
Portugal: Best Short and Audience Award - Arouca Film Festival.

18 novembro 2012

33º Domingo do Tempo Comum

Sou reconhecidamente incoerente, não porque a coerência seja, no dizer de alguém próximo, profundamente maçadora, mas porque foi assim que cresci. Um telefone avariado atira-me para os calmantes, uma imprevisibilidade é uma porta aberta à depressão. Não obstante, quando alguém do meu círculo mais íntimo me fala dos seus problemas, não hesito em dizer: felizmente não são tragédias. A  resposta, reconheço-o, é francamente irritante. Não pretendo com ela apoucar as angústias do próximo, mas exercitar a relativização. Tragédias são, de facto, as mortes inesperadas, os sofrimentos, os   desempregos longos sem um horizonte de esperança, a fome, a solidão, a humilhação que a crise potenciou. Cada um de nós tem exemplos desses bem perto de si, se não for na própria casa.

Também por causa do parágrafo acima repito hoje, 18 de Novembro, aquilo que afirmei muitas vezes: apesar de tudo sou um homem de sorte. Poderia falar no facto de ter actividade profissional,  recebimentos relativamente actualizados, saúde, qualidade de vida, independência financeira possível. Só isso, face às dificuldades generalizadas, já seria motivo de júbilo. Muitos outros, com competência igual ou superior à minha, foram vítimas de despedimentos, insolvências, idade avançada, inexistência de alternativas. É por isso que deveria obrigar-me a dizer, quando o telemóvel avaria e eu hiperventilo: felizmente não são tragédias.  

A minha sorte não está só naquilo que é bastante palpável. A minha sorte está, também, nas pessoas que fui encontrando pelo caminho e que permitiram que eu fizesse as minhas maratonas, que pensasse sobre as coisas, reflectisse para dentro de mim próprio ou encontrasse uma explicação para o mistério que é viver. Ao não ter de lutar sofridamente pela sobrevivência, talvez tenha a sorte de estar disponível para encontrar encantos onde outros vêem trivialidades. E isto, que para muitos são minudências, para mim são determinâncias. Sempre que me expus encontrei um eco. Agradeço isso aos meus amigos.

Estas duas semanas foram particularmente fértil: dois almoços com gente que vive momentos difíceis; um telefonema que se recebe depois de uma noite agreste, revelando que os jogos de poder têm uma época; um ensaio que se partilha e que dá origem a descobertas interiores; um café ao princípio da tarde onde se serviu cultura, amizade, um olhar acima da vulgaridade dos dias; uma conversa partilhada numa manhã incerta, comprovando que nada é por acaso, e que o paredão do estoril é mais do que um sítio turístico. De todos estes acontecimentos tirei qualquer coisa. Talvez mais discernimento sobre o meu mundo, onde incluo os que me estão próximos. Talvez apenas o conforto de um chão mais seguro.

O meu interior é uma babel à espera de uma língua de fogo que interprete todos os idiomas que vou falando e ouvindo. Talvez só eu perceba a importância de tudo isto, talvez só eu descortine a relação entre um texto críptico e a frase que repito dominicalmente, porque não seria o que sou - ou o que procuro ser - se esquecesse a minha dimensão espiritual.

Sou o que digo, ou digo o que sou?     

Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de católico.  Um bom dia para todos.

JdB

***


EVANGELHO – Mc 13,24-32
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Naqueles dias, depois de uma grande aflição,
o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade;
as estrelas cairão do céu
e as forças que há nos céus serão abaladas.
Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens,
com grande poder e glória.
Ele mandará os Anjos,
para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais,
da extremidade da terra à extremidade do céu.
Aprendei a parábola da figueira:
quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas,
sabeis que o Verão está próximo.
Assim também, quando virdes acontecer estas coisas,
sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta.
Em verdade vos digo:
Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça.
Passará o céu e a terra,
mas as minhas palavras não passarão.
Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece:
nem os Anjos do Céu, nem o Filho;
só o Pai».

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