VIAGEM AO ESPLENDOR DO PASSADO
Através do digital, tem sido possível viajar no espaço e visitar museus longínquos, ouvir óperas nas melhores salas de concerto do mundo, assistir a peças de teatro ou a exposições noutras capitais, sem sair de casa.
A seguradora australiana Budget Direct Insurance resolveu oferecer aos concidadãos do mundo uma viagem no tempo para dar a conhecer 6 dos melhores monumentos da Antiguidade e do Renascimento, como se tivéssemos vivido na época em que eram gloriosos e deslumbravam na paisagem dessas eras remotas. Hoje, desfigurados pela corrosão do tempo e de outras agressões, integram a lista que a UNESCO designada de ‘Património Mundial Em Perigo’.
Com a ajuda dos arquitectos Jelena Popovic (nascida na capital da Sérvia) e Keremcan Kirilmaz (turco) e do designer industrial Erdem Batirbek (turco), avançou-se para a reconstrução digital de 6 locais lendários, à beira do colapso e já bastante irreconhecíveis. As imagens interactivas partem das ruínas da actualidade para a beleza da edificação de origem, num recuo temporal que resulta num progresso qualitativo a nível artístico e cultural.
Compreensivelmente, vários desses monumentos pertenceram às civilizações pujantes da bacia do Mediterrâneo, com o Próximo e o Médio Oriente em destaque. Tratando-se de uma amostragem simbólica, houve o cuidado de incluir também o Novo Mundo e lugares menos conhecidos do Pacífico.
A viagem começa na cidade líbia Leptis Magnum, iniciada pelo Imperador Septimius Severus e posteriormente desenvolvida pelo filho. Leptis chegou a ser a terceira maior metrópole africana do Império Romano, depois de Cartagena e Alexandria. Equipada com as melhores edificações imperiais, o teatro terá sido a joia da urbe. Beneficiava de um anfiteatro em semi-círculo e, do lado cénico, de um pórtico assinalado por uma colunata em pedra e cimento, que dava para um jardim e um templo. Seguindo a tipologia de Roma, replica edifícios que se vêem noutras paragens do Mediterrâneo, como Éfeso, por exemplo.
Avançando para Leste, recuamos ao tempo da Cidade Velha de Jerusalém com o seu lendário Muro das Lamentações ou o santuário muçulmano Cúpula da Rocha, construído no final do séc.VII sobre o Monte do Templo para abrigar uma das principais relíquias maometanas – a Pedra Fundamental. Mais recentemente, a cúpula foi revestida pela coberta dourada que ainda hoje sobressai na linha do horizonte. Mas como estaria demarcada a Cidade Velha?
No Iraque, a fortaleza de Hatra merece destaque, localizada no interior de uma portentosa muralha. Construída no séc.III A.C. protegia a capital do primeiro Reino da Arábia. Mas, ao cabo de 6 séculos, foi quase arrasada, acabando por ser abandonada e esquecida até à sua redescoberta, já no século XIX:
No complexo arquitectónico de Palmira, na Síria, brilhava o Templo de Bel. Desde o século I que sobrevivia em relativo bom estado, até ser conquistado e dinamitado pelos facínoras do DAESH, há um par de anos, restando apenas uma secção da colunata exterior. Ficou para os anais da guerra criminosa – que, desde 2011, massacra a população síria e o seu valioso património histórico – o heroísmo do director do Museu de Palmira, Khaled al-Asaad, barbaramente torturado para revelar o local onde escondera os artefactos mais valiosos do Templo, que serviriam para ajudar a financiar as acções terroristas dos seus torcionários. Ao 82 anos, Khaled acabou por sucumbir, mas não desvendou o esconderijo.
Nos Estados Federados da Micronésia, em pleno Pacífico, os indígenas criaram ilhéus artificiais com basalto e coral, para expandir as ilhas maiores. Nas novas ramificações conquistadas ao oceano, destaca-se Nan Madol, na ilha Temwen, que já esteve povoada de casas, palacetes, templos, sepulturas, num conglomerado conhecido por “cidade sobre a água”. A sua condição quase flutuante tem dificultado a preservação:
No outro lado do Atlântico, as fortificações de Portobelo e San Lorenzo, no Panamá, são resquícios garbosos da colonização espanhola, do final do século XVI. Pertencem à linha de fortalezas da costa caribenha, destinada a proteger o comércio intercontinental. Aquela malha defensiva revela a evolução da arquitectura militar espanhola, muitas vezes habilmente encrustada na orla costeira. Ao longo de dois séculos, progrediu do medieval para o neoclássico, como é visível nestas edificações:
São fantásticas as novas ferramentas do nosso tempo, para dar maior alcance às boas ideias e aos gestos generosos (esses, de todos os tempos)! Alguma imaginação e o bom trabalho de equipa patrocinado pela Budget Direct conseguiu viabilizar estas incursões fabulosas ao melhor do passado, permitindo-nos… ter lá estado.
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)
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