07 outubro 2013

Vai um gin do Peter’s?


Com bom humor e bastante simplicidade (que é como quem diz simplismo puro e duro) há umas dicas divertidas para um leigo, que esteja a milhas da pintura, passar a reconhecer alguns dos pintores mais emblemáticos da arte ocidental.

O início da tal mensagem não deixa dúvidas de que vamos mergulhar numa explicação hiper condensada, de ignorantes despachados para público equivalente, confirmando à letra o dito popular de que a ignorância costuma ser atrevida. Parece até favorecer maximamente o atrevimento… Não por acaso, os pintores merecem tratamento familiar, como se fossem do nosso círculo de conhecidos, num afã titânico para nos tornar peritos no património do Louvre, Hermitage, Capela Sixtina e lugares semelhantes. Tudo muito acessível, como calhava bem.

A suposta aula, que condensa 5 séculos de arte em dois minutos, tem saídas tão bem apanhadas, que vale a pena partilhá-la. O mais não seja pelas telas lindas que a ilustram, com legendas no tom festivo e informal dos brasileiros.

Quer aprender a reconhecer os pintores pelos quadros? Então, vamos ao que interessa.

 1) Se o fundo for escuro e toda gente estiver com ar de tortura, é do Ticiano:


 2) Se todo o mundo é rechonchudo, é do Rubens:


 3) Se os homens têm olhos de vaca e parecem donas-de-casa, é do Caravaggio:


 4) Se o quadro está apinhado de gente, que parece normal, é do Pieter Bruegel:


 5) Se todo o mundo parece um mendigo iluminado por um poste de rua, é do Rembrandt


6) Se o quadro tem (ou podia ter) cupidos e ovelhas, é do François Boucher: 


7) Se todos forem lindos, estiverem semi-nus e empilhados ou bem apertados, é do Michelangelo: 


8) Se tem bailarina, é do Degas: 


9) Se tudo é alongado, com muitos claros-escuros e homens barbudos de cara magra, é do El Greco: 


 10) Se todo o mundo parece o Vladimir Putin, é do Van Eyck: 


Nesta lógica infalível, bastantes mais pintores e museus caberiam: narizes e tudo o mais fora do sítio seria de Picasso, os sorrisos enigmáticos de Leonardo, as taitianas de Gauguin, o mundo aos quadradinhos de Vieira da Silva, as catedrais e os nenúfares de Monet, os monstros psicadélicos de Bosch, Paris com nevoeiro e chuva de Cézanne, o Moulin Rouge e toda a agitação da noite parisiense de Toulouse-Lautrec, a mania das frutas e dos legumes de Arcimboldo, gente entretida em pequenos hobbies em salas à meia-luz de Vermeer, etc. Não faltariam bons truques para preparar as pessoas mais incautas para uma visita-relâmpago às colecções de arte da Europa e dos Estados Unidos. Naturalmente que se contaria com um mínimo de boa vontade.

O final da tal lição acaba por ser a cereja no bolo, assumindo o objectivo (pueril e anedótico) de tentar impressionar o próximo, porque é disso que se trata: «Agora, qualquer um está preparado para arrasar num Museu». Leia-se arrasar no sentido mais literal do termo, e mesmo assim...

Entretanto, se houver folga para ver telas boas, mas menos conhecidas e sem truques, recomenda-se a dupla exposição (até 20 de Outubro) sobre a arte do reinado de D.João V, o rei do Convento de Mafra, que se desdobra entre o MNAA e S.Roque (1), com o título sugestivo «A Encomenda prodigiosa», aludindo à Capela Real de S.João Baptista, na Igreja  de S.Roque.

Maria Zarco
(a  preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)
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 (1) Links: 

2 comentários:

  1. Ri e apreciei... bem precisava. Obrigada.

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  2. De facto, os brasileiros têm uma forma gira e sugestiva de escrever. Penso que até será traduzido de um original em inglês. Mas foi bem transposto para a língua portuguesa. Abç, MZ

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