Aproveitando as boas
oportunidades que o acesso à net proporciona a um número galopante de cidadãos
no mundo, seguem duas sugestões de links a explorar. Parecem presentes de Natal antecipados, que vale a pena partilhar:
RIJSKS com o melhor site dos museus!
Antes de fechar para
obras, o museu de pintura de Amsterdão teve o cuidado de deixar disponível um
site fabuloso, onde se podem visualizar as obras-primas do seu valioso património
e, melhor ainda, descarregá-las, dar-lhes
novas configurações para as adaptar ao desktop, ipad ou a outros suportes
tecnológicos do nosso dia-a-dia: https://www.rijksmuseum.nl/en. Com um título apetitoso –
«Mergulhe na colecção» (Dive into the
collection), abrem-se várias opções: da visita virtual à possibilidade de personalizar
e recriar as telas clássicas do Museu (Create
your own Masterpiece), ou de explorar a biblioteca.
Segue um
artigo delicioso do Miguel Esteves Cardoso (MEC) a anunciar este feito do
Rijksmuseum com o humor que lhe conhecemos. Para facilitar, antecipa-se a tela
de Rembrandt referida pelo MEC:
«Auto-Retrato como
Apóstolo Paulo», Rembrandt, 1661.
Mas muitos
outros quadros nos aguardam neste espaço interactivo do Rijks, onde se esbarra logo
com mais Rembrandts (embora a maioria
esteja no Ermitage) e Vermeers:
A
célebre «Ronda da Noite», Rembrandt, 1642.
LEGENDA DO SITE DO RIJSK: Rembrandt’s largest,
most famous canvas was made for the Arquebusiers guild hall. This was one of
several halls of Amsterdam’s civic guard, the city’s militia and police. Rembrandt was the first to paint figures in a
group portrait actually doing something. The captain, dressed in black, is
telling his lieutenant to start the company marching. The guardsmen are getting
into formation. Rembrandt used the light to focus on particular details, like
the captain’s gesturing hand and the young girl in the foreground. She was the
company mascot.
«A leiteira», Johannes VERMEER, 1660.
LEGENDA DO SITE DO RIJSK: A maid concentrates
keenly as she pours milk from a jug. It is a quiet, tranquil scene. The only
movement is the flow of milk. Vermeer turned a simple composition of a prosaic
subject into an intense work of art. It is in the rendering of light that
Vermeer truly excelled, painting tiny dots for highlights, as on the bread and
the blue cloth.
«Rebeca e Isaac» ou “Casal
judeu», Rembrandt, 1665.
LEGENDA DO SITE DO RIJSK : It seems that Rembrandt painted his subjects as the biblical
couple, Isaac and Rebecca. Its popular name, the Jewish Bride, is a later
invention.
The portrait is painted with an extraordinarily free hand, as in the sleeve, where the paint is especially thick and shaped to reflect the light.
The portrait is painted with an extraordinarily free hand, as in the sleeve, where the paint is especially thick and shaped to reflect the light.
Miguel Esteves Cardoso
In Público – Segunda-feira,
5 de Novembro de 2012
Os olhos em
festa
O Rijksmuseum só reabre no dia 13 de
Abril. Apetecerá ir a Amsterdão só para ver como ficou e refrescar a vista com
os Rembrandts. Mas, enquanto não houver outra maneira de vê-las, o Rijksmuseum
acaba de estrear o site
mais espectacular dos últimos anos ( https://www.rijksmuseum.nl/en)
Tem todas as obras
de arte em alta definição - são cerca de 125 mil - e o motor de busca é exímio.
Deixa-nos fazer downloads das pinturas que quisermos.
Encoraja-nos a copiar fragmentos de pinturas para fazer colagens, papel de
parede, capas de iPad, tatuagens e outras tolices. Uma delas é adivinhar-nos o
gosto, através de cinco escolhas simples (você é mais anjo, dançarino ou
eremita?). Depois de respondermos, apresenta-nos uma selecção de obras. Eu fui
premiado com muitos bustos do Platão e pinturas de eremitas barbudos.
Gastou-se muito tempo e dinheiro a tornar o museu simpático. Hoje em dia toda a
publicidade parece dirigida a adolescentes ignorantes, sem vontade nenhuma de apreciar
as artes. Daí empregar-se o estilo "anda daí, meu - deixa o video-jogo e
vem curtir uns Vermeers". Dá-se o desconto. Por que não? Contornam-se bem
esses desafios a exercer a nossa criatividade retalhando obras-primas com os
nossos ratos para chegar às maravilhas desta verdadeiramente magnífica
colecção.
O Auto-Retrato como Apóstolo Paulo de Rembrandt já tinha 161
coraçõezinhos quando lá fui mas felizmente, quando se faz o download,
desaparecem, juntamente com o desenho da tesourinha vandalinha.
CURTA-METRAGEM memorável e portuguesa!
Na década do revivalismo
do mudo, depois do sucesso do filme francês «O ARTISTA» e do português «TABU»,
é incontornável a curta-metragem de Nuno Rocha, merecidamente premiada, a
contar a estória de um sem-abrigo, em flash-back – «MOMENTOS»(1).
A força da imagem
dispensa palavras. Comovente o confronto com uma vida que já foi o oposto, pelo
menos a nível afectivo, e que talvez ainda tenha possibilidade de ser
resgatada… Fica-nos essa vontade, apesar de tudo poder ficar-se apenas pela
alucinação onírica em que o protagonista se deixa embalar, arrebatado pelo
movimento de pessoas e paisagens sedutoras que disparam, de repente, no grande
ecrã de televisão, colado à vitrina da loja onde se abrigara naquela
noite.
Rodado em 2010, o filme pesa
também pela crescente actualidade. Sabíamos quanto o risco de empobrecimento
rápido era real nos EUA. Mas nem tanto na Europa, até há um par de anos. Ainda
assim, o foco de MOMENTOS centra-se no essencial: o que aquele homem é e, afinal,
sempre será, independentemente e muito para lá da sua actual circunstância de
abandono e marginalidade:
Se o cenário de reviravolta feliz não passar de uma
fantasia que se esfuma em instantes, já é alguma coisa que, ao menos, se possam
multiplicar momentos desses num dia-a-dia tão solitário e sofrido. De facto,
também o sonho tem o seu papel na vida, enquanto força luminosa ou porto de
abrigo – ainda que breve – numa viagem longa e desgastante para muitos, como
este sem-abrigo de rosto ossudo, onde ressaltam uns olhos de criança
desamparada. Talvez por isso, o sonho seja dos temas recorrentes na poesia
portuguesa, tela limpa e inspiradora dos artistas, como acreditam alguns dos nossos poetas:
«Pelo sonho é que vamos
Comovidos e mudos (…)
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
(Sebastião
da Gama, 1953)
«Eles não
sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer, (…)
É vinho, é espuma, é fermento,
Que fossa através de tudo,
Num perpétuo movimento. (…)
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre a mãos de uma criança.»
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre a mãos de uma criança.»
(«Pedra
Filosofal», António Gedeão, 1956)
Interpretação de «Pedra
Filosofal» por Carlos do Carmo:
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico,
para daqui a 2 semanas)
_____________
(1) Ficha
Técnica:
Título
original:
|
MOMENTOS
|
Realização:
|
Nuno Rocha
|
Argumento:
|
Nuno Rocha e
Victor Santos
|
Produçao:
|
Filmesdamente
|
Director de Fotografia:
|
Pedro Negrão
|
Som:
|
Duarte Ferreira
|
Banda sonora:
|
Tokyo Girl
|
Efeitos Especiais:
|
Jorge Carvalho
|
Duração:
|
7,21 min.
|
Ano:
|
2010
|
País:
|
Portugal
|
Elenco:
|
Rui Pena (sem-abrigo)
Valdemar Santos (2º sem-abrigo)
Ricardo Azevedo (3º sem-abrigo)
Ana Ferreira (mulher)
Débora Mineiro (filha)
|
Site oficial:
|
http://nunorocha.net/
|
Premiado internacionalmente.
Grécia: Audience Award - Naoussa International Film
Festival,
Cinematic
Achievement Award - Thess International Short Film Festival,
França: Audience Award - Honfleur Film Festival,
Portugal: Best
Short and Audience Award - Arouca Film Festival.
Bela agenda cultural logo para o início da semana... obrigada, MZ. Bjs. pcp
ResponderEliminarDe facto, há tantas opções giras que até ficamos atordoados... Bem giro isto de o mundo estar mais interligado através da net. Bjs, MZ
ResponderEliminar