07 outubro 2020

Vai um gin do Peter’s ?

O MAIOR HOTEL LITERÁRIO DO MUNDO FICA PERTO DE LISBOA

À maneira das boas histórias, esta também nasceu num sítio lindo, com passado rico ideal para favorecer um futuro auspicioso. Por isso, o hotel mais literário do mundo instalou-se no interior das muralhas de Óbidos, mesmo ao pé do castelo, aproveitando a matriz arquitectónica de um antigo convento de 1830, já fora de uso. 

O castelo, a porta principal das muralhas e o recorte azul-e-verde da lagoa de Óbidos.


À vista das muralhas, o hotel temático abriu em 2015, no local onde funcionara o Hotel Estalagem do Convento.  A cozinha (à dta.) é lugar de visita obrigatória.

No projecto do casal Marta Garcia e Telmo Faria, os livros assumem o lugar de honra e invadem todo o espaço do THE LITERARY MAN ÓBIDOS HOTEL, pelo que a decoração se organiza em torno das abertas deixadas pelos encadernados de todos os tamanhos, muitos em inglês, num acervo de mais de 45 mil volumes, que continua a crescer. Já é o maior hotel-biblioteca do mundo. Os escritores portugueses estão logo perto da entrada, em lugar visível. 

Sala-de-jantar

No intervalo dos livros, há escadarias, a garrafeira, a despensa, algumas prateleiras para garrafas e copos, num ambiente que se pretende descontraído e familiar.

Na cozinha, os visitantes podem participar na feitura da refeição, numa experiência de book and cook para praticarem as ementas tradicionais do chefe, numa ementa também carregada de história.

A decoração é sóbria e usa materiais reciclados, a somar aos azulejos, colunas de pedra e outras estruturas herdadas do convento oitocentista:

Numa das suites, dominam os painéis das réguas de madeira mesclada, feita a partir de aparas e desperdícios.

O sucesso deste projecto seguiu-se ao de outro hotel – o «Rio de Prado The Maker Man» -- a dar para um jardim, que se estende a um pomar e também acumula livros para os visitantes aproveitarem. Mas as actividades ao ar livre serão das principais atracções, a começar pela jardinagem. No restaurante deste hotel, a comida vem do prado para o prato.    




Por último, veio a casa de pasto «The History Man».  Não que faltassem restaurantes aos dois hotéis do casal, mas este concentra-se mesmo na sala de jantar e nas mesas da esplanada. Porém, o mérito começa na cozinha sempre aberta ao talento das visitas para uma patuscada divertida e cheia de bons sabores (espera-se).  Aqui, impera a tradição dos antecessores dos restaurantes, privilegiando-se os produtos frescos da época e da região: as batatas da várzea vêm da Amoreira e de Olho Marinho, os legumes são do Arelho, as frutas da Usseira, as cebolas do Sobral e por aí fora. 


Há umas décadas, o Turismo de Portugal lançou o slogan «Vá para fora cá dentro», para entusiasmar os portugueses a descobrirem e gozarem o país. Longe iam as restrições ao avião e às viagens longínquas, por recomendação sanitária. Hoje, há razões redobradas para ver e rever Portugal. Sítios giros não faltam. Haja tempo e condições para os (re)descobrir.

Maria Zarco

(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

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