08 abril 2013

Vai um gin do Peter’s?


Nos passeios a pé pelo centro de Lisboa, dá para descobrir tudo o que aparece de novo, assim como tudo o que vai fechando… A boa notícia é o painel em preto lustroso a revestir a esquina do início do segundo quarteirão da av. da Liberdade(1), descendo pelo lado esquerdo. Salta logo à vista por não ter nada a ver com os painéis indiferenciados, que escondem as fachadas desfeitas dos edifícios devolutos. Este, hiper decorativo, fala por si, com um leopardo a destacar-se no fundo escuro e liso, numa pose meia reclinada sobre a balaustrada de uma das pontes do Sena. Sentimo-nos em Paris. A marca quase dispensa ser nomeada. Discretamente, ficamos a perceber que a Cartier vai, em breve, animar Lisboa e completar as griffes da avenida.

Em 2007, teve uma exposição na Gulbenkian com as peças mais expressivas da sua longa história, desde 1847. Além da criatividade no design, impressionava a beleza das pequenas obras de arte em joalharia, com o expectável desfile de figuras do jet set mundial, a usar as obras-primas saídas do atelier do grande ourives parisiense. Apelidado pela família real britânica por o joalheiro do rei e o rei dos joalheiros («the jeweler of kings and the king of jewelers»), aos poucos tornaram-se os fornecedores oficiais das casas reinantes na Europa e na Ásia, dos magnatas, dos artistas que pululavam por Paris, e das estrelas de Hollywood. Filmes míticos exibiram o inconfundível estojo de pele encarnada ou faziam-lhe referência directa: «Sunset Boulevard», «Os Homens Preferem as Loiras» com Marilyn Monroe, e ainda «O Grande Gatsby» com Robert Redford e Mia Farrow.

No fim da I Guerra Mundial, em 1918, os dois heróis e Marechais de Campo franceses – Foch e Pétain – mereceram um bastão desenhado pela marca. Na II Guerra, apoiaram corajosamente a dissidência do General De Gaulles, fugido para Londres, onde organizou e liderou o Exército da França Livre. Com enorme sentido de humor, lançaram em 1942 o «Pássaro Enjaulado» e, em 1944, logo após a libertação de Paris: o «Pássaro Livre».

Acompanhando as inovações na pintura, foram os primeiros a incorporar a Art Deco na joalharia. As colecções inspiravam-se em temas, tendo-se algumas convertido em ex-libris da Casa, como a célebre panóplia de «bestiário», nos anos 40. Ali figurava, por exemplo, o alfinete da Pantera criado para a mulher do Duque de Windsor (que abdicou do trono, em 1936, para casar com a americana divorciada), Wallis Simpson. Note-se que o motivo da pantera remonta a 1914, quando o padrão começou a ser usado pela Cartier em modelos de relógios femininos.

As peças e as magníficas fotografias expostas na Gulbenkian faziam-nos viajar no espaço e no tempo, percorrendo épocas emblemáticas dos dois séculos passados e revelando-nos lugares espantosos do globo. Nesse sentido, não se estranha que o actual spot, se lance numa viagem de sonho (em todos os sentidos), acompanhando a passada veloz do leopardo que simboliza o universo Cartier, numa versão de globetrotter onde, a partir da sua Casa, no nº 13 da Rue de la Paix, mesmo junto à Place Vendôme, chega a todo o lado. Aliás, abarca todos os recantos da terra, reencontrando vestígios da marca nos locais mais remotos. O título do filme é épico, ou não fosse francês, que é um povo sem medo (do peso) das palavras. Assume-se, assim, como nada menos do que a «Odisseia da Cartier». Realizado por Bruno Aveillon, teve estreia mundial no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, a 29 de Fevereiro de 2012.

Evocando o mito de Pigmaleão – símbolo maior da arte, cuja beleza permite dotar de vida a própria obra – nos primeiros momentos da odisseia assistimos ao nascimento da jóia-felino, que começa a respirar, transcendendo a mera materialidade do mundo inanimado. Mal ascende ao reino dos vivos, parte à conquista de um planeta por onde ecoam as suas raízes, pois a aventura da sua vida revela-se universal.

Sugestivamente, a viagem termina no estojo, onde se guarda um sonho imenso. Uma verdadeira caixa de Pandora a albergar, na pequena caixa de pele encarnada, um horizonte de oportunidades e de beleza:





PORTUGAL VALE A PENA


Foi recentemente lançado pela AICEP, a Agência portuguesa responsável pelo Comércio e Investimento portugueses, o filme CHOOSE PORTUGAL, a divulgar as inúmeras vantagens deste país tão acolhedor. Dirigido ao investidor e turista estrangeiro, felizmente para nós, o filme tem tido uma avalanche de visualizações, sobretudo nos EUA, Reino Unido, França, Espanha e Brasil, estando já disponível em várias  línguas: 



JOGO DE GEOGRAFIA

Numa ideia muito pedagógica e de fácil acesso, há um link bem divertido que nos desafia a colocar no mapa do Próximo e do Médio Oriente os vários países da região. Para quem queira relembrar a geografia é um óptimo passatempo: 


http://www.rethinkingschools.org/just_fun/games/mapgame.html

De certo modo, são três viagens imperdíveis, de Paris ao Médio Oriente, passando pelo melhor de Portugal. Viajar é sempre o máximo, mesmo virtualmente...


Maria Zarco
(a  preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)
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(1) Lado nascente da avenida, no prédio devoluto há anos, na esquina com a av.Alexandre Herculano.

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