21 maio 2018

Duas Últimas

No que diz respeito às minhas escolhas musicais, grande parte das vezes sou um homem precocemente velho; grande parte das vezes sou um homem triste. Talvez na totalidade das vezes - embora a equação matemática esteja completamente errada, porque a soma das partes não pode ser maior do que as partes juntas - eu seja um homem velho e triste. A música feliz não me contenta, a música triste não me entristece. 

O momento mais alegre do casamento real foi protagonizado pelo coro que cantou Stand By Me em versão gospel. Não gostei, não porque fosse alegre ou fosse um gospel, mas porque o ritmo me pareceu pouco gospeliano. Faltava-lhe ali, na minha opinião, um ritmo mais acentuado. No sentido oposto, o momento mais triste foi magnificamente protagonizado por um jovem violoncelista, um absoluto talento da Serra Leoa, por aquilo que li. Será visita do estabelecimento, um destes dias.

Na minha cabeça musical de velho e triste há uma solenidade / espiritualidade / recolhimento num casamento daquele tipo que tem de ser dado por um ritmo que seja igualmente solene, espiritual e propício ao recolhimento. Nesse sentido a selecção musical merece nota máxima. 

Deixo-vos com um canto muito bonito, não triste, mas propício à elevação. O coro é magistral, as filmagens idem idem aspas aspas. Talvez haja gente com ar maçado no casamento, como haverá gente com ar maçado que parará a música 30 segundos depois dela ter começado. É assim - caso eu quisesse maior unanimidade ia para a Coreia do Norte.

The Lord Bless You and Keep You. Um bom desejo para quem casou este sábado, ou para quem casou ontem mas há dois anos, ou para quem casou há mais tempo ou para quem vive tempos mais difíceis ou mais felizes. No fundo no fundo, para todos.

JdB

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