07 abril 2015

Duas últimas

Voámos e continuamos a voar em contramão. Há demasiado tempo. Em longo “Interregno”, como diria um amigo meu.

Os acidentes de percurso são conhecidos e os resultados a que se chegou também: a independência nacional diminuída, a troco de alguns milhares de milhões que foram chegando e desaparecendo sem mudar decisivamente o País, por incompetência, falta de seriedade ou outro motivo qualquer. Nos últimos tempos, a intervenção da troika para nos salvar da falência certa que nos estava prestes a ser servida.

A agora tão proclamada “ética republicana” não resolveu os problemas, nem os poderia resolver. O “conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana, individual ou colectiva, na sociedade” não se vislumbra nesta república dos casos e mais casos. É precisa grande dose de desfaçatez para invocar a “ética” nesta barafunda. E a palavra “republicana” está manifestamente a mais….

O problema é de representação política. Que nos tempos actuais sentimos estar cada vez mais distante dos cidadãos, das famílias. O regime construiu-se e blindou-se a ele próprio, proibindo alternativas. Defendido à prova de bala pela preciosa Constituição de 76.

Os valores permanentes precisam de instituições perenes, não de políticas do momento. Precisam do exemplo agregador. Caso contrário tenderão a desaparecer, e imperará o relativismo a respeito de tudo e mais alguma coisa, do principal ao acessório. Até que outros venham pôr ordem na casa. Porque virão, se não mudarmos. Será uma questão de tempo.

Espero que apreciem, se não o texto, ao menos a música.


fq

2 comentários:

  1. Excelente manifesto político que apreciei, confesso, mais do que a música. A qualidade do conjunto é, como sempre inigualável.

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  2. O texto, porque é ressonância de sentimentos que não se revêem na indignidade e indecência a que este país, retalhado tem sido vendido a retalho incluindo os seus cidadãos, sob os todos os pontos de vista.

    A música, pq no contexto actual, só a arte ainda denuncia a imoralidade, a anomia e a desumanização social.

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